Enquanto estamos no banho, fico me perguntando se devo contar a Cely sobre o apartamento que achei, mas conhecendo ela, sei que vai achar que fiz isso apenas para que ela não precise viajar. Decido não contar, até porque não sei se ela vai gostar do apê. Quero que ela veja e possa escolher o lugar onde vamos passar o resto de nossas vidas e criar nossos filhos. Digo "filhos" porque quero pelo menos uns três.
- Vai? - perguntou, me tirando de meus pensamentos.
- O que? - perguntei, confuso.
- Sentir minha falta? Quando eu for hoje a noite. - explicou melhor.
- Você ainda tem dúvidas disso? - pergunto.
- Às vezes tenho. - respondeu, fazendo biquinho.
Ela se vira, ficando de costas para mim e já sei o que quer que eu faça. Coloco o shampoo em minhas mãos e começo a lavar seus cabelos longos, massageando seu couro cabeludo e conhecendo-a bem, posso jurar que está revirando os olhos, aproveitando a sensação do meu toque.Uma certa vez, Cely me contou que o amor estava nos pequenos detalhes, desses tipo: cobrir a quina da mesa para que a outra pessoa não se machuque ou lavar os cabelos da pessoa que se ama. Eu queria poder fazer pequenas demonstrações de meu amor, mas acho que acabo exagerando. Se eu posso fretar um avião para que ela viaje em paz e tranquila, eu farei. Se eu posso comprar o mundo e por aos pés da mulher que me faz feliz, por que não?
Enquanto trocamos de roupa, Bill e Sofie praticamente invadiram o nosso quarto. Bill traz consigo seu fiel escudeiro, vulgo seu notebook. Passamos o resto da tarde aqui, escolhendo padrinhos, convites, convidados, cardápios e outras milhares de coisas, enquanto Cely e Sofie organizam suas malas. Eu não fazia ideia de que branco tinha variações! Qual diferença de branco e branco gelo?
- Finalmente, acho que terminamos. - Bill diz, fechando a tela do seu computador. - Você agora precisa de um vestido. - disse, todo animado.
- Sim, eu sei. - respondeu, toda boba. Seu sorriso é a coisa mais linda que já pude presenciar de perto.
- E você. - Sofie diz, apontando para mim. - De um terno.- Ah não, acho que prefiro algo mais natural. - digo, fazendo todos olharem para mim, confusos. - Nu, talvez. - brinco.
- Nada que eu já não tenha visto. - meu irmão diz, enquanto as meninas dão risada.Esse tempo aqui com eles, me fez esquecer totalmente que Cely vai viajar agora a noite, regressando a Berlim. Vamos ficar afastados por mais duas semanas, até o fim da turnê. Eu sempre fico mal acostumado quando ela vem e odeio ter que vê-la indo embora, mesmo que sejam por duas semanas apenas.
Agora no aeroporto, esperamos o voo das meninas enquanto jantamos em um dos restaurantes que há aqui. Como sempre, Cely escolhe uma de suas saladas esquisitas, me fazendo pensar se ela está de dieta desde que a conheci. Sofie e eu escolhemos massa italiana.
- Acho que vai ser bom me afastar um pouco. - ela diz, me fazendo olhar para ela. - Me afastar um pouco de Georg, quem sabe ele não nos dá uma trégua?
- Ainda vou matar ele. - digo, puto da vida por saber que Cely tem razão.
- E eu ajudo! - Sofie diz, nos fazendo dar risada.
- Agora sim, estou começando a tolerar você! - digo, brincando com as duas.Daqui podemos ouvir a chamada, avisando que as meninas devem embarcar agora. O momento que eu mais temia chegou e preciso fingir que sou forte, observando a minha mulher indo embora mais uma vez.
- Odeio despedidas. - ela diz, me abraçando.
- Falta pouco para elas acabarem. - digo, quando na verdade estou morrendo por dentro.
- Vai sentir minha falta? - ela perguntou baixinho, sem me soltar.
- Já estou sentindo. Te amo. - digo, olhando na imensidão daqueles olhos azuis, que facilmente poderiam obter minha alma se quisessem.
Relutante, Cely me solta aos pouquinhos e pega sua mala, seguindo para os portões de embarque, junto com Sofie. Fico aqui parando, observando as mesmas seguirem, até que somem do meu campo de visão e essa é a minha deixa.Quando entro no carro, mando uma mensagem para ela, pedindo que me avise quando chegar e que estou morrendo de saudades dela. Max acelera a velocidade, seguindo em zig zag pelas ruas da cidade enquanto observo a noite escura pelos vidros do carro. Nada sem ela faz sentido ou tem graça.
- Tudo certo? - Bill pergunta assim que entro no camarim. - Estávamos esperando só você chegar.
- Tudo, essa hora elas devem estar no avião. - digo, desmotivado.
- Não fica assim. - Bill me consola, fazendo biquinho. - São só duas semanas, depois disso vocês terão até a eternidade.
O que meu irmão diz, me dá um pouco de esperança e eu sei que ele tem razão. Quinze dias não são nada, comparados aos longos anos que vamos ter juntos. Falta pouco, Cely, penso comigo mesmo.O show é como todos os outros. As fãs gritam alucinadas, as músicas nos trazem uma vontade imensa de dançar e aproveitar a noite, o meet and greet trás consigo várias perguntas sobre Cely e o nosso casamento, para o total desprazer de Georg, que tem que ouvir tudo calado.
Já no ônibus, me deparo com uma caixa enorme em cima da mesa. Minha curiosidade é maior que eu, então abro a caixa que está repleta de cartões brancos com detalhes dourados. Pego um desses e o abro, tirando de dentro um de nossos convites de casamento.
A pequena folha de papel pardo, com uma moldura em tom de azul me faz lembrar dos seus olhos, me fazem lembrar do mar. A fonte na cor preta convidam e dizem quem são os noivos, o local e a data. No dia 03 de maio, Cely será minha, oficialmente.Me perdoem pela ausência e pelo capítulo ruinzinho de hoje. Quero muito chegar na parte do casamento deles 🥺🥺🥺
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𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜
FanfictionContinuação da fanfic Eu vejo você. Onde conto a história de amor entre Cely e Tom que acaba após uma aposta feita por ele junto com seu melhor amigo. Um romance mal acabado pode ressurgir e abalar uma vida inteira. Se Cely tivesse que escolher, que...