68° capitulo

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Tom sempre foi super protetor comigo e na gestação não seria diferente. Ele foi a todas as consultas, todos os exames e até fez aulas para pais de primeira viagem. Realmente, o Tom de 2010 teria um treco ao ouvir isso.

Ainda me lembro de quando escolhemos a decoração do quartinho dos pequenos, da escolha dos nomes e de como ele reagiu quando soubemos os sexos dos gêmeos.

Flashback

O transdutor toca em minha barriga, causando um arrepio devido ao contato com gel gelado. Tom está sentado ao meu lado, segurando minha mão a todo momento.

A imagem na tela nos mostra dois pinguinhos de gente, saltitantes na minha barriga. Tom se emociona ao ver seus filhos pela primeira vez.

- Querem saber os sexos? - Cíntia perguntou.
- Já dá pra saber? - ele perguntou, surpreso.
- Queremos sim. - respondo por nós.
- O bebê número 1 é uma menina. - Cíntia diz, nos mostrando a parte íntima do bebê. - E o bebê número 2 é um garotinho.
- Eu sabia que ia ser pai de menina, caralho! - Tom comemora alto.
- Tom! - repreendo-o pelo palavrão.
- Desculpa. - ele diz, fazendo a gente dar risada.

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Estamos a um bom tempo tentando conciliar nomes bonitos e que os dois gostem. Chegamos ao sexto mês de gravidez e nossos filhos ainda não têm nome.

- Anna? - digo. - Igual ao sonho que tive.
- Eu gosto de Anna. - ele diz, inclinando a cabeça. - Mas Andreas está fora de cogitação. - resmungou.
- Mas era assim no meu sonho. - insisto. - E eu sou a mãe.
- Esse argumento não vale: eu sou o pai. - respondeu. - Quero um nome pequeno, igual ao meu e ao do meu irmão. - Esse menino deve ter o dom de me irritar, pensei. Dom.

- Dom! - digo. - É isso! Dom.
- Dom? - ele repetiu, observando como o nome soa em sua voz. - Dom.
-Anna e Dom. - digo, e sinto um chute forte em minha barriga. - Foi aprovado. - digo, mostrando a barriga mexer.

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- Ele é roqueiro, Cely. Roqueiro gosta de preto. - Tom insistiu.
- Que roqueiro, o que, Tom? Ele mexe ouvindo Love is dead, e daí? - digo, andando igual uma pata. - Sem contar que ele vai dividir o quarto com a irmã.
- E se ela gostar de preto também? - ele diz entrando em minha frente.
- Eu vou te bater se você não desistir de colocar preto no quarto dos gêmeos. - digo, bufando.
- Cely, fala sério. - ele insiste. Conhecendo o marido que tenho, sei que ele não vai me deixar em paz e decido usar o meu golpe mais poderoso contra ele.
- Ai. - digo, parando e colocando a mão sobre a barriga.
- Tá bom, tá bom. - disse, erguendo os braços como quem se entrega. Dou-lhe um beijo carinhoso e saio dali, ganhando mais uma batalha contra meu esposo. Cely 1.0000 X Tom 0.

Fim de flashback

Estamos no oitavo mês de gestação e eu me sinto completamente exausta. A barriga pesa demais, já que os bebês pesam mais de dois quilos, os seios estão enormes por conta do leite e as minhas costas doem por carregar tudo isso.

Tom está terminando de arrumar suas malas para sair em turnê com a banda. Decidiram fazer a turnê agora, antes que os gêmeos nasçam.

- Quem inventou essa porcaria de turnê um mês antes dos meus filhos nascerem? - Tom diz assim que entrei no quarto.
- Ainda faltam um mês, Tom. - digo, tentando confortá-lo. - Ou mais. É no tempo deles, meu amor. - falo, acariciando o barrigão que os gêmeos formam.
- Eles são meus filhos, Cely. Vão só esperar eu virar as costas para querer nascer. - ele diz, me fazendo rir.
- Podemos combinar alguma coisa. - digo, procurando uma saída. - Quando estiverem em Riverside eu vou assistir o show de vocês. Nós vamos, na verdade. - chego próximo a ele, para que possa tocar na barriga.
- Espero vocês em Riverside, estão me ouvindo? - perguntou, falando com a barriga e é óbvio que seus filhos responderam, dando um chute forte em minhas costelas.

- Ai. - resmungo.
- Vejo você em uma semana. - ele diz, me dando um beijo antes de sair.
- Eu adoraria levar você até a porta, querido. Mas receio não aguentar descer essas escadas. - falo, sentando-me na cama.
- Te amo. - ele grita, descendo as escadas.


Uma semana depois...

Hoje o Tokio Hotel vai tocar em Riverside e eu prometi a Tom que estaria lá com ele. Enquanto sigo para o ônibus onde eles estão, sou flagrada e seguida por alguns paparazzis que imploram por uma foto da grávida do ano.

 Enquanto sigo para o ônibus onde eles estão, sou flagrada e seguida por alguns paparazzis que imploram por uma foto da grávida do ano

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- Estou exausta. - digo, entrando no ônibus onde estão todos.
- Amor! - Tom diz enquanto vem correndo até mim. Ele me dá um beijo de boas vindas e se agarra a minha barriga.
- Oi meninos. - cumprimento os outros.
- Oi, Cely. - eles dizem formando um coro.
- Preciso me sentar. - digo, caminhando até uma das poltronas.
- Ainda bem que você chegou. Não aguentavamos mais o senhor rabugento reclamando. - Gustav diz, zombando de Tom.
- Eu quero saber quem teve a brilhante ideia de fazer uma turnê um mês antes dos meus filhos nascerem. - digo, brincando.

Todas as vezes que estou aqui nesse ônibus, com todas essas pessoas, eu me sinto uma adolescente. Eles são uma extensão da minha família e eu adoro estar entre eles.

- Muitos paparazzis? - Tom pergunta em meu ouvido.
- Uma multidão. - digo. - Sofie ficou no hotel. - explico.
- Vai voltar para lá? - perguntou.
- Acho que não. Vou pedir para ela trazer a minha roupa para o show. - respondi.
Assim que Tom se afasta, começo a sentir uma espécie de dor nas costas, uma cólica esquisita e acho que estou exagerando nas minhas atividades.

Os meninos já foram para o local do show, mas eu fiquei esperando por Sofie com minhas roupas. A dor parece se intensificar, mas achei melhor não dizer nada a meu marido. Conhecendo-o bem, sei que cancelaria o show e a turnê inteira.

Ando pelo quarto de Tom, de um lado para o outro, tentando amenizar a dor ou me concentrar em outra coisa. Ouço Sofie chegando, com várias sacolas nas mãos.

- Trouxe várias peças, não sabia o que você ia querer usar. - ela diz, me olhando. - Está tudo bem? - perguntou.
- Sofie, a bolsa. - digo, parada.
- Está aqui. - ela diz, levantando a bolsa em suas mãos.
- Não, Sofie. A bolsa. - digo, mostrando o líquido que escorreu em minhas pernas. - A bolsa estourou. Os gêmeos vão nascer!

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora