47° capítulo

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Acordo com o toque do alarme que me diz que são oito horas. Tom continua dormindo quando saio da cama, seguindo até o banheiro para escovar os dentes. Meu reflexo no espelho não é um dos melhores, pois mal dormi a noite. Fiquei pensando no procedimento de hoje e nas mensagens que Mia mandou para ele ontem a noite. Essa foi a primeira noite que dormimos brigados desde que nos conhecemos.

Marquei com a ginecologista de dez horas, então comecei a fazer o café da manhã para todos, enquanto ainda estavam dormindo. Faço omelete e bacon, meu café da manhã favorito desde que me entendo por gente.

- Viu isso? - Tom diz logo atrás de mim, sentado em uma das banquetas do balcão da cozinha.
- Porra! - digo com o susto. Em que momento ele passou por aqui?
- Bom dia. - ele diz, mostrando seu celular para mim. Na tela, a foto de Mia nua. - Foi isso que você viu?
- Infelizmente. - respondo, continuando concentrada em minha tarefa.
- Eu sabia. - disse. - Você precisa me contar quando algo não te agradar, Cely.
- Existem certas coisas que nós não precisamos dizer, Tom. Como o fato de você ainda ter o contato da sua ex- amante salvo no celular ou da total liberdade que ela tem de lhe mandar fotos como essas.
- Esse nem é o número dela. Ela deve ter trocado de número, não sei. Mas isso também não me importa. - diz, se aproximando de mim. - E aquele papo de " ele prefere mulheres maduras, independentes e que não se vendem por bolsas de marca"? - continuou, usando minhas frases contra mim mesma.

- Eu também escolho você, querido. Mas como você reagiria se visse uma foto dessas no meu celular, uma foto de Georg nu, dizendo que sente a minha falta? - pergunto. Como resposta ele fecha a cara e me dá um empurrão de leve, apenas para que me afaste dele.

- Não fala isso nem brincando. Tô até estranhando, ele está quietinho demais. - Tom diz, sentando de volta na banqueta, se servindo no café.

- Georg não é um monstro. - digo, colocando meu café.
- Quer comparar os três anos que vocês viveram juntos com todo o tempo que somos amigos? Eu sei de coisas sobre ele que você teria nojo de ouvir, Cely, e nem falo por ciúmes. - disse, dando um gole em seu café.

O relógio na cozinha me mostra que são quase nove e meia, me fazendo estranhar o fato de Tom estar acordado essa hora.

- Porque está acordado? - pergunto, terminando meu café, colocando a louça na pia.
- A gente não vai pro consultório? -  perguntou, confuso. A gente.
- Você vai? - perguntei, surpresa. Não tínhamos combinado nada, então achei que iria com Sofie.
- Achou mesmo que eu ia deixar você ir sozinha? - diz, se juntando a mim, colocando a louça suja na pia.
- Eu não iria sozinha. - digo. Tom enclina a cabeça de lado, erguendo a sobrancelha, como quem pergunta "com quem iria". - Com a Sofie.
- Não. Eu vou com você. - diz, me dando um beijo na testa.
- Então acho bom ir se arrumar logo, não quero chegar atrasada. - digo.
- Vou tomar banho. - ele diz, seguindo para o quarto. - separa uma roupa pra mim! - disse, sumindo nos corredores.

Uma das coisas que faço/gosto é de separar as roupas que Tom vai usar. Me lembro da primeira vez que ele me pediu para escolher sua roupa para um show e desse dia em diante, sempre que estou por perto, faço isso. Mas o amor é isso, né? Pequenos detalhes. Detalhes como: cobrir a quina da mesa, para que o outro não se machuque ou alterar a viagem para que ele(a) viaje confortavelmente. Bom, eu faria isso por ele, se tivesse condições.

Saimos juntos do estacionamento, seguindo para o consultório. Tom praticamente implorou para dirigir o meu carro, dizendo que havia decorado o caminho, mas na verdade acho mesmo que ele só queria dirigir a minha Mercedes.

O cheirinho hospitalar me é familiar, já estou acostumada depois de tanto tempo trancada em meu consultório. Com o leve atraso, somos chamados até um dos quartos, onde a recepcionista me entregas três comprimidos para que eu possa tomar antes do procedimento.
Não demora muito mais que meia hora e Martha aparece no quarto, usando a vestimenta adequada para esse processo.

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora