51° capítulo

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Depois que acabamos de almoçar, todos ajudaram na bagunça. Cada um fez alguma coisa, Sofie e eu ficamos encarregadas de deixar a louça na pia para que Georg lavasse. Bill bateu o pé dizendo que não faria por conta de suas belíssimas unhas.

- Obrigado. - ele pediu, assim que deixei uma pilha de pratos em cima da pia.
- Você é a pessoa mais estranha do mundo. - digo, dando risada.
- Porque? - perguntou, rindo comigo.
- Está agradecendo por ter pratos para lavar?
- Estou agradecendo por ter me desculpado. Ou por estar aqui, ainda não sei ao certo. - assim que ele termina de falar, meu sorriso se dissipa. Ainda não estou acostumada ao Georg bonzinho de novo.

- Eu vi que ficou me olhando durante o almoço. - disse.
- Eu? Você que não parava de me olhar. - digo, indignada.
- Talvez tenha sido. - ele ri. - Fiquei pensando que mesmo separados nós continuamos almoçando juntos.
Sua frase me pegou de surpresa. Antes que eu pudesse dizer que não almoçavamos e sim jantavamos, Tom surge no ônibus. Sua expressão não demonstra muita coisa, ele parece mais confuso.

- Vou subir, Cely. - ele diz, como se quisesse que eu escolhesse entre ir ou ficar.
- Vou com você. - sigo atrás dele.
Tom se senta na cama, quase deitando enquanto eu tiro meus acessórios para tomar um banho.

- Tudo bem aqui? - Tom perguntou, me fazendo olhar para ele.
- Tudo. - digo, tirando os pequenos brincos de safira que foram presentes de Georg.
- Eu vi você olhando para ele, durante o almoço. - Tom diz, com um tom de voz acusatório.
- Ele que estava me olhando! - repito o que tinha acabado de falar lá embaixo.
- A ordem dos fatos não altera o resultado. - posso sentir tristeza em sua voz. - vocês de conversinha na cozinha. O que eu perdi?
- Ele veio me pedir desculpas enquanto estávamos fazendo o almoço.
- E eu não ia saber disso? Ninguém pensou em me contar?
- Não foi nada demais, Tom. Ele apenas se desculpou, todos estavam ali, nada iria acontecer. - digo.
- E você desculpou? - perguntou, incrédulo.
- O que você queria que eu fizesse? Odiasse ele pelo resto da vida? - respondo, enquanto tiro minha roupa seguindo até o banheiro.

Não era bem isso que eu esperava quando vim até aqui. Entro no box, aproveitando a água quente que escorre pelo meu corpo cansado.

- Às vezes acho que errei quando te pedi pra fugir comigo. - Tom diz, assim que entra no banheiro. Sua fala me pega totalmente de surpresa, me deixando confusa em relação ao que ele sente por mim.

- Eu deveria ter te deixado escolher. Devia ter esperado por você, eu não sei... Simplesmente não sei. - ele diz, coçando sua cabeça enquanto circula pelo banheiro.
- Também acho que errei quando fugi com você. - digo, tentando não manter contato visual com ele. - Georg e eu tínhamos uma história juntos, e isso não devia ter acabado assim.

- O que quer dizer com isso? - sua voz está embargada, como se estivesse segurando o choro.
- Não quer dizer que eu não ame você, não. Muito pelo contrário, eu te amo e tenho muita certeza disso. Mas Georg e eu acabamos de nos separar, não é fácil pra mim, não é fácil pra você e também não é fácil para ele.

O silêncio se instala no banheiro e parece fazer morada. O único som existente é do chuveiro, que lava meu corpo enquanto Tom está na porta do banheiro, olhando pro nada.

- A gente pode adiar o casamento se não for isso que você quer, se você ainda não estiver pronta. - disse, mas eu sinto que não era isso que ele queria dizer. Em que ponto chegamos? Estávamos tão bem a poucas horas atrás e agora estamos pensando em adiar nosso casamento, adiar o nosso futuro por alguém que está praticamente entre o nosso amor.

- Você quer isso? - perguntei, fugindo do que ele me propôs.
- Não, mas eu aceito se for o que você quiser. - respondeu, magoado.
Não aguento vê-lo assim, tristinho. Penso no meu golpe e descido usá-lo.
- Pode pegar uma toalha pra mim? - peço, como quem não quer nada.

Tom não responde, mas sai do quarto em busca de uma toalha pra mim. Voltando ao banheiro, ele se aproxima do box, estendendo sua mão para que eu pegue a toalha. Próximo o bastante, puxo-o para dentro do box, de roupa e tudo.

Ao ver que caiu no golpe mais antigo da história humana, Tom começa a rir, me puxando para junto de si, me abraçando.

- É sério? - ele pergunta pra si mesmo.
- Não aguentava mais ver a sua carinha de cachorro que caiu da mudança. - digo, rindo com ele.
- Você ainda não me respondeu. - disse, voltando ao assunto.
- Não, Tom. Eu não quero adiar o casamento. - digo com todas as palavras, para que isso não fique mal entendido.
- Só vamos com calma, tudo bem? Infelizmente Georg não pode sair das nossas vidas e ficar com ciúmes não vai ser nada bom para nossa relação. Pode ser? - pergunto, levantando a sua camisa encharcada.

- Ok. - me respondeu, erguendo os braços assumindo a derrota. - preciso tirar essa roupa.
- Quer ajuda? - pergunto, lançando meu olhar mais malicioso.
- Acesso proibido. - ele diz, assim que colocou sua mão em minha virilha, me lembrando da retirada do diu.
- Tem razão. - digo, fazendo biquinho. Mas a gente ainda pode brincar, penso comigo mesma. Lentamente, me ajoelho no chão do box, sem desviar meus olhos dos seus. Abro o botão da sua calça jeans, que agora parece pesadíssima por estar completamente molhada. Puxo sua calça, depois sua cueca, deixando nu. Com os pés, Tom joga longe suas roupas molhadas.

- Que saudade disso. - ele diz, agarrando meu cabelo. Mas antes que eu comece com meu plano, ouço alguém entrando no quarto. Me levanto rapidamente, enquanto Tom me olha confuso e chateado.

- Vocês precisam ver o iate que eu achei! - Bill diz, eufórico, entrando no banheiro. - Ui, ui, ui. - disse, observando nós dois nus no banheiro.

- Estou atrapalhando? - perguntou debochado, se sentando na privada à nossa frente.
- ESTÁ! - Tom diz, aborrecido.
- Poxa, que pena. - respondeu. - Depois vocês transam, vamos falar de CASAMENTO!

Suas palminhas e seu sorriso largo dizem o quanto ele está feliz e empolgado com esse casamento. Só não saberei dizer se é pelo casamento em si ou pelo fato de organizar algo luxuoso e extravagante como ele sempre gostou.
- Nós já estávamos falando em casamento. - Tom diz, bravo.
- No casamento ou na lua de mel? No caso de vocês só lua, né? - diz, me fazendo dar risada. - Depois você enfia a língua na boca da Cely de novo.

Bufando, Tom sai do box nu, me deixando com a toalha. Acho que alguém não gostou dessa interrupção.

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora