20° capítulo

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Quando saio do banho, fico conversando com Bill enquanto me arrumo, observando ele tirar as coisas da minha mochila. Visto um conjunto de moletom confortável e começo a pentear meu cabelo quando ouço a porta se abrindo logo atrás de mim.

- Georg. - Bill se assusta ao vê-lo, mas ele não responde. Georg me olha, sem desviar seu olhar em nenhum momento.

- Pode nos dar licença, Bill? - ele pede.
- Claro. - Vejo Kaulitz saindo do quarto, fazendo um sinal de figa logo atrás de Georg antes de ir.
- Eu estava te esperando. - digo, tirando o excesso de água dos meus cabelos com uma toalha.
- Estava me esperando? Tem certeza que era a mim que estava esperando? - a frieza em sua voz é perceptível.
- A gente pode conversar? - peço.
- Sou todo ouvidos, Celine. - diz, sentando-se na cama.
- Eu posso explicar. - digo, mas na verdade eu nem sei o que dizer.
- Explicar o que? Que os três anos que vivemos juntos foi uma mentira? Que enquanto você estava comigo você era completamente apaixonada por ele? Como vai me explicar isso? Ah, já sei! Vai dizer que não, que não o ama e que adora a nossa vida de casados? Acertei? - ele ironiza.
- Não é verdade! Durante todo o nosso relacionamento eu fui sincera com você, eu te amo, Georg.
- Que amor é esse, Cely? Que trai, que mente. Você só esperou que eu virasse as costas e correu para os braços dele. E eu juro por Deus que não te culpo, Cely... Minha maior inveja é que é a ele que você ama, e não a mim. - disse, mexendo na aliança, de cabeça baixa.
- Mas eu te amo! - insisto nisso, porque realmente é verdade.
- Você não me ama, Cely. Você só está acostumada comigo, acostumada a me ter em sua vida, acostumada com o que temos, mas amor... Amor não tem. - ele diz.
- Você precisa falar a verdade pra si mesma, pelo menos uma vez na vida. - continuou.
- o que quer dizer com isso?
- Você não quer aceitar que ama o Tom, por tudo que ele já te fez passar anos atrás. Acha que amar ele é a mesma coisa que se permitir levar um segundo tiro,  porque o primeiro não te matou.

Suas palavras são duras, principalmente por virem de alguém que eu realmente sei que me ama e que conviveu comigo por longos anos. Minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto de um modo descontrolado.

- Eu fui um tolo de achar que poderia me meter entre vocês, me meter em algo que não havia acabado. E pelo visto realmente não acabou. - um silêncio ensurdecedor paira pelo quarto assim que ele termina de falar.

- A minha maior prova de amor que posso fazer por você vai ser te deixar ir, te deixar ser feliz, mesmo que a sua felicidade não seja comigo. - ele diz, pegando as suas malas.
- Onde você vai? - pergunto, segurando suas malas, impedindo que ele saia.
- Eu vou ficar em outro quarto. - tenta pegar suas malas, mas eu insisto em segurá-las. Não quero que ele se vá.
- Não! Você não pode ir embora, não me deixa, Georg. - imploro, chorando alto.
- Não é a mim que você tem que impedir de ir embora, Cely.

Ouvindo a confusão, Tom aparece na porta de seu quarto, me observando enquanto choro segurando as malas de Georg. Tom vem até mim, segurando minhas mãos, impedindo que eu puxe as coisas de Georg.

- Pronto... Agora eu sei que não vai ficar sozinha. - Georg diz, olhando para nós dois, sumindo logo depois pelos corredores do hotel. Aos prontos, sou carregada de volta para a cama, sendo aconchegada entre os lençóis por Tom.

- Porque você está aqui? - pergunto chorando, enquanto ele se deita ao meu lado, me puxando para que eu fique com a cabeça em seu peito.

- Não era isso que eu queria ouvir. Não queria ouvir você dizer que ama outro homem ou te ver implorando para que ele não fosse embora da sua vida. Mas esse é o preço que eu pago por amar alguém que não me ama. - diz, enquanto faz carinho em meus cabelos.

- Nunca foi minha intenção magoar vocês. - digo, choramingando.
- Eu sei que não, linda. Mas você só está se magoando mais, tentando não magoar um de nós.

Seus carinhos são leves e lentos, seu cheiro se espalha pelo quarto e o calor do seu corpo é convidativo, quando percebo, já estou dormindo em seus braços. Depois do dia de hoje, era apenas disso que eu precisava: descanso e amor. Ignorar o meu sentimento por Tom é ridículo, tudo o que fiz tentando ignorá-lo foi magoar nós três.

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora