31° capítulo

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Sábado - 25 de Março de 2017

Semana passada, enquanto eu visitava um dos inúmeros apartamentos, uma chavinha virou em minha cabeça e eu consegui perceber a falta que Tom me faz. A Cely intensa de dezenove anos não morreu, e a prova disso é que estou me mudando para Los Angeles, indo atrás do amor da minha vida. Por mais que eu tente fugir das minhas escolhas, o meu coração não me permite fingir ficar bem com essa saudade que atrapalhava tudo que tentasse fazer. Precisei achar outra médica que pudessem ficar com os meus pacientes que estavam em tratamento comigo, pois não posso simplesmente sair de Berlim e abandoná-los sem apoio. Muitos deles pediram que eu ficasse, diziam que eu era a melhor médica que já conheceram e que eu fiz milagres, mas na verdade eu só amo o que faço e ponho amor em cicatrizes de vida.

Com muita luta, consegui convencer Sofie a vir comigo, já que ela teria que arranjar um novo emprego, um novo lugar para ficar e ficaria sozinha, longe de mim. Com a sua ajuda e presença, tudo ficará mais fácil, até mesmo o recomeço de um novo consultório. A venda do imóvel onde ficava meu consultório foi o que mais me atrasou aqui, eu não poderia ir embora deixando essas coisas pendentes.

A venda foi bem sucedida, os papéis demoraram alguns dias para que fossem assinados, mas tudo foi resolvido. Tive que fazer outras milhões de pequenas coisas, como: trancar a matrícula na academia, cancelar com o corretor todas as visitas que teria e cancelar também seus serviços, me despedir dos meus amigos, dos funcionários e pacientes, um por um, o que acabou consumindo muito do meu tempo durante toda essa semana. Mas algo que me deixou um tanto chateada foi o fato de Tom não ter notado, e se notou, não me disse.

Agora no aeroporto, mando uma mensagem para ele antes de embarcar, dizendo que estou indo trabalhar, quando na verdade estou indo ao seu encontro. Me lembro do que conversamos ontem, quando ele disse:

- Estou feliz que vamos a Zurique, posso pegar um voo rápido e ir te ver. Nem que sejam por poucos minutos.

A viagem de Zurique a Berlim levaria no máximo uma hora e meia, mas eu disse que não daria, que estava trabalhando demais nesses últimos dias e que não daria para vê-lo. Ele insistiu muito, mas disse que entendia o meu lado, mal sabe ele que eu estou indo encontrá-lo. Durante esses dias, pedi para que Sofie ficasse em meu apartamento, para que pudesse cuidar do pequeno Buddy e resolver todas as papeladas e coisas da mudança para nós duas.

O voo não demorou muito e são quase 10:00 da manhã quando chego a Zurique. Pego meu telefone dentro da bolsa, para que possa ligar para Bill, preciso saber onde estão.

- Hi Cely! - ele atende.
- Hi, Queen. Eu preciso da sua ajuda. - pedi.
- Darling, estou muito ocupado. Mas o que seria? - perguntou, e consigo ouvir vozes ao fundo.
- Pode me dizer onde estão? Eu acabei de chegar em Zurique.
- O que?! Está brincando?
- Não - digo, dando risada. - Mas o seu irmão não sabe, eu queria fazer uma surpresa para ele.
- Ele vai ficar tão feliz! - Bill diz, e consigo imaginá-lo dando pulinhos de alegria.

Bill me passou o endereço direitinho, onde eles estavam com o ônibus e eu peguei um táxi que me levasse até eles. De longe, posso ver o ônibus grande e majestoso dessa turnê, que parece ser quase o dobro do antigo. O motorista para e começa a tirar as minhas bagagens do porta mala, mas pela ação suspeita, vejo Adam e mais dois seguranças vindo na direção do carro e antes que algo aconteça, saio, mostrando que sou eu.

- Adam, calma. Sou eu. - Digo, saindo do carro.
- Cely? - ao perceber seu erro, ele corrige. - Srt Flin. O senhor Kaulitz não me avisou, então eu não sabia. Me perdoe. - diz.
- Tudo bem, Adam. Ele também não sabe que eu vim. - digo, toda boba, cobrindo meu rosto com as mãos.
- A senhorita quer ajuda com as malas? - perguntou, muito solicito.
- Por favor. - digo, enquanto caminhamos até o ônibus. - Tom está aqui? - perguntei a ele.
- Está sim, no segundo andar. É a única coisa que ele fez esses últimos dias, Cely. - Adam perde a formalidade assim que nos afastamos dos outros seguranças.
- Eu imagino, Adam. - digo isso por que desde que eu voltei ara Berlim, as únicas fotos o de Tom aparece ele está sozinho, ao telefone comigo ou passeando com os cachorros.

Tenho a ideia de que Adam leve as minhas malas primeiro, para que depois eu entre e o surpreenda. As malas subindo os degraus do ônibus fazem um barulho estrondoso por conta das rodinhas. Consigo ouvir os passos de alguém descendo do segundo andar e imagino que seja Tom.

- Caralho, que susto, Adam. - ele diz, comprovando que eu estava certa. - De quem é isso? - perguntou sobre as malas. - Você comprou mais roupas, Bill?
- Na verdade, essas são minhas. - digo, surgindo na porta do ônibus, que me deixa praticamente de frente para as escadas do segundo andar, onde ele estava.

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora