48° capítulo

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O dia de hoje não foi um dos melhores, mas saber que Cely está aqui comigo e que posso cuidar dela, já me deixa mais tranquilo. Enquanto Cely estava no procedimento, mandei uma mensagem para Andrei, pedindo que ele bloqueasse qualquer conta ou cartão de Mia, que fosse vinculado aos meus. Aproveitei também para ligar para ela, exigindo que ela parasse de me procurar ou me mandar mensagens. O que tínhamos já acabou e eu pensei que ela teria entendido isso.

Como uma criança birrenta, Mia foi teimosa, insistiu que não me deixaria assim tão fácil e que faria o que fosse possível para ficar comigo. Ouvir isso de sua boca me fez arrepiar, pensando no bem estar de Cely. Era o que eu precisava para bloquea-la de minha vida.

O procedimento foi rápido, mas para mim pareceu uma eternidade. Estar aqui me lembrou de quando ela sofreu o acidente e eu quase tive uma síncope por isso. Tentei me manter tranquilo durante todo esse tempo aqui, até rezei, acredita?

São quase onze e meia quando a recepcionista atirada vem me chamar para avisar que Cely seguiria para o quarto. Atirada porque ela usa um vestido tubinho vermelho, que faz seus seios exageradamente grandes quase pularem na minha cara. O olhar dela para a minha virilha é de causar ânsia.

Cely está deitada numa cama, bem parecida com a que ela ficou em Milão. Será que todo hospital é assim? Sento-me ao seu lado, em uma dessas poltronas, esperando-a acordar. Passo um bom tempo apenas admirando a sua respiração, o jeito como seu peito sobe e desce lentamente, enchendo e esvaziando seus pulmões de ar. Cely consegue ser linda até assim, imóvel e hospitalizada.
Quando vejo, ela abre os olhos devagar, de um modo relutante. Não sei o que faço; se chamo alguém, se pergunto se ela está bem.

- Oi linda. - digo, tentando lhe entregar um sorriso de conforto, mas acho que falho na missão. Em resposta ela apenas fecha os olhos devagar, deve estar cansada. Não demora muito, Martha aparece no quarto.

- Olá Cely, como você está? - perguntou, solicita.
- Um pouco dolorida e sonolenta, mas tudo bem. - Você não me disse isso! Pensei comigo mesmo.

-O caso não te pede repouso, essa hora que passou aqui descansando serviu como um tipo de observação. Já tem sua alta. - Martha disse, em tom de brincadeira.
- Cely pode viajar? - pergunto, enquanto Cely me olha confusa.
- Depende. Para longe?
- 1 hora de avião. Vamos para Munich. - tenho show hoje e não vou deixar a Cely sozinha. Se ela não puder ir, foda-se o show.
- Se não houver nenhuma complicação ou esforço demais, não vejo problema. - respondeu tranquilamente.
Ótimo! Durante o caminho até o apartamento, Cely tenta me convencer de que Sofie cuidaria dela enquanto eu estivesse fora, mas isso está fora de cogitação. Sofie é só uma amiguinha, eu sou o homem dela. Quem você acha que cuidaria melhor?

Assim que pousamos em Munique, agradeço a Deus por ter condições de fazer esse tipo de coisa. Fico imaginando como seria ter que viajar com Cely assim, debilitada.

A arena onde vamos tocar hoje é enorme, digna de uma grande banda. Como efeito colateral, tive que trombar com Georg logo que chegamos, infelizmente.

- Vai ficar bem sozinha? - digo, depois de ouvi-la liberando Sofie para que ela possa olhar a abertura do show, em um canto do palco.
- Vão ser só alguns minutos. - Sofie diz, revirando os olhos. Me abaixo, ficando da altura dela, sentada no sofá.
- Sabe que eu posso cancelar o show, não sabe? - falo, olhando no fundo de seus olhos para que ela entenda que não estou blefando.

- Eu vou ficar bem. - respondeu, segurando meu rosto em suas mãos. - O que de ruim poderia acontecer? - disse brincando, antes de me deixar um beijo leve.
Seguimos todos em direção ao palco, juntamente com Sofie. Tudo pronto para o show, mas está faltando alguém: Georg. Não ligo para sua existência, então ignoro a sua falta.

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora