- Tom você viu a... Cely. - Bill para de falar assim que vê a cena no quarto. Se meu irmão não tivesse chegado eu teria a beijado. Me levanto, endireitando a postura.
- Eu não estou acreditando que vocês estavam prestes a fazer isso. Vocês acham que a vida é o que? - Meu irmão diz, alterado. - Você é noiva, Cely!
- Você está noiva? - dessa parte eu não sabia. Olho para suas mãos e vejo um anel de diamantes, que me mostra que é verdade o que Bill diz.- Você não vai fazer o que quiser com o meu irmão, Cely. De novo não. Você não tem IDEIA do quanto ele sofreu depois que VOCÊ foi embora. - a voz dele sai embargada e eu temo pelo rumo que essa conversa possa chegar. Me aproximo dele, colocando minha mão em seu peito, pedindo para que ele pare. Cely olha para nós dois como se fossemos um bicho de sete cabeças, extremamente confusa com o que Bill acabou de dizer.
- E eu, Bill? - Ela praticamente grita. - E tudo que EU tive que passar sozinha? Toda aquela humilhação em rede nacional, as notícias que envolviam até o meu pai, a perda do meu filho!
- NOSSO filho! - tomo coragem de falar. - Era o NOSSO filho. Eu sofri tanto quanto você ou talvez até mais. Você pode viver o luto, Cely. Pode simplesmente sumir, esquecer o que passou e viver a sua vida. Mas eu não. - digo, batendo em meu peito. Ela não tira seus olhos de mim, prestando atenção em tudo que estou lhe dizendo agora.- Eu movi mundos e fundos por você, eu fiz tudo que podia ter feito porque EU te amei. Você teve todas as chances de voltar e ficar comigo, mas você foi embora em todas elas. - digo, friamente. Não consegui esquecer o que ela fez, sei que não sou santo, errei e errei demais, mas diferente dela, eu sei reconhecer os meus erros. Cely criou uma fantasia na cabeça dela de que era fácil ser eu ou de que eu não tivesse coração, quando na verdade era a única coisa que eu tinha e ainda assim entreguei a ela.
- Contou pra ela? Contou que você alugou o apartamento dela por meses, que dormiu agarrado ao porta retrato com a foto de vocês? Contou dos seus pesadelos todas as noites, onde eu acordava com os seus gritos e seu choro implorando para que ela voltasse? Não deve ter contado, né? Invés disso estava quase BEIJANDO ela, e agradeçam que fui eu que entrei nesse quarto. Imaginem se fosse o Georg. - Bill joga o resto das merdas no ventilador, sem se importar se era isso que eu queria. Sei que fez na hora da raiva, numa tentativa de me proteger, mas ele não tinha esse direito. Olho pra Cely que está aos prantos, com certeza não devia saber sobre nada disso. Ela cobre o rosto com seus mãos, e essa cena é dolorosa demais pra mim, saio dali indo embora do hotel.
Versão de Cely
Eu não fazia ideia de que essas coisas tinham acontecido, muito menos que Tom teria sofrido a esse ponto. Sempre achei que ele simplesmente tinha virado as costas e esquecido esse assunto, sempre fez questão de dizer que não teríamos volta, que não me conhecia ou qualquer coisa do tipo.
- Você realmente achou que ele nunca te amou? Achou realmente que ele nunca quis voltar? Que nunca pegou o telefone pra te ligar? - Bill me lança essas perguntas. - Eu proibi ele de fazer isso todas as vezes em que ele tentou.
Começo a soluçar de tanto chorar, não consigo imaginar Tom fazendo todas essas coisas. Porque eu só consigo ver os momentos ruins, as brigas? Existiu bons momentos, momentos maravilhosos para ser exata. Antes que eu possa falar alguma coisa, Bill continua.- Posso te pedir uma coisa? - ele me pergunta. - Não volta pra vida do meu irmão. Continua com o Georg, vocês tem uma vida juntos, acabaram de noivar. Você é inconstante, Cely. Pode até voltar, mas você nunca fica, porque nem você mesma sabe o que quer. - Assim que acaba de falar, ele sai do quarto, batendo a porta assim atrás dele.
Minha cabeça está a mil, tentando entender tudo o que acabou de acontecer, tentando recriar na minha cabeça a cena de Tom trancado em meu antigo apartamento, chorando abraçado à nossa volta ou dormindo na cama onde passamos muitas noites de amor. Nosso filho, ele tinha razão no que disse, eu tive a opção de fugir e esquecer tudo isso, quando ele teve que ficar e aturar as perguntas, as lembranças. Eu agora me vejo como uma mulher covarde, que na primeira oportunidade que teve fugiu.
O jeito que Bill jogou todas essas coisas na minha cara foi doloroso demais, como meu amigo ele deveria ter me contado, me avisado sobre o que acontecia com Tom. Mas também não posso julga-lo, me contando ele estaria traindo o seu próprio irmão. Você pode até voltar, mas nunca fica. Porque nem você mesma sabe o que quer... As duras palavras que ouvi, ecoam em minha mente justamente por que eu sei que são verdade.
Seco minhas lágrimas, respiro fundo, decidida a ir atrás de Tom e esclarecer toda essa história. Precisamos sentar, conversar e dizer tudo que estava preso desde 2010. Assim que saio do quarto, trombo com Georg.
- Linda, o que aconteceu? - ele pergunta ao me ver com o rosto vermelho de tanto chorar.
- Nada, apenas discuti com Bill. Nada demais. - digo.
- Eu estava te procurando para irmos dormir. - diz, pegando minhas mãos e me levando para o nosso quarto. O destino mais uma vez se encarregando de me mandar afastada de Tom.
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𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜
FanfictionContinuação da fanfic Eu vejo você. Onde conto a história de amor entre Cely e Tom que acaba após uma aposta feita por ele junto com seu melhor amigo. Um romance mal acabado pode ressurgir e abalar uma vida inteira. Se Cely tivesse que escolher, que...