A Cely de anos atrás estaria completamente desesperada com essas notícias bobas de tablóides, mas sinceramente, isso já não é mais problema meu. Com tanto que não me envolvam mais nessas fofoquinhas, estou bem tranquila. Loira misteriosa.
- O que? - Sofie pergunta, me tirando de meus pensamentos.
- O que?
- Você falou alguma coisa, Loira misteriosa, eu acho. - acabo percebendo que pensei alto. Mostrei a foto que os paparazzis tiraram a ela.
- Você e o Tom? - perguntou, surpresa.
- Sim. - bloqueio meu celular, deixando-o sobre a mesa ao meu lado.
- O que vocês vão fazer?
- Eu? Porque eu teria que fazer alguma coisa? - digo, rasgando o pedaço de papel onde fiz a lista de compras.- Porque você está na foto?! - diz, como se fosse algo óbvio.
- Não, não. - Pego o telefone, mostrando novamente a publicação do blog. - Loira misteriosa. Não tem meu nome aqui.O nome de Tom aparece na tela, indicando que ele está me ligando, o que faz Sofie me olhar toda boba. Me afasto dela, observando a rua de casa pela janela, e atendo sua ligação.
- Pensei que você odiasse ligações. - digo, assim que atendo.
- E odeio. Mas infelizmente você não me respondeu. - responde.
- Desculpa, eu também tenho uma vida, sabia? - digo, de modo brincalhão.
- Chegou bem? Está tudo bem? Sofie foi te buscar? - ele me encheu de perguntas, mas sei que só queria um motivo para falar comigo.
- Sim, sim e sim. - digo, rindo dele.
- Estou sentindo a sua falta. - diz, partindo meu coração.
- Também estou sentindo a sua falta.Anoitece e nem vi, Tom e eu passamos horas em ligação, falando bobagens e nos declarando um para o outro. Em um certo momento de nossa chamada, Sofie apareceu diante de mim, pegando a lista de minhas mãos. Quando me dou conta, ouço o barulho da porta abrindo e vejo Sofie, com as sacolas de compras. Em que momento ela saiu?
- Tom, eu preciso desligar. - digo, percebendo que perdi totalmente a noção do tempo.
- Sério? - ele diz, abrindo a boca.
- Sim, e você deveria dormir. Amo você. - digo baixinho, encerrando a ligação antes que me diga mais alguma coisa que me faça ficar.- Não adianta, eu ouvi. - ela diz, tirando as coisas da sacola.
- Eu não te vi saindo. - digo, mudando de assunto.
- Também, estava só amores com esse celular. - diz, brincando.
- Para me desculpar, vou fazer o jantar. - digo, abraçando ela e lhe dando um beijo na bochecha.Faço nosso jantar enquanto ela entra em contato com meus pacientes, avisando a todos que estou de volta. Decidi que não posso parar a minha vida por causa de uma separação. Preciso também de um novo apartamento e peço para que ela se informe sobre possíveis apartamentos disponíveis e que caibam em meu orçamento. Assim que o jantar fica pronto, nós duas nos sentamos na mesa e começamos a comer. Lembro-me de Georg, de todas as vezes em que jantamos juntos nesta mesma mesa, de como cada detalhe do apartamento foi escolhido por nós dois e como aqui fica vazio sem a sua presença. Suas roupas no closet e seus objetos pela casa, criam em minha cabeça uma ilusão de que ele possa voltar.
- Cely? - Ouço a voz de Sofie, que parece tão distante em meus pensamentos. - Seu celular.
Ela diz, apontando para o meu celular que vibra com a chamada de Tom.
Passamos as duas últimas semanas assim, entre chamadas de vídeos e ligações convencionais. Sempre intercalando, quando eu não ligava, ele me ligava e assim foi. Meus dias foram de trabalho, academia e buscas por apartamentos que me agradacem, mas não achei nenhum que pudesse chamar de lar. Minha salvação nesses dias foi a Sofie, que continuou aqui no apartamento comigo.Os advogados de Georg entraram em contato comigo sobre a minha parte no apartamento, logo depois que as segundas fotos vazaram e eu entendo totalmente o seu lado e admito que vacilei.
Nesse meio tempo, Tom e eu nos aproximamos ainda mais e dessa vez foi além de sexo, além de toques físicos. Eram provas de amor em palavras, em pequenas expressões através de vídeo chamadas. Agora ele consegue reconhecer pela minha voz quando estou triste ou até mesmo cansada, e isso só me faz ama-lo ainda mais.
Assisti alguns ensaios e alguns shows também, onde Tom fazia questão de levar o notebook para onde fosse, ele dizia que queria me ter por perto. Fiz uma playlist com músicas, tipo War of hearts, infinity, West Coast, reflections, heartburn e outras que me faziam lembrar dele e lhe mandei, mas segundo ele, nenhuma falava tão bem da nossa relação.
- Não vai acreditar onde eu estou. - digo.
- Em casa? - Tom perguntou.
- Talvez. Estou visitando um apartamento que Sofie achou. Você iria adorar a vista daqui. - digo, quando na verdade o meu coração está destruído por estar longe dele. Berlim não está sendo o recomeço que achei que seria, Tom me faz muita falta e me pego pensando se estou fazendo a coisa certa.- Mas é você que tem que gostar, Cely. - ele diz do outro lado da linha.
- Eu sinto tanto a sua falta. - digo, me controlando para não chorar, sentando no chão desse apartamento escuro e vazio.
- Eu queria tanto poder ir te ver, mas ainda tenho tantos shows. - sua voz sai triste, e decido que não quero mais isso.
- Me espera, tô voltando pra você. - digo, desligando o telefone. Me levanto desse chão sujo, batendo em meu corpo para que a poeira saia. Berlim não é mais o que quero. Se é em Los Angeles que o meu amor está e eu serei feliz, Los Angeles que me aguarde.Pego meu carro e saio depressa pelas ruas da cidade, correndo o máximo que posso e eu confesso que adoro a sensação de poder andar em alta velocidade. Subo os quatro andares até meu apartamento, abrindo a porta de casa com pressa. Sofie está no sofá, provavelmente trabalhando ou estudando.
- Sofie, estou indo embora. - digo, sem nenhuma cerimônia.
- Como é? - me perguntou, surpresa.As músicas que citei, são as que ouço enquanto escrevo.
Obs: amo vc 💖
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𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜
FanfictionContinuação da fanfic Eu vejo você. Onde conto a história de amor entre Cely e Tom que acaba após uma aposta feita por ele junto com seu melhor amigo. Um romance mal acabado pode ressurgir e abalar uma vida inteira. Se Cely tivesse que escolher, que...