34° capítulo

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Não demorou muito até chegarmos ao ônibus e Tom não deu uma palavra até aqui, como uma punição por ter saído e colocado nossas vidas em perigo. Ele anda na frente, seguindo para o ônibus.

- Tom! - chamo sua atenção, para que me espere. Bill vem logo atrás de mim. Ele tem um show daqui a pouco e não quero deixar isso assim.
- Não precisa de tudo isso! - digo enquanto ele subia as escadas até seu quarto.
- Você tem ideia do que aconteceu, Cely? As duas pessoas que eu mais amo na minha vida estavam correndo perigo, por nada! - ele quase grita, mas isso é bom. Esse Tom que expõe seus sentimentos é melhor que o Tom que guarda tudo pra si. - Eu não sei o que faria se alguma coisa acontecesse a vocês. - diz, passando as mãos em seu cabelo.
- Eu não imaginei que algo assim fosse acontecer, Tom. Georg e eu saíamos juntos e nada parecido com isso chegou a acontecer. - digo, mas Tom desce as escadas rapidamente, cuspindo fogo em minha direção.
- Quando você vai entender que tudo de ruim acontece COMIGO? - Diz, segurando meus braços com força.
- Calma, Tom. - Bill intervém, segurando seu irmão.
- É assim que vamos viver? Nos escondendo? Correndo perigo? - pergunto, quase chorando arrependida de minhas decisões. - Não foi pra isso que eu vim.
- Você veio pra ficar comigo? - me perguntou, olhando no fundo dos meus olhos.
- Sim! - reforço o que já tinha dito.
- ENTÃO CASA COMIGO! - ele diz, como se fosse a solução.
- Você não pode ficar brincando com esse tipo de coisa, Tom! - rebato, mas sou interrompida por Bill, que levanta sua mão como se quisesse falar.
- Tom tem razão. - disse, chamando nossa atenção.
- Tenho? - perguntou surpreso ao ouvir o que seu irmão disse.
- Não precisam casar, casar já é demais. Mas vocês podem se assumir, assim vão acabar com essas especulações e talvez o assédio incessante.

Era só por isso que Tom queria se casar comigo? Me pego pensando sozinha.
- Nem pense nisso! - Tom diz, me tirando de meus pensamentos. - Eu sei o que está pensando, e a resposta é não.
- Telepatia agora? - Bill perguntou.
- Conheço ela muito bem, e aposto o que quiserem que ela estava pensando que só quero me casar com ela por conta disso. Estou errado, Cely? - Fico completamente impressionada como ele consegue ler a minha mente.
- Está. - minto.
- Aham, me engana que eu gosto. - ele diz.
- Precisamos ligar pra Andrei, antes que ele... - o telefone de Bill toca, atrapalhando sua fala. - Bom, não precisamos mais. - ele diz, coçando a cabeça.

Ele pega seu celular da bolsa, mostrando a todos que era quem nós já imaginávamos, colocando a chamada no viva voz quando atendeu.
- VOCÊS VÃO ME ENLOUQUECER! - Andrei gritou do outro lado da linha. - O QUE ESSA MOÇA ESTÁ FAZENDO AÍ DE NOVO? ELA ESTAVA EM BERLIM, INFERNO!
- Vai tomar no cu, Andrei! - Tom grita de volta, e eu tento acalma-lo.
- Não fala comigo, muleque! Mas não se preocupa não, já descobriram quem ela é. Quando as suas fãs histéricas forem atrás dela, não venha me pedir ajuda! - ele disse, desligando a ligação e nós deixando sem saber o que fazer.

Ficamos os três aqui embaixo, olhando um para o outro, tentando entender como chegamos nessa situação e como podemos sair dela, mas sem sucesso.

- Eu preciso me arrumar para o show, tenho que tomar banho. - Bill disse, voltando pra o seu quarto. - Sugiro que façam o mesmo, e de preferência, gelado.

