22° capítulo

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- Você conversa muita merda. - Bill diz, passando na minha frente pra que possa socar seu irmão.
- O que eu fiz, porra? - Tom responde, desviando dos socos de Bill.
- Você entra na vida da menina, cria o caos e sai assim? Fingindo que ela não é nada? Que não foi nada? - Bill pergunta.
- Não fui eu que entrei na vida de ninguém. - Tom diz, de modo provocativo, olhando para Georg.
- Claro que não, não havia nenhuma aposta envolvida. - digo, olhando pra Tom que logo entende o meu recado.
- É isso mesmo que vocês vão fazer? Fingir que nada aconteceu? - Andrei pergunta, afastando seu prato, como se tivesse perdido a fome.

- É sim. - Tom responde, debochando de Andrei.
- Você está acabando com a carteira da banda com essas merdas. Garoto problemático, cheio de problema. Todo dia uma putinha diferente, uma merda diferente. Já sabem da nova dele? - Andrei diz, colocando os cotovelos na mesa, olhando para todos nós.

- Sabe que eu posso te demitir, né? Você trabalha PRA MIM. - Tom diz, com medo que Andrei o exponha.

- Foda-se. - Andrei disse. - Ele comprou um apartamento pra putinha particular dele. Uma bagatela de quase 500.000,00 dólares. Sabiam disso? Só pra eles foderem em paz.
Todos da mesa olham para Tom, incrédulos com o que Andrei acabou de dizer. Isso é de extrema extravagância e luxúria, o que me faz ter certeza de que esse homem só pode ser louco. Como resposta, ele apenas dá risada.

- Não dá, Bill. Não dá pra trabalhar assim. - Andrei se levanta, levando consigo os outros dois que estavam com ele.
- Você realmente tem merda na cabeça? Não é possível! - Gustav fala pela primeira vez desde que chegamos.
- Não fode, Gustav. Nem todo mundo se casa com a primeira pessoa que se relaciona. - Ele diz, jogando um guardanapo na mesa. Georg e eu nos mantemos calados no meio dessa confusão.

- Você sabia disso? - pergunto baixinho para Bill, que apenas fica calado, me confirmando que já sabia. Então era isso que ele quis dizer sobre as putas de Tom lhe preocuparem.

- Fala que tá brincando, Bill. - digo mais alto.
- Não começa também, Cely. Você foi viajar com ele porque quis. - Bill responde, já alterado.
- Essa conversa já deu pra mim. - Georg diz, deixando seu café na mesa e saindo. Saio da mesa praticamente cuspindo fogo, indo atrás dele.

- Podemos conversar? - pergunto quando o acompanho. Se fosse Tom, ele teria saído correndo apenas para não conversar comigo, mas Georg é sensato e me ouve.

- Eu queria mesmo falar com você. - diz entrando no elevador e eu o sigo.
- Ah é? Sobre o que? - pergunto, implorando aos céus que tenha sido pra falar sobre nós dois ou uma possível reconciliação.

- Eu quero comprar a sua parte no apartamento. - ele diz, me causando um baque enorme.
- você o que? - pergunto, querendo acreditar que entendi errado.
- Berlim não é a sua cidade. Seus pais, sua vida, Tom... Tudo que é seu está aqui. - ele diz.
- Mas nós somos casados. Eu tenho o meu consultório, a nossa vida. E o Buddy.
- Falando no Buddy, ele vai ficar comigo. E disso eu não abro mão.

Assim que o elevador se abre, Georg sai de dentro dele e eu continuo o seguindo como uma cachorrinha.

- Não, Georg. Tá tudo errado! A gente não vai se separar. - Digo, entrando em sua frente.
- A gente já se separou, Cely. Meus advogados já entraram em contato com o Stefan e tudo que for de seu direito, será seu. - ele diz, segurando meus ombros, me empurrando de lado, para que eu saia de sua frente.

- Boa viagem hoje a noite. - ele diz, seguindo pelos corredores.

Pronto. Agora tive a certeza de que ele não estava brincando quando disse que queria a separação. Você sabe qual é a sensação de ver toda a sua vida sendo jogada no lixo? Todos os seus planos, suas ambições, sua vida, escorrendo pelos seus dedos por uma bobagem que você fez? Pois é, é assim que eu estou me sentindo.

Sinto minha barriga roncar assim que Georg some do meu campo de vista, me lembrando que não como a um bom tempo e que preciso me alimentar. Obedecendo meu corpo pela primeira vez em um bom tempo, sigo de volta para o restaurante, mas dessa vez apenas Tom está lá.
Me sirvo com o café da manhã que o hotel proporciona, pegando ovos, torradas e algumas frutas acompanhado de uma xícara de café preto. Com minha bandeja, sigo até a mesa onde Tom está, sentando-me com ele.

- Voltou para me dar sermão? - ele diz, me olhando sentar ao seu lado.
- Eu não. Não tenho nada haver com a sua vida. Se quer foder em paz, eu não ligo. Não me interessa. - digo, comendo.
- Estava amarrada? - ele pergunta, olhando meu prato. - da última vez que te vi comer assim você estava... grávida.

Assim que ele termina sua frase, olho pra ele, percebendo que foi totalmente sem querer e sua expressão muda instantaneamente de alegre para... Tristeza? Tom sofre por isso?

- Tá tudo bem, Tom. - digo segurando sua mão, fazendo carinho em seus dedos. - Isso já faz muito tempo.

𝙲𝚘𝚖 𝚘𝚜 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘𝚜 𝚘𝚕𝚑𝚘𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora