45° capítulo

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O silêncio de poucos minutos é ensurdecedor aqui nesse apartamento, me deixando angustiada.

- E o teste? - Bill pergunta, incrédulo.
- Um falso positivo. - digo, enquanto vejo Tom saindo em direção ao meu quarto. Eu sei que ele não está bem e eu preciso fazer alguma coisa por ele.

- Como ele reagiu? - seu irmão me perguntou.
- Assim... - digo, apontando para o caminho que ele fez. - Me abraçou, ficou comigo durante todo o desfecho, chorou... - respiro fundo, tentando contar. - Mas se fechou. De novo.
- Não deve ter sido fácil para vocês. - Sofie diz, decepcionada. Sei que todos estão assim, o que sinto é como se eu tivesse falhado em uma missão que era só minha: ser mãe.
- E depois? O que a médica disse? - Bill pergunta, enquanto tiro as amarrações da minha sandália, sentada ao seu lado.

- Ela indicou a retirada do diu, já que a reação de Tom foi tão devastadora. - digo, olhando para eles. - Ele parecia realmente querer isso, sabe?
- Vocês não tiveram chance de aproveitar o primeiro bebê, e ele se culpa por isso até hoje. Só eu sei o que meu irmão passou. - Bill diz, mostrando tristeza em sua voz.
- Eu sei disso. Por isso me dói vê-lo assim. - digo, saindo dali. Ao entrar no quarto, ouço o barulho do chuveiro ligado, que me diz que Tom está tomando banho. Entro de mansinho, sentando no vaso enquanto o observo tomar banho.

- Eu sei que está me olhando. - ele diz, de costas para mim. Suas mãos passam pelos cabelos molhados, tirando a espuma que havia neles, de um modo sensual e lento.
- Com os mesmos olhos. - digo, tentando anima-lo.
- Como você está? - ele pergunta, me deixando surpresa. Mesmo extremamente decepcionado, ele ainda se preocupa comigo.
- Estou bem. - minto. - Não perdemos nada nessa vez, meu amor. - ele se vira, para que possa olhar para mim.
- Eu sinto que agora está doendo mais do que da primeira vez. - diz, desabafando. - Na primeira vez foi muito rápido, eu não sabia e talvez não tive tanto tempo para digerir. Só que agora... Foi diferente, sabe? Eu realmente estava pronto para ser pai, eu tinha aceitado e eu tava gostando, porra.

Seu desabafo não é para mim, é para Deus. Como se ele estivesse brigando e contando como se sente ao mesmo tempo. Parece que ele sente ainda mais que eu.

Tom desliga o chuveiro, saindo de dentro do box. Pego um dos roupões de visita, ajudando-o a vestir. Tocando as pontas de meus dedos em seu corpo, demonstrando que estou ali e que o amo.

- Eu quero te mostrar um lugar. - digo, abraçando-o. - Mas eu preciso trocar de roupa.
O vestido soltinho não é o traje apropriado para onde vou levá-lo, o vento certamente me deixaria nua lá em cima.

- Vamos precisar sair? - me perguntou, fazendo uma cara feia.
- Não muito longe. - respondo, pegando uma de minhas calças jeans no mini closet.

O topo do prédio onde moro é um dos lugares mais importantes para mim

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O topo do prédio onde moro é um dos lugares mais importantes para mim. Fiz daqui o meu refúgio, é onde venho quando preciso pensar, fumar escondido ou fugir do mundo. Começou a escurecer, deixando um visual incrível, misturando as luzes da cidade com a luz do sol se pondo. Ele se senta em uma parede onde está as grades, e eu me sento entre as suas pernas, encostando minha cabeça em seu peito. Preciso fazer algo para lhe confortar, dizer algo.

- Quando eu estava no avião ontem, eu tive um sonho. - digo.
- Ah, é? - ele diz, colocando seus braços em minha volta, tipo um abraço.
- Sonhei com uma menininha igualzinha a você, loirinha, de olhos azuis. Anna, o nome dela.
- Hmm...
- Era nossa filha. Ela brincava de se esconder pela casa, sua risada ecoava pelos corredores e eu diria que a risada é igualzinha a do tio. - digo, rindo com essa lembrança.
- Uma filha, hein? - Tom diz, rindo comigo.
- Dois. - olho para ele. - Eu estava grávida, de um garotinho.

Tom me olha, como quem processa as coisas que eu disse.

- Você quer? Fazer o meu sonho ser uma realidade? - perguntei, lhe oferecendo o meu sorriso mais genuíno.
- Não sei se quero uma mini cópia sua. - ele responde, brincando comigo. Dou-lhe um tapinha por isso. - Mas o garotinho me despertou alguma coisa.
- Nós podemos começar a tentar depois do casamento.
- Tudo isso?! - perguntou, como se fosse uma eternidade para ele.
- Só faltam 30 dias, Tom. Você aguenta. - respondi, irônica.
- Eu te amo, sabe disso, não é? - diz, beijando minha bochecha.
- Acho que já podemos começar a fazer uma contagem regressiva. O que acha? - digo, toda boba admirando o céu e a vista linda daqui, abraçada com o amor da minha vida.

- Nós precisamos de uma casa nova. - Tom diz, me tirando de meus pensamentos.
- Uma casa? - pergunto.
- Sim. Um apartamento não seria tão bom para as crianças, eles vão precisar de espaço. - respondeu, me fazendo rir.
- Podemos falar sobre o casamento primeiro. O que me diz?
- Tudo bem. Já pensou em como vai fazer tudo? Onde vai ser? - Tom pergunta.
- Seu irmão disse que vai fazer tudo, esqueceu? E pensando bem, acho melhor deixar por conta dele mesmo.
- Queria que fosse em Los Angeles. - ele diz.
- Então que seja. - digo, concordando.
- É sério? - balanço a cabeça em concordância. - Está brincando comigo?
- Não. - dou risada da sua expressão. - Porque estaria?
- Você está fazendo algo que eu pedi! - ele abre a boca, fingindo que está surpreso com isso, como se eu nunca fizesse nada que ele pede.

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora