39° capítulo

542 49 13
                                    

Decidimos sair dali, seguindo de mãos dadas até a saída. Quando Tom abriu a porta, Gustav e Bill quase caíram, por estarem encostados na porta ouvindo a nossa conversa. Começamos a rir alto, com a cena.

- Vocês são muito idiotas! - Tom diz, morrendo de rir junto comigo.

Nesses breves momentos de descontração, consigo me sentir bem por ter conhecido todos eles. Vejo a gente como uma grande família, dessas de verdade, com direito a brigas e muito amor.

- Eu ouvi tudo! - Bill diz, enquanto caminhamos até a saída. - Achei a Cely muito calma.
- Não, amigo. Eu só não ia brigar com uma menina, né? - digo, ainda rindo da cena que vimos.
- Estão prontos para amanhã? - Bill perguntou, falando certamente sobre o show de amanhã.
- Se não for assim de novo, por mim, tudo bem. - Tom disse.

Na volta pra casa, todos estão dormindo enquanto Tom e eu trocamos carinhos aqui atrás, aproveitando o restinho da nossa noite.

- Tenho a sensação de que fui atropelada por um caminhão. - digo, tirando meu tênis assim que chegamos no quarto.
- Ainda não acredito em tudo que aconteceu no dia de hoje. - Tom diz, enquanto escova os dentes.
- Eu adorei a surpresa, lindo. - digo a ele. - Mas não consigo esquecer o que aconteceu com Georg, em como ele teve a capacidade de tomar o Buddy praticamente de meus braços.
- Eu já imaginei que ele faria algo assim. Ou pior. - diz, saindo do banheiro. - Eu sempre alertei sobre ele, mas vocês nunca me escutaram, achavam que era ciúmes de minha parte.
- E não era? - digo, sentando na cama.
- Também. - ele diz, sorrindo. - Preciso tomar banho.
- Ah, não conte comigo. Sem banhos por hoje. - digo, dando risada.
- Tudo bem, porquinha. - saindo de minha vista, consigo ouvi-lo imitando um porco e só consigo dar risada disso. Esse clima de brincadeira me faz esquecer de pelo menos uns 50% de tudo que estamos passando nesses últimos dias. E caralho, nem há dez anos atrás a gente passou por tanto perrengue, não tinha tanta gente envolvida ou se metendo entre nós. Saudades 2010. Adormeci em meio a esses pensamentos.

Acordo com meu celular tocando, mas não me lembro de ter colocado alarme ou algo do tipo. Esticando minha mão, consigo alcança-lo e atendo sem ver quem era.

- Alô? - digo, ainda de olhos fechados.
- Bom dia, Celine. Aqui é o Stefan. - Stefan é um dos advogados e pau mandado de meu pai, o qual por tamanha lealdade e consideração, se tornou meu advogado também.
- Ah, bom dia Stefan. Aconteceu alguma coisa? - perguntei, acordando Tom, sem querer.
- Os advogados de Georg entraram em contato comigo, sobre a venda do apartamento.
- E aí?
- Você precisa assinar uns papéis, constatando que você recebeu a sua parte. O apartamento foi vendido. - ele diz, mas a notícia não tem o impacto que eu queria. Aqui Georg e eu cortamos todo e qualquer tipo de laço que havia restado entre nós.
- Tudo bem, estarei voltando pra Berlim ainda hoje. - digo, observando a cara de Tom.
- Como é? - Ele perguntou, surpreso pelo que eu disse ao telefone.
- Obrigado, Celine. Boa viagem. - se despediu, encerrando a ligação.
- Berlim? Porque? - Tom perguntou, se sentando na cama.
- Georg vendeu o apartamento. Eu preciso retirar as minhas coisas de lá, e assinar uns papéis também.
- Mas tem que ser agora? Não pode esperar a turnê acabar? Só faltam duas semanas, Cely. - Tom diz, nervoso, provavelmente não quer que eu vá embora.
- Eu tenho certeza que isso é coisa do Georg, para nos afastar. Mas infelizmente eu não tenho o que fazer, lindo. - digo, segurando seu rosto, encostando nossas testas.
- Odeio esse filho da puta!
- Veja pelo lado bom... - digo, procurando algum lado bom. - Pelo menos agora vamos cortar qualquer tipo de laço que possa ter entre nós.
- Mas eu não vou poder estar com você. - ele diz, e posso ver tristeza em seus olhos. Preciso me manter forte, mas tudo que eu mais queria era ficar colada nele para sempre.
- Nós temos a vida toda juntos. - falo, tentando conforta-lo.

- E porque esperar? - diz, me pegando de surpresa. - Vamos casar logo. Dá entrada nos papéis, sei lá o que precisa para casar. Faz tudo como você quiser, eu não vou interferir, só quero ficar logo com você.
- Tem certeza de que quer isso? - pergunto sorrindo.
- Tenho. A gente se casa logo após a turnê. - ele bate o martelo nessa decisão e quem sou eu para discordar.

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora