46° capítulo

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Ficamos aqui por mais um tempo, aproveitando o silêncio, nossos pensamentos e admirando a vista linda de todos esses pontinhos luminosos que saem das janelas dos prédios e dos faróis dos carros lá embaixo. Começo a me arrepiar com o frio da noite que vem chegando.

- Quer entrar? - Tom perguntou, acariciando meus braços.
- Quero, já estou ficando com frio. - digo, saindo do meio de suas pernas.
- Você sempre foi meio "frienta". - diz, me fazendo dar risada. Sinto meu celular vibrando logo que fico em pé, o nome na tela me mostra que Martha está me ligando. Atendo, ansiosa.

- Martha? - digo assim que atendo.
- Martha? - Tom repete, como se quisesse saber se ouviu certo. Concordo com a cabeça para que ele saiba que estava certo.
- Cely, conversei com Beth, minha recepcionista, e consegui uma vaga para você amanhã. O que acha? - ela diz do outro lado da linha, me fazendo dar pulinhos de alegria. Tom me olha confuso.
- Claro, sem problemas. - digo.
- Eu realmente não tinha vaga, mas consegui remarcar com a paciente de amanhã. Eu vi o quanto vocês queriam aquele bebê e eu fiquei muito comovida com a cena de vocês dois ali. - Martha diz, me emocionando com suas palavras.
- Nem sei como posso agradecer, Martha! Você é incrível. Até amanhã. - digo, me despedindo e encerrando a ligação.

Antes que eu possa dizer alguma coisa, pulo nos braços de Tom, me quase me deixa cair por não estar esperando por isso. Lhe encho de beijos por todo seu rosto, completamente feliz.

- Não que eu esteja reclamando de tamanho amor, mas poderia me dizer o que aconteceu? - ele pergunta, dando risada.
- Martha agendou a retirada do diu para amanhã! - digo, quase gritando.
- Mas ela disse não tinha vaga essa semana. - ele diz, confuso.
- Ela disse que conseguiu remarcar com a paciente de amanhã, porque tinha ficado comovida com a nossa cena de amor.
- Cena de amor, é? - Tom diz, me olhando. - Espere até ver o nosso casamento. - ele diz, girando comigo em seu colo. Abro meus braços, aproveitando o friozinho que girar me trás, os nossos cabelos esvoaçantes, cobrindo nossos rostos mas nunca os nossos sorrisos. As vezes acho que vivemos um filme, desses clichês de adolescentes, mesmo já tendo mais de 25.

Quando entramos no apartamento, loucos de felicidade, podemos ver Bill jantando e Sofie na cozinha, fazendo alguma coisa. Tenho a sensação de que ela está sempre fazendo algo.

- Caralho!! Vocês não tem ideia do que aconteceu! - Tom diz, assustando os dois.
- O que aconteceu? - Belinda pergunta, todo curioso, largando seu prato de lado.
- Cely vai fazer uma coisa que eu pedi, pela primeira vez em anos! -, ele diz, zoando. As caras de decepção de Sofie e Bill são impagáveis.
- Não é isso! - digo, dando risada. - São duas notícias boas. - digo, mostrando dois dedos.
- Falem logo, já estamos nervosos. - Sofie diz, se juntando a nós na sala.
- Vamos casar depois da turnê. - digo.
- Tipo, imediatamente. A turnê caba no dia 29, então dia 30 eu quero estar casando. - Tom diz, pegando todos de surpresa.
- E a segunda notícia? - Sofie pergunta.
- Martha me ligou, disse que amanhã posso ir fazer a retirada do diu.
- Ou seja, talvez no dia do casamento você já esteja grávida! - Sofie diz, animada.
- Sim! - digo, indo ao seu encontro, abraçando-a.

Percebo Bill e Tom se abraçando logo atrás de nós, todos comemorando juntos essas coisas boas que estão acontecendo. Por um milésimo de segundo penso se não está tudo bem demais, tudo fluindo demais. O pensamento me causa um arrepio forte.

- Tudo bem? - Tom pergunta, como se nossos corpos fossem um só e ele soubesse que há algo de errado comigo.
- Tudo. - minto, quando na verdade sinto que algo vai acontecer. Do mesmo jeito que sentia em relação a aposta de Tom, algo ruim mesmo, sabe?

Jantamos todos juntos, um dos pratos deliciosos que Sofie aprendeu com sua mãe. A noite foi de vinhos em comemoração e conversas sobre nossos planos futuros. Bill fez questão de deixar claro que quer a cerimônia de casamento em um iate luxuoso, em Capri, na Itália,  indo contra tudo que eu e Tom havíamos planejado. Mas estamos tão felizes que isso não mudou o nosso desejo, queremos apenas nos casar, não importa onde seja ou como seja.

Sofie contou sobre alguns apartamentos que havia encontrado em Los Angeles, mas Tom lhe pediu que procurasse apenas por casas, dessas espaçosas e com grandes jardins. Eu acho que ele realmente levou a sério essa ideia de ser marido/pai.

Enquanto seco meus cabelos com o secador, que por sinal faz mais barulho que a água do chuveiro, ouço o celular de Tom vibrando, fazendo um som mais alto que o normal por estar em contado com a madeira da mesinha de cabeceira. Sinto algo que me implora para que eu olhe, e infelizmente eu obedeço meu sexto sentido. O nome de Mia aparece na tela de bloqueio, notificando que ela mandou alguma foto.

Coloco a senha, procurando pelas mensagens dela, me deparando com uma foto nua dela, onde diz: Eu sei que sente falta disso. O jeito como ela mandou, parecia que Tom tinha mandado algo antes. Não é possível que uma mulher mande uma foto vulgar dessas do nada assim.

Eu não devia, mas infelizmente começo a olhar o corpo angelical e esculpido da moça, me comparando com a mesma. Se Tom estivesse realmente com saudades, talvez esse seja o motivo. Eu não tenho mais dezenove anos, talvez o meu corpo de agora não lhe agrade o suficiente e ele tenha procurado por ela enquanto eu estive aqui sozinha.

Decido ir dormir, para que não fique pensando nessas coisas. Como se isso fosse possível, meu subconsciente me confirma.

- Já vai deitar? - ele pergunta, aparecendo completamente nu em minha frente. Ele seca seus cabelos com a toalha, de um jeito extremamente sexy. Se fosse em outras situações, eu teria me jogado em cima dele e transado com ele até a minha vulva arder. Sim, eu sei que soou como uma tardada, deve ser o período fértil. Tom se aproxima ainda mais, deixando seu pau praticamente na minha cara. Eu sei que ele quer, mas não consigo pensar nisso. A imagem de Mia nua na cama ficou em minha cabeça e eu estou imaginando que ela deve lhe satisfazer melhor que eu.

- Sim. - respondo, virando de costas para ele.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntou.
- Não. -digo, friamente.
Não demora até que ele se deite ao meu lado, tentando me abraçar, mas me afasto.
- Achei que o segredo para um bom relacionamento fosse a comunicação. - diz, meio irônico.
- É verdade. -concordo com ele.
- Então vai me contar o que aconteceu?
- Nada. Boa noite. - digo, ficando praticamente a um palmo de cair da cama. Não entendo porque ele ainda tem o número dela, ou porque não cortou-a de sua vida. Ela ainda tem a liberdade de lhe mandar algo assim e isso eu não posso aceitar.







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