[POV Valentina Albuquerque]
O cheiro de seu cabelo invadia meu nariz, suas mãos me envolviam com firmeza, tudo que eu queria era permanecer aqui, tudo o que eu PRECISAVA era permanecer aqui.
Eu estava fraca, me sinto assim sempre que meu pai tem esses surtos. Ele fica fora de si, me ofende, machuca.
Por sorte dessa vez ele não resolveu me bater, pelo menos.
O bipe do elevador chegando ao nosso destino me tirou de meus pensamentos.
-Chegamos. - sorri brevemente.
-U-A-U, senhorita Albuquerque. - Luiza parecia impressionada.
-Fique a vontade, vou pegar uma água. Quer?
-Aceito. Pegaram pesado comigo no treino hoje. - a mulher sorriu me fazendo sorrir em resposta.
-Talvez porque soubessem que você dava conta. - falei e me sentei ao lado dela no sofá.
-Me explica o que tá acontecendo?
- Meu pai é narcisista e muito, mas muito manipulador. - desabafei olhando nos olhos dela. -Além disso o Alzheimer dele está progredindo mais rápido do que esperávamos e isso torna ele agressivo desse jeito as vezes, descontrolado..
Enquanto falava, Luiza me olhava atentamente e no meio da última frase senti seus dedos tocarem os meus carinhosamente.
-Eu não sei exatamente porque precisava falar essas coisas com você. Acho que queria te proteger de eventuais situações que podem se desenrolar agora que você treina lá na academia também.
-Talvez, mas você não precisa de motivos específicos pra querer falar comigo... - ela suspirou. -Vou lidar melhor com isso a partir de agora, que bom que meu bem estar preocupa você.
-Claro que preocupa. - sorri de canto deslizando meus dedos pelos dela. -Quer comer alguma coisa?
Já era por volta de 21h30, havíamos feito um treino intenso de quase 3h, comer era necessário para não irmos parar no hospital. Seria irônico.
Me levantei para trocar de camisa e estava no quarto quando ela respondeu.
-Por favor! - ela riu. -Tem um restaurante maravilhoso por aqui.
-Consegue pedir por aí? - parei perto do painel da tv, apoiando na parede.
-Já estou pedindo. - ela me olhou bem a tempo de me pegar vidrada nela. -Que foi?
-Você é estupidamente linda. - falei antes de pensar sobre o peso daquela fala.
-O objetivo era me deixar sem reação? - suas bochechas coraram.
-Desculpa, não era a intenção! - me aproximei para sentar ao seu lado no sofá enorme de dois lugares revestido de couro branco no centro da sala.
-Vai ter volta. - seu sorriso era brincalhão.
-O que pediu? - enquanto eu perguntava, Luiza se aproximava sentando de frente para mim com as pernas cruzadas.
-Pedi hambúrguer... - ela me olhou como quem esperava aprovação.
-Depois do treino de hoje, não aceito menos que isso.
-Valentina... - Luiza buscava com cautela as palavras certas. -...sobre a situação com o seu pai, eu..
-Eu só não quero que esse jeito dele machuque você. Ele é imprevisível.
-Mas qual o sentido de descontar sempre que pode em você? - a mulher agora de rabo de cavalo sentada à minha frente parecia atenta.
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Predestinadas - Valu
FanfictionLuiza e Valentina são cirurgiãs de um dos hospitais mais renomados dos Estados Unidos, ambas são bem sucedidas e parecem ter o próprio futuro garantido, mas as relações complicadas em que se envolveram nunca permitiram que fossem realmente felizes. ...