Antes que eu possa responder algo, ouço os passos de Tom subindo e sigo ele, em silêncio. Quando chego no quarto, já está tirando sua roupa indo em direção ao banheiro. Entendo que ele deva estar decepcionado, mas é para tanto. Tiro minha roupa e entro no box, logo atrás dele, que está de costas para a porta. Abraço-o por trás, colocando as palmas de minhas mãos em seu peito, descendo, fazendo carinho.

- Não foi a minha intenção colocar nossas vidas em risco. - digo em seu ouvido. Tom joga a cabeça para trás, apertando os olhos com força.
- Não faz mais isso, e eu sei que foi ideia sua. - ele diz, se virando para mim, segurando minhas mãos.

- Eu sei que está acostumada a ter sua liberdade, que a vida com o Georg não é tão complicada... - suas palavras parecem doer em si mesmo. - Mas se você tentar entender, se gostar realmente de mim, a gente pode tentar outro jeito, a gente pode... - o jeito como ele fala me parte o coração, porque eu sei o quanto ele está tentando, seu o quanto ficou preocupado.

Ele já havia me dito uma vez que Bill e eu éramos as pessoas que ele mais amava na vida, e pensar que poderia ter acontecido algo conosco realmente deve ser desconsertante. Interrompo sua fala, beijando-lhe, mostrando que eu entendi toda a sua dor.

- Eu não quero uma vida tranquila, eu quero viver com você. Não me importo se todos os dias forem assim, contando que eu tenha sempre o seu abraço no fim do dia. - digo, tranquilizando-o. - Agora vamos tomar banho, você tem um show para ir.

Assim que sai do banho, coloquei um casaquinho de moletom vermelho, um dos primeiros que encontrei e uma calça da mesma cor. Vou aproveitar para descansar, enquanto os meninos estão no show.

- Vamos? - Bill chamou.
- Vamos. - todos responderam.
- Você vai, Cely? - me perguntou.
- Vai sim. - Tom responde por mim, segurando minha mão. - Nem fudendo que eu vou te deixar sozinha de novo.
-Mas eu pensei que... - eu não imaginei que iria pro show, mas devido ao último acontecimento, entendo todo esse cuidado de Tom.

A sensação de estar na mesma van com o meu ex marido e o meu atual é um tanto quanto estranha. Confesso que toda essa calmaria de Georg não está me convencendo, aceitar que sua esposa está se relacionando com um dos seus melhores amigos e colega de trabalho não é bem a praia dele. A van segue em completo silêncio, Tom está dormindo com metade de seu corpo em meu colo, aproveitando os poucos minutos até a casa de show.

Quando chegamos, havia uma fila enorme de fãs, esperando para entrarem, ansiosas pelos seus ídolos. Adam como sempre fazendo a segurança de todos, anda em nossa frente até o camarim. Um dos fotógrafos vem em nossa direção, tirando uma foto nossa e eu me arrependo amargamente de não ter me arrumado mais.

Voltamos à rotina de shows, onde Adam e eu ficamos no camarim até eles terminarem. Nós dois ficamos conversando sobre o passado, sobre o meu acidente e sobre hoje, até que a porta se abre, mostrando os meninos.

- Nós já vamos? - pergunto abraçada a Tom, estranhando o horário.
- Não, ainda tem o meet and greet. - Gustav me respondeu.
- Quer ir? - Tom me perguntou.
- Quero sim. Posso ficar afastada. - digo.

As fãs gritam e aplaudem, enquanto eles caminham até uma fileira de cadeiras. Sinto o olhar de julgamento de algumas quando vêem Tom se despedir de mim com um beijo breve. Sim, essa é a nossa primeira aparição de verdade!

As perguntas começam, a conversa é gostosa, descontraída e cheia de brincadeiras. Algumas trouxeram presentes, mas uma em específico não me desce. Ela tem em suas mãos um pequeno presente, dizendo que é especialmente para Tom. Fico apenas observando, já sabendo que não vou gostar do que é.
Tom abre o pequeno presente, e nos mostra algo que parece um anel peniano. Que porra é essa?

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora