16° capítulo

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Acordei com a luz do sol entrando pelas janelas do nosso quarto, mostrando que já era dia. Sinto o calor do corpo de Tom ao meu lado e o peso de seu braço sob meu corpo. Tive saudade de acordar ao seu lado, de poder sentir o seu cheiro na cama, observei ele dormindo por um tempo, mas logo me levantei. Procuro algo que possa me mostrar que horas são, mas não encontro. Ainda não acredito que perdi o meu celular, penso nisso e me lembro do celular de Tom. Me levanto devagar, tirando seu braço de cima de mim de um modo que não o acordo. No criado mudo do lado da cama onde ele estava, vejo o seu celular. Toco na tela duas vezes, que se acende mostrando a hora e as notificações de algumas mensagens. Mia é o nome que aparece, seguida de notificações de chamadas perdidas e mensagens recebidas. Não é da sua conta, Cely. Tom se mexe na cama, me assustando e decido sair dali, se ele acordar e me ver aqui vai achar que estou bisbilhotando nas suas coisas e não quero começar nenhuma discussão.
São quase 10:00 e o calor que faz aqui é infernal. Sigo para o banheiro, me deliciando com um banho tranquilo na mesma banheira onde fiz as coisas mais pervertidas que posso imaginar. Escovo meus dentes, me enrolo na toalha e ao sair, tenho uma das vistas mais preciosas. Mulheres e até mesmo homens pagariam caríssimo para verem essa cena: Tom dormindo na cama, apenas de short, com seus cabelos bagunçados em lençóis brancos, juntamente a essa vista panorâmica do mar. Saio até a varanda, me deliciando com o cheiro da água salgada que invade minhas narinas e no vento fresco que alivia o calor daqui. Não gosto de ficar parada por muito tempo, isso me faz pensar e pensar me lembra Georg. Não é certo o que estou fazendo, eu não deveria estar aqui, mas ao mesmo tempo era tudo que eu mais queria fazer. Tom me rejuvenesce, me faz sentir como aquela menina de 19 anos, uma adolescente completamente apaixonada e intensa, me faz querer viver. Enquanto estou aqui me afogando em pensamentos sérios, sou surpreendida com o barulho da minha máquina fotográfica, o que me faz virar rapidamente.

- Peguei da sua mochila. Espero que não se importe. - Tom diz, afastando a máquina de seu rosto. - Isso é bem legal.
- Gostou? - pergunto, cobrindo um pouco da claridade com minha mão, para que eu possa vê-lo.
- Eu gostei. - ele balança a câmera, o que me faz quase infartar.
- Não! Não faz isso.
- Desculpa. - diz, se aproximando de mim, dando um beijo no topo da minha cabeça, sentando ao meu lado logo após.

- Vai me dizer o que estava pensando? - como esse homem pode me conhecer tanto assim?
- E quem disse que eu estava pensando? - pergunto, tentando convencê-lo do contrário.
- Não funciona, Cely. - deve ter falado em relação ao joguinho que quis fazer.
Evito esse assunto, não estou pronta para conversar sobre isso ou para brigar, não quero estragar os únicos dias de paz que teremos. Fixo meus olhos no mar, me imaginando como ele. Às vezes calmo, transparente... Às vezes turvo e agitado.

- Eu preparei uma surpresa pra você. - ele diz, todo tímido.
- Surpresa? Tenho medo. - digo, mexendo em meus dedos. - As "supresas" que você já me deu não foram tão boas.
- Ok, o Tom de anos atrás era realmente um cuzão, admito. - diz, colocando a mão no peito como se tivesse sido acertado com um soco. - Mas esse de agora é diferente. Te juro.
- E qual é a surpresa? - pergunto, achando esquisito.
- Primeiro, você precisa se vestir e arrumar a mochila que a senhorita fez o favor de bagunçar. - se levantando, ele oferece sua mão para me ajudar a levantar.
- Não vamos ficar aqui? - achei que esse era o plano, ficar aqui até voltarmos para L.A.
- Meu Deus, Cely, você é muito curiosa. - revirando os olhos de um jeito engraçado. - Não sabe receber uma surpresa não, menina?
Menina. Era assim que ele me chamava quando estava sério ou bravo, e confesso que gostava de ouvir. Ele pega minha mão, me levando de volta para o quarto. Escolho uma roupa simples, me vestindo para a tal surpresa. Logo a minha frente, vejo Tom mexendo em seu celular.

- Mensagens de Bill? - pergunto já sabendo a resposta.
- An? Ah, sim. - mentiu.
- Mensagens de Bill ou de Mia? - digo, terminando de me vestir. Tom me lança um olhar confuso, mas entende rapidamente o que eu quis dizer.
- Mexeu nas minhas coisas? - pergunta.
- Precisei olhar a hora, mas eu não me importo com isso, Tom. - falo, me aproximando dele.
- Você tem a Mia e eu tenho o Georg. É natural que ela ligue ou mande mensagens. Inclusive, Georg já deve ter feito isso um bilhão de vezes, conheço meu marido. - cacete, essa parte do marido foi sem pensar.
- Marido? - Tom olha em meus olhos e eu posso ver seus olhos marejarem. Ah, não.

- Tom, Georg e eu moramos juntos há mais de três anos, somos praticamente casados.
Ele se afasta de mim, mexendo agora em sua mochila. Será que ficou chateado?
- O jeito que você falou... Você já me disse isso uma vez, mas eu estava no lugar de Georg.

Flashback:

Acabamos de transar no banheiro de uma boate depois de Tom ter saído com Bill e Gustav, praticamente escondido de mim depois de termos uma briga feia.
- a gente tem que parar de fazer essas loucuras por aí. Somos praticamente casados. - eu disse, enquanto retocava meu batom em frente ao espelho, me arrumando para poder sair dali enquanto uma mulher batia na porta e gritava incessantemente pedindo para usar o banheiro.
- casados? Urgh. - Tom me respondeu, fazendo uma carinha de nojo ao repetir o que disse, e mereceu o tapa que eu lhe dei.

- Me lembro muito bem desse dia. - digo, sorrindo de modo provocativo para ele. Na minha cabeça a linguagem do amor de Tom deve ser o sexo, porque sinto que ele só entende o quanto o amo enquanto estamos transando.
- Desculpa. - Tom pede, encostando sua testa na minha. Pedir desculpas é novidade. - Eu não quero estragar a nossa fuga, eu não quero perder você. De novo não.
Suas palavras aceleram um meu coração, me fazem arrepiar. Dou-lhe um beijo, o melhor que já demos, eu acho.
- Se você me beijar assim de novo, te juro que não vai ter mais surpresa e que eu vou te jogar nessa cama e te fuder até você dizer que me ama. - diz, se afastando de mim.
- Cismou com isso, né? que vou dizer que te amo.
- É só porque eu sei que vai dizer. - ele diz, vestindo uma calça, dando uma piscadinha para mim.

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora