Capítulo 12: Lembranças de um beijo

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Juliette entrou em casa correndo rumo ao seu quarto. Ela deveria ir devagar, mas não foi. Seu coração pulava no peito e ela percorreu o caminho inteiro a largos passos para chegar o quanto antes.

Ruth a vendo chegar com um semblante tão afetado, imaginou que algo aconteceu a sua senhora e foi até seu quarto.

Bateu na porta e Juliette mandou que ela entrasse. Ruth achou Juliette com as mãos sobre a barriga, seu olhar era para o teto, sua respiração era rápida e seu rosto estava vermelho.

- O quê houve para estar nesse estado?

Juliette sentou-se na cama e fez um gesto para que Ruth também sentasse com ela.

- Ruth... - ela disse e suspirou. - eu fui beijada. Beijada na boca.

- Juliette. Por Deus. Está as vésperas de se casar e beijou outro homem na boca. - ela disse em pânico.

- Ruth... Não beijei outro homem. Foi meu futuro marido quem me beijou.

- ele esteve aqui de novo?

- sim... Chegou de repente e falou de cor uma parte de um poema de Shakespeare.

- Juliette... Ele tá gostando de ti.

- não sei Ruth. Talvez esteja tentando me conquistar.

- me conte mais sobre como se deu isso.

- ele chegou e estava toda cheio de poeira e terra, manco de um pé por que sofreu uma queda de cavalo. Eu lhe ofereci água e sentamos um ao lado do outro, estávamos conversando e foi quando falei de ti.

- falou de mim?

- sim... Ele aceitou que eu te leve. Aí foi quando ele tocou meu rosto e depois com o polegar fez carinho nos meus lábios. Ah Ruth...

- nossa... Ele parece ser bem carinhoso.

- ele é um patife, mas ele é carinhoso sim. Ele pediu para que eu o impedisse, mas eu não queria. Eu quis aquele beijo Ruth.

- está apaixonada por ele?

- não tenho ideia, mas dos beijos eu gostei.

- e foi mais que um?

- foram dois. Aaaah... Eu sei que posso sofrer tanto Ruth.

- não pense dessa forma. Ele não te fará sofrer. Agora posso te falar que não. Esse homem está gostando muito de ti.

- não confio nele. Ainda não consigo.

- e por que aceitou que ele te beijasse?

- por que ele é atraente e por que eu nunca havia beijado, quis experimentar.

- não foi só por isso, mas se quer se prender a isso para se sentir melhor, se prenda. Mas saiba, ele vai querer muito mais de ti.

- eu também posso querer muito mais dele sem amá-lo. Ou não posso?

- não faça isso contigo.

- não quero e não preciso sentir amor por ele. Quando ele começar a me abandonar, quem sabe grávida, eu vou sofrer muito mais se o amar. Mas ao mesmo tempo sei que devo ceder por que se ele fizer um filhinho em mim, nunca mais me sentirei sozinha.

- então não quer amá-lo, quer usá-lo para satisfazer seus sonhos?

- ele disse que não me nega nada. Que eu posso pedir o quê quiser.

- faça como quiser... Mas se ele estiver gostando de ti de verdade sofrerá um pouco contigo.

- talvez Ruth. Talvez...

...

Enquanto isso Rodolffo seguia sua viagem solitária de volta a terra natal. Seu pensamento até tentava pensar em outra coisa, mas as lembranças daqueles beijos eram tão boas, que nada ocupava o seu lugar. Ele estava maravilhado.

Pelo menos os beijos ela havia aceitado, um dia quem sabe ela aceitasse recebê-lo por completo em seu coração e também em sua cama.

Aquela promessa de não tocá-la era inviável. Mesmo sabendo que ela era virgem e que ele nem sabia como agir com uma, o desejo pulsava dentro dele. Mas ele sabia que ela tinha que estar na mesma sintonia para que acontecesse, nunca a forçaria a estar com ele por tradições ou coisas assim. Rodolffo quer que ela se entregue, deseja ouvir dos seus lábios que o aceita e antes disso acontecer muitas coisas ainda precisam acontecer e uma delas é a conquista da confiança e da admiração dela. 

...

Exausto e com muita fome, ele chegou em casa após 5 horas de viagem. Seu cavalo não aguentava mais um pique tão rápido e ele tinha que respeitar os limites de seu companheiro.

Ao passar pela sala viu suas irmãs tocando piano. Sua mãe não estava por perto, mas seu pai o mirou assim que eles se viram.

- preciso falar contigo. - disse o visconde.

- pai estou bem cansado, sujo e com fome, não pode esperar um pouco?

- não. Venha aqui agora.

Ele seguiu o pai e esperou que Juarez introduzisse o assunto.

- o quê pensa que está fazendo indo frequentemente a Cambridge?

- pai... Eu fui ver minha noiva.

- por que tem a necessidade tão urgente de vê-la? Daqui a uma semana estarão casados. Será que não consegue ter um pouco de paciência?

- não consigo. E não se admire se ainda for lá semana que vem. A culpa disso é toda sua.

- por que é minha?

- me apresentou para ela e eu estou gostando tanto daquela pequena que só Deus para me ajudar a não voltar lá e carregá-la comigo.

- por Deus, não me faça uma coisa dessas. - ele disse arregalando os olhos. - não ouse Rodolffo. Ela não é como as mulheres que tu já ficou. Tenha censo.

- eu sei meu pai. Só me dê um conselho positivo. De que ela vai gostar de mim um dia... Que vai me aceitar... E que no fim tudo dará certo. É só isso que quero ouvir hoje. - seus olhos estavam cheios de lágrimas.

- está mesmo gostando tanto dela assim?

- estou.

- então, faça por onde que essa jovem confie em ti. Vire um homem de valor que a mereça, só assim ela irá te amar.

- obrigado pai. Eu sei que seus meios tortos não são os mais adequados, mas tudo o quê eu quero é que possamos ter uma vida juntos. Uma vida feliz.

- eu sabia que um dia eu acertaria com você. Demorou, mas chegou.

Rodolffo ia saindo, quando seu pai por fim lhe disse.

- ela vai gostar de ti... Ela vai te aceitar... Te amará e no fim, tudo ficará bem.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Rodolffo e ele saiu em direção ao seu quarto.

...


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