58° capítulo

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Geralmente Cely acorda antes de mim, mas talvez por estar muito cansada, ela continuou dormindo. São quase onze quando olho o relógio e estranho o fato de estarmos viajando. Desço as escadas rapidamente, indo atrás do meu irmão.

- Porque a gente já saiu? - pergunto, confuso. Bill está sentado em uma das poltronas, junto a Sofie fazendo alguma coisa em seu notebook.
- Mamãe não quis ver vocês. - me respondeu, triste. - Foi um pedido dela.

Bom, isso me pegou de surpresa. Não imaginei que ela estivesse magoada a esse ponto. Nunca fiquei sem falar com a minha mãe, mesmo nessa vida corrida de turnês e shows, então isso vai ser bem estranho.

- Cely vai ficar arrasada quando souber. - Sofie diz, balançando a cabeça em negativa.
- E quem disse que ela vai saber, ameba? - digo, revirando os olhos e ela me retribui, mostrando o dedo igual uma criancinha.
- Não vai contar para ela, né? - Bill pergunta.
- Não. Acho que a cota de problemas de Cely já se esgotaram, não quero que ela ache que minha mãe a odeia. - digo, coçando a cabeça.
- Porque é justamente isso que mamãe está sentindo agora. - meu irmão reforça o que eu já sei. Bufo em resposta, cansado dessas coisas também. - Já escovou esses dentes hoje? Urgh, que bafo!

Ameaço bater em Bill, mas logo em seguida assopro minha mão para ver se é verdade o que ele diz.

- Bom dia, pessoal. - Cely diz logo atrás de mim, me pegando de surpresa.
- Bom dia. - eles respondem. Se juntando a mim, Cely me abraça de lado.
- Aconteceu alguma coisa? - ela pergunta, fazendo todos nós ficarmos em alerta. - Todos juntos aqui embaixo.
- Estou resolvendo umas coisas do seu casamento, olha isso. - Bill diz a ela, virando seu notebook para que ela veja um arranjo de flores enormes.

Enquanto escovo os dentes, ouço meu celular tocar em cima da cabeceira. Termino e vejo o nome de Andrei nas chamadas perdidas e retorno sua ligação.

- Fala Tom. Achei umas três casas do jeito que me pediu. Mas eu achei um apartamento que é a sua cara. - ele diz, assim que atende a ligação.
- Eu pedi casa, amigão. Me manda só as fotos das casas. - digo, reforçando o que eu havia pedido.
- Beleza. - disse, encerrando a ligação.

- Que clima estranho. - Cely diz, retornando ao quarto.
- Porque? - pergunto.
- Sei lá, parece que tem algo errado. - ela diz, se juntando a mim na cama. Seu cheiro é muito bom, me fazendo esquecer até o que eu estava fazendo. Ela encosta a cabeça no meu peito, desenhando coisas aleatórias na minha coxa.

- Como se sentiu ontem? - perguntou, enquanto eu acariciava seus cabelos.
- Sobre? - pergunto, ainda sem entender.
- Sobre Mia e Georg estarem juntos. Acha que é verdade? - sua pergunta me pega de jeito e eu paro para pensar como se senti.
- Sendo verdadeiro? Não senti nada. Eu tenho certeza que isso é mentira, ou pelo menos espero que seja. - digo. - Já imaginou o inferno que seria esses dois na nossa vida?
- Não, não quero nem pensar. - ela diz, dando risada.
- Então pronto. Está tudo bem, Cely. - digo, fazendo com que ela se vire para me olhar. - Não há ninguém no mundo que eu colocaria em seu lugar, está me ouvindo? - falo, segurando seu rosto em minhas mãos para que ela olhe em meus olhos e veja que é verdade o que digo.

- Não há ninguém que pudesse ocupar o seu lugar, Tom. - repetiu minha frase. - Eu te amo.
Vê-la tão próxima a mim, seu cheiro que se espalha pelo quarto todo, o calor do seu corpo próximo a mim e suas palavras doces me fazem agarrá-la, lhe dando um beijo intenso e cheio de desejo.
Jogo-a na cama e me deito sob ela, que envolve suas pernas em meu corpo. O beijo fica mais selvagem, sua respiração fica mais ofegante e o quarto parece esquentar de tanto tesão que há aqui.

Agradecendo os deuses por ela estar usando uma calça de moletom folgada, puxo sua roupa de uma só vez, tirando a calça e a calcinha junto. Rapidamente tiro a minha calça moletom e volto para onde estava, em cima dela.
Suas mãos pequenas seguram meu rosto, me fazendo olhar em seus olhos assim que entro dentro dela. Realmente, não há ninguém no mundo que pudesse ocupar o lugar desse mulher.

- Caralho. - digo, jogando minha cabeça para trás, aproveitando a sensação gostosa de estar dentro dela. Entro e saio, de um modo torturante de tão lento e não sei quem é mais torturado, eu ou ela.

Suas pernas me puxam para mais perto dela, me fazendo entrar ainda mais. Afundo meu rosto em seu pescoço, me deliciando com o seu cheiro e seus gemidos em meu ouvido.

- Eu te amo. - diz, me fazendo olhar para ela.
- Eu te amo ainda mais. - digo, deixando todo o meu amor transbordar por dentro dela e ela me segue.

Continuo deitado em cima dela, até sentir a minha respiração apaziguar novamente. O suor em nossos corpos é evidente e um tanto quanto grudento.

- Vou tomar banho. - ela diz, como se lesse meus pensamentos.
- Posso ir com você? - peço fazendo biquinho, enquanto ela segue para o banheiro.
- Pode. - respondeu mais alto, para que eu pudesse ouvir do quarto.

Quando estou para me levantar, meu telefone vibra várias vezes e eu sei que foi Andrei que me mandou as fotos. De todas que vejo, o apartamento é o que mais me agradou. É uma cobertura, de dois andares, enorme. As janelas de vidro me lembram minha casa antiga e o apartamento de Berlim.
Sinto uma espécie de dejavu quando vejo essas fotos e sei que Cely vai amar esse lugar. Achei a nossa casa.

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora