Subo depressa até o meu quarto, pegando minha mala de roupas íntimas, repleta de lingeries novinhas, agradecendo a Deus por ter comprado várias para essa turnê. Deixo ela em cima de minha cama, totalmente aberta para que eu possa ver todas as minhas opções, mas antes que eu possa escolher, sigo para tomar banho. Se vocês estivessem no quarto, com certeza iriam ouvir o barulho da lâmina de barbear batendo no vidro do box. Me julguem, mas estou indo com as piores intenções possíveis para encontrá-lo. Assim que acabo, enrolo meus cabelos em uma toalha e visto o roupão do hotel. Quando chego em meu quarto, dou de cara com Tom, sentado na cama, bisbilhotando na minha mala.- Meu Deus! - digo assustada por vê-lo ali. - Você está tentando me matar? - pergunto, fingindo estar brava.
- Agora você usa? - ele pergunta, balançando um sutiã de renda vermelha na ponta de seu dedo. Tenho um déjà vu, lembrando de 2010, quando estávamos em meu antigo apartamento e ele abriu a minha gaveta pela primeira vez em busca de uma calcinha para mim.- Você continua invadindo o quarto das pessoas? - rebato a sua pergunta, pegando o sutiã de suas mãos. Me recordo que estava raspando as pernas a cinco minutos atrás e fico nervosa de imaginar que ele pode ter escutado.
- Há quanto tempo está aqui? - pergunto, colocando a peça de volta à mala, fechando-a.
- Acabei de chegar. - ele diz, cruzando os braços. Ouvir isso me faz relaxar, mas para a minha tristeza ele continua. - Não é como se eu tivesse escutado o barbeador batendo no box. - diz, dando uma risada alta, cobrindo a boca com a mão. Acho que em todos os meus longos anos de vida, essa é a maior vergonha que já passei.- Ok, acho que vou ali, pular da janela. - digo, passando ao seu lado. Quando estou próxima o suficiente dele, ele me puxa para seu colo, ainda morrendo de rir.
- Que besteira, Cely. Já te vi fazendo coisas piores. - fala, tentando me convencer.
- Ah, é? Tipo o que? - pergunto cruzando os braços, olhando pra ele.
- Sei lá, já te vi fazendo tanta coisa. De tanto jeito. - Ele fala enquanto aproxima seu rosto do meu, ficando apenas alguns centímetros longe de mim.- Mas... - ele começa a falar enquanto me tira de cima de seu colo, colocando-me sentada na cama. - Você disse que a gente precisava conversar. E aqui estou eu.
Ah, pronto. Conversar. Tom quer conversar quando isso era a última coisa que passava pela minha cabeça, mas conhecendo-o, sei que se não nos resolvermos agora, depois disso também não vai rolar.
- Posso colocar uma roupa? Pelo menos. - pergunto.
- Eu iria agradecer. Está tirando toda a minha linha de raciocínio desse jeito. - diz, enquanto se vira, ficando de costas para mim. Pego um conjunto preto de renda, com um sutiã meia taça que realça meus seios e uma calcinha fio dental, uma das que comprei quando visitamos o Brasil meses atrás.- Precisamos falar sobre quando você foi embora. - ele diz, olhando na direção da janela.
- Na vergonha em rede nacional que passei ao ver aquelas fotos e ser exposta daquele jeito.
- Fotos que foram tiradas quando estávamos SOLTEIROS. - continuou.
- Sim, poucos dias após um acidente gravíssimo que me fez perder um bebê. - digo enquanto fecho o sutiã.
- Que, por coincidência, também era meu filho. Acredita? - ele me pergunta em tom de deboche.
- E você não pôde esperar o luto que a mãe dele passou. Tinha que enfiar esse seu pau nervosinho em alguém. - termino de vestir a calcinha.
- Isso porque a mãe dele era uma garotinha mimada, que nunca soube ficar e conversar sobre os problemas. Porque é assim que se resolve as coisas. Ainda bem que é fisioterapeuta e não psicóloga. - Essa última frase foi praticamente um sussurro e não estou acreditando que ele teve a audácia de dizer algo assim. Dou a volta na cama, parando na frente dele enquanto coloco meus braços na cintura. Ao fazer isso, ele começa a rir.- Ta parecendo uma xícara assim. - ele diz. Faço uma cara de brava, tentando segurar minha postura, mas louca pra rir do que ele disse.
- Uma xícara brava, mas uma bela xícara. - Tom envolve seus braços em volta da minha cintura e me puxa mais uma vez para seu colo, me fazendo sentar em cima dele, que está na beirada da cama, com os pés encostados no chão.
- Mas eu ainda prefiro o que posso beber dela. - e eu entendo o que quis dizer com isso. Só com essas palavras de duplo sentido, consigo sentir a minha calcinha encharcar.
Não consigo me controlar mais, começo a beijar seu pescoço, deixar leves mordidas e chupões, sentindo sua mão puxar meus cabelos.- Cely... A gente não ia conversar antes? Pra se resolver - ele tenta me parar.
- Então me beija até a gente se resolver. - digo isso, praticamente colando nossos lábios e sou atendida imediatamente, de modo selvagem. Beijos que parecem me devorar e me dar vida ao mesmo tempo. Tantos anos depois, tantas coisas depois, tantas pessoas depois e aqui estamos nós, no lugar de onde nunca deveríamos ter saído. Revivendo coisas que não deveriam ter ficado apenas em nossas memórias, tanta coisa foi perdida nesses sete anos afastados, a gente perdeu tanto tempo brigando, quando na verdade deveríamos ter resolvido todas aquelas bobagens do jeito que a gente sabia: se amando.
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𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜
FanfictionContinuação da fanfic Eu vejo você. Onde conto a história de amor entre Cely e Tom que acaba após uma aposta feita por ele junto com seu melhor amigo. Um romance mal acabado pode ressurgir e abalar uma vida inteira. Se Cely tivesse que escolher, que...