44° capítulo

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A pergunta de Bill é realmente intrigante. Será que tem chance de ser filho de Georg? Mas já faz tanto tempo desde que terminamos, um mês praticamente.

- Eu não sei. - digo, sinceramente.
- Como assim "eu não sei"? - Tom pergunta em um tom de voz mais alta, arregalando seus olhos, confuso com o que eu disse.
- Eu não sei de quantas semanas estou, Tom. Se estiver com mais de um mês, infelizmente...
- Não fala isso nem brincando, Cely. - respondeu, vestindo sua roupa rápido.
- Não adianta ficar bravo, nós não estávamos juntos e tudo bem. - digo, tentando confortá-lo.
- E nós dois? Como a gente fica com isso? - perguntou.
- Ficam do mesmo jeito. - Bill nos interrompe. - Ou você vai deixar de amar a Cely por conta disso?
Como um mecanismo de defesa, Tom sai do quarto e Bill vai atrás dele. Respiro fundo, tentando não me desesperar com a situação, agora tem um serzinho que precisa de mim e da minha paz. Sofie aparece de mansinho, entrando no quarto e me abraçando, como se soubesse que eu precisasse disso.

- O que vai fazer se for filho do Georg? - ela pergunta.
- Não sei. Estou implorando aos céus para que não seja. Ele faria da nossa vida um inferno e Tom não iria aceitar.
- Eu vi o jeito como ele saiu. - ela diz, me soltando de seu abraço. - Se veste, nós vamos a uma consulta.
Sofie espera que eu me arrume, sentada na cama. Ela me ajuda a escolher um vestido soltinho, para que Martha possa me examinar, se for preciso. Quando saímos do quarto, Tom e Bill não estão no apartamento e receio que Tom tenha ido embora.

- Vai ficar tudo bem. - Sofie me tranquiliza. - Somos nós três agora. - diz, tocando em minha barriga.
Assim que saio do estacionamento, dou de cara com Tom parado na saída. Mãos no bolso, cabeça baixa, posição típica de quem errou e vem se desculpar. Diminuo a velocidade e paro ao seu lado.

- Posso ir com você? - me pediu. Olho para Sofie, pedindo para que ela fique.
- Vai ficar bem? - ela me pergunta, antes de abrir a porta. Concordo com a cabeça. Meu silêncio dá permissão para que ele entre, logo quando ela sai.
Entrando nas ruas, observo o trânsito enquanto seguimos até o consultório, tomando todos os cuidados enquanto dirijo, pensando não apenas em mim, mas agora, em nós.

A atendente me chama, indicando que podemos ir até a sala da Dra Martha. Ela como sempre é muito solicito e simpática, dessas médicas que nos passam tranquilidade.
- Um prazer reve-la, Cely. - diz, ficando em pé para que possa me cumprimentar. - Estranhei a sua demora para fazer a manutenção, já iria pedir para Beth entrar em contato com você. - diz, brincando, mas eu sei que tem um pontinho de verdade por trás desse sorriso.

- Bom, acho que eu realmente deveria ter vindo antes. - digo, entregando o exame positivo para ela. Infelizmente a cara que ela faz não é uma das melhores, e isso me deixa preocupada.
- Cely, infelizmente é uma situação preocupante. Uma gravidez durante o uso do diu é um caso sério, e bem raro, eu diria. Vou precisar fazer alguns exames, tudo bem para você? - perguntou. Sua fala me deixou preocupada, e Tom também, que agora segura minha mão. Não sei se sou eu que estou suando ou é ele, mas a sensação é de nervosismo mesmo.

Martha forra uma de suas macas, próximo ao seu transdutor, para que possa realizar a ultrassonografia. Já sei como funcionam essas coisas, me deito ali, levantando meu vestido. Tom me ajuda com o pequeno lençol, cobrindo as minhas pernas e a minha virilha. O gel frio em minha barriga me causa cócegas.
Tom está sentado ao meu lado, segurando minha mão e acariciando meus cabelos. Vamos ver a nossa sementinha pela primeira vez.  Infelizmente eu não pude ver o nosso filho, nem mesmo por um ultrassom assim e isso me deixa tão ansiosa agora.

Martha começa o exame, passando o pequeno transdutor por toda aquela área. Nesses breves momentos eu adoraria não ser médica, pois sei que há algo de errado. Nada aparece na tela, mesmo que ela procure por todos os lados. Não quero acreditar no que estou vendo.

- Vamos tentar outro método? Uma transvaginal. - ela pediu, apenas para confirmar o seu diagnóstico.
- Porque? - Tom pergunta, e essa é a primeira vez que ele fala algo desde que chegou. Sei que ele também entendeu que tem algo de errado.

- Preciso averiguar direitinho. - diz, lançando o sorriso acolhedor que todo médico ensaia para esses momentos de notícias ruins. A lágrima que escorre do meu rosto não me deixa mentir que eu sei o que aconteceu.
Mudo de posição, dobrando os joelhos para cima  e mantendo as pernas bem abertas, enquanto a vejo colocando a camisinha e o lubrificante no novo aparelho. Nada também. Posso ver a tristeza no olhar de Tom, pois não era isso que nós estávamos esperando.

- Podemos conversar rapidinho? - pediu. - Espero vocês aqui do lado. - diz, saindo da sala.

Tom me ajuda a levantar, abaixando meu vestido para mim. Seus braços me envolvem em um abraço forte, chorando junto comigo aqui no consultório. Esse Tom que está aqui é mais uma vez o "Tom pai", que se vê "perdendo" um filho mais uma vez e eu o entendo tanto.  Espero o seu tempo, até que ele se recomponha do choque e do choro. Seguro sua mão mostrando que estou ali e que sempre vai ser assim, caminhando com ele até o outro lado do consultório.

- Cely, você como médica sabe o que aconteceu, não é? - ela pergunta, sentada no outro lado da mesa. - Infelizmente foi um falso positivo, que pode ter ocorrido por alguma alteração de hormônios. Se houve algum sintoma, foram do seu psicológico, que queria um serzinho aí dentro.

- Entendo. - digo, quando na verdade não entendo nada. Queria poder chorar e reclamar com Deus mais uma vez, pois na primeira Ele levou o meu filho e agora Ele só me deu esperanças.

- O diu também traria um risco enorme, se realmente fosse uma gestação. - continuou. - Mas se querem tanto um bebê, como eu posso ver, porque não tirar o diu? Tentem mais, vocês ainda são tão novos para desistirem desse sonho lindo. - Ela diz, me fazendo chorar de novo. - Ainda quero cuidar de um bebê de vocês.

- Quando ela pode tirar o diu? - Tom pergunta, me deixando surpresa. Olho para ele, que aperta minha mão. Tom quer ser pai.

- Hoje infelizmente eu não poderia fazer, por falta de tempo mesmo. Mas quem sabe não acho uma vaga para você essa semana, Cely? - diz, se levantando da cadeira para se despedir de nós.

- Tudo bem então. - digo, abraçando-a. - Obrigada por tudo, Martha. Volto assim que você marcar.

Minha cabeça gira sem parar enquanto voltamos para casa, pensando em como vou contar a Bill e Sofie que não estou grávida, que foi apenas um falso positivo. Tom está calado, o único barulho que se pode ouvir é a respiração dele e o motor do carro. A sensação de ter perdido algo é dolorosa demais, mesmo que dessa vez nem tenhamos perdido nada, além da esperança. São quase 17:00 quando chegamos no apartamento, dando de cara com Sofie e Bill sentados no sofá da sala, olhando para nós dois, sedentos por informações.

- Cely não está grávida. - Tom fala por nós, mostrando a tristeza perceptível em sua voz.






1° - NAO ME MATEM KKKKK
2° - DESCULPEM A DEMORA
3°- CHOREI PRA CARALHO, PQ DO NADA MINHA PLAYLIST COMEÇOU A TOCAR ANGELS BY THE WINGS, DA RAINHA SIA. OUÇAM TBM

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora