01° capítulo

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Decidimos que 2017 seria o nosso ano e assim o faremos. No começo do ano compramos nosso apartamento novinho, com nosso próprio dinheiro, decorado e feito do jeitinho que queríamos. O consultório onde trabalho está sendo cada vez mais procurado, o que me deixa muito feliz, já que aqui na Alemanha nós não somos conhecidos por nossos pais ou pela banda, bem pela banda sim, mas as fãs parecem ter se acostumado com as nossas presenças pelas ruas.
Mesmo estando juntos há mais de 3 anos, Georg e eu fomos "vistos" pouquíssimas vezes. A decisão de nos mudarmos para cá foi dele, mas eu aceitei de bom grado depois de tantas polêmicas e confusões envolvendo todos nós. Olho para as luzes da cidade que começam a acender logo que a minha última paciente acaba de sair. Ouço batidas na porta, mas já sei quem é.
- Dra Celine? - diz, entrando em minha sala.
- Estamos sozinhas, Sofie, pode me tratar normalmente. - digo a ela.
- Essa foi a última. Pode me dar uma carona? - pergunta, fechando meu laptop e juntando minhas coisas.
- Posso sim. Não precisa fazer isso. - falo, pegando minha bolsa de sua mão, colocando meus pertences dentro dela.
- Eu sou sua recepcionista. - ela está brigando comigo?
- e não a minha empregada. Que mania.
- Vão mesmo viajar? - pergunta, indo em direção a porta.
- Ele quer viajar, e você sabe que eu não nego uma viagem. - respondo-a, tirando meu jaleco, colocando-o em meu armário.
- E sobre a turnê? Vai mesmo com ele? - ela sai da sala antes, e eu fecho a porta logo atrás de mim, trancando-a.
Caminhando pelos corredores do consultório, indo em direção a saída continuamos nossa conversa.
- Eu não poderia dizer que não, Sofie. Primeiro porque eu e Tom já não temos mais nada há mais de 7 anos, e também, que mal teria? Estarei de férias. - digo, dando de ombros.

Deixo Sofie em frente a sua casa, que é no mesmo caminho que a minha, apenas uns quatro quarteirões antes. Uma das coisas que não me conquistou em Berlim foi o trânsito, um trajeto que duraria uns 15 minutos se transforma em meia hora.
Estaciono meu carro na garagem do prédio, pegando o elevador para que me deixe no nosso andar. Ao destrancar a porta, sou recebida por Buddy e todo seu amor para comigo.
- Oi pequenino. - digo, retribuindo seus carinhos. Sinto um cheiro bom vindo da cozinha, mas sei que deve ter sido algo que estava congelado, Georg é um perigo na cozinha. Me dirijo até ele, que está lavando a louça, de costas para mim. Senti sua falta o dia todo. Chego por trás e lhe deixo um beijo bem abaixo de sua orelha, que faz com que ele se arrepie.
- Sabia que ia fazer isso. - me responde sorrindo. O abraço por uns minutos e ele deixa um beijo em minha bochecha.
- Como foi o seu dia? - pergunta, tentando me olhar atrás dele.
- Foi corrido. Acho que atendi uns cinco pacientes, por conta da nossa viagem esse fim de semana. - digo, mexendo a massa que estava no fogo.
A Suíça é um dos nossos lugares favoritos, sempre voltamos lá quando estamos de férias, principalmente no inverno. Uma coisa que Georg e eu temos em comum é o amor por viajar, por conhecer novos lugares, novas culturas e com o Buddy, parece ser ainda melhor.
- Já arrumei as minhas malas. Se quiser, posso arrumar as suas. - diz, enxugando suas mãos.
- Se não for atrapalhar em seus trabalhos. - digo, desligando a massa que agora estava pronta.
- Sabe que nada que seja pra você me atrapalha. - ele sempre me diz isso, mas eu sempre acho que ele faz muito por mim.
- Pode terminar sozinho? - aponto para o fogão com o queixo. - quero muito tomar um banho.
- Pode ir, eu termino de esquentar.
- Só tenta não deixar queimar. - digo dando risada, seguindo para o nosso quarto.
Incrível ver que ele não é bagunceiro, ou pelo menos nunca foi aqui em casa. Separo um pijama para usar, deixando-o em cima da cama, facilitando para quando eu terminar o meu banho. Daqui, consigo ouvir ele brincando com Buddy, e me pego pensando no quanto somos felizes, só nós três.
Entrando no banheiro, tomo meu banho calmo, mas não muito demorado, a fome está maior que eu nesse exato momento. Visto meu pijama e enrolo meu cabelo em uma toalha, seguindo até a cozinha.
- Que cheiro bom. - ele diz, me olhando enquanto põe a mesa.
- Gostou? - digo, indo lhe ajudar a montar o que faltava.
- Demais. - sinto ele me puxar pela cintura, me virando para que nossos corpos fiquem frente a frente.
- Te amo. - ele diz, e me beija, já sabendo qual seria a minha resposta.
- Estou faminta. - digo assim que ele me solta, colocando o fettuccine em nossos pratos.
Sentamos à mesa, oramos e agradecemos por mais um dia, pelo alimento em nossa casa e por outras coisas. Detalhes que aprendi com ele e que nós mantivemos até os dias de hoje, sempre jantamos juntos, nunca houve um só dia em que jantamos separados.
Buddy fica por aqui, ao redor da mesa, implorando para que caia alguma migalha no chão e ele possa ir correndo devorar. Meu celular vibra em cima da mesa e por coincidência, o laptop dele também apita, sinalizando que alguém está ligando para ele pelo Skype. Georg se levanta, pega o laptop em suas mãos e o trás até a mesa, colocando-o em cima dela.
- É Bill.
Ah, Bill. Meu coração acelera, estou morrendo de saudades dele, já faz uns seis meses que não nos vimos pessoalmente. Georg atende, e logo a imagem do Kaulitz número 2 aparece.
- Hello! - ele praticamente grita.
- Hi Bill. - Georg fala.
- Friend! Hi! - digo, dando um tchauzinho com uma mão e com a outra continuo comendo.
- Amiga, você está horrível. - diz, debochando de mim. Ele tem razão, está me ligando depois de um dia exaustivo no consultório, sem maquiagem, de pijama velho e com uma tolha enrolada na cabeça.
- também senti sua falta, Queen B. Já jantou? - pergunto.
- Cely, ainda são 11 horas. - ele me responde, fazendo com que eu me lembre que estamos em fuso horários diferentes. Olho para o relógio e são 20:09. Quando eu comecei a dormir tão cedo assim?
- Ah, desculpe, esqueci.
- Vai fazer live? Não lembro de termos combinado. - Georg atrapalha minha fala.
- Não, só liguei para saber se vocês já viram minha foto nova no Instagram. - Diz, jogando seus cabelos, que agora estão curtinhos.
- É sério que era isso? - Georg pergunta, revirando os olhos para ele.
Esse fettuccine está maravilhoso, a fome que eu estava mal me deixa falar. Continuo comendo enquanto vejo eles conversando.
- liguei também para ver vocês, e perguntar se está tudo certo para a próxima semana. Já reservaram as passagens? Você sempre se atrasa, Georg. - Bill diz, fazendo cara de bravo.
- Sim, já fiz isso, Queen B. - diz, dando mais uma garfada em seu prato.
- pode me dizer o porquê não me atendeu? Foi mal não ter ido ontem.
A voz e a silhueta que passa depressa me dizem que era Tom falando ao telefone, falando com uma das dezenas de mulheres que ele vive acompanhado, com certeza.
- Eu estou em ligação, para de me atrapalhar. - Bill grita com o irmão.
- Vai tomar no seu cu, Bill. - Tom o responde.
- Então, era só isso que eu queria saber mesmo. Vão lá curtir minhas fotos.
- Tá - digo, dando risada.
- Vejo vocês na próxima semana. Amo vocês, beijinhos. - Bill se despede, e encerra a ligação antes mesmo que possamos nos despedir.
Georg fecha o laptop, e continua comendo o que falta em seu prato. Assim que acabo, levanto-me, seguindo para a cozinha para lavar as louças que estavam ali do jantar. Quando estou acabando, ele deixa seu prato para que eu lave, mas não o culpo, a ligação de Bill o fez "atrasar" sua janta. Me lembro de Tom passando rápido logo atrás de seu irmão. A voz continua a mesma, mas pelo que vi agora está de barba e cabelos grandes, bem diferente do rostinho lisinho de seus 20 anos.
- Eu daria tudo pra saber o que você está pensando. - Georg diz, me fazendo dar um pulinho de susto.
- nada importante. - digo, terminando a louça.

Agora no banheiro de nosso quarto, começo a secar o meu cabelo com o secador, enquanto ele está trabalhando com seu notebook. Daqui só consigo ouvir o barulhos das teclas e o som estrondoso do secador. Preciso de um secador novo. Quando acabo, ele já está dormindo e decido não acorda-lo, deve estar cansado. Me deito ao seu lado, fazendo o mínimo de barulho e movimento possível, o relógio na cabeceira me mostra que são 22 horas. Essas horas, em Los Angeles eu estaria em alguma boate lotada ou saindo de casa com as irmãs ou os gêmeos. Desde que Ash e Bill terminaram, há uns 5 anos atrás, não tive mais contato com ela ou com sua irmã. Nunca a perdoei por ter escondido aquilo de mim, e Amy com certeza ficou ao lado de sua irmã.




𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora