[POV Samantha Albuquerque]
- Você vai precisar ser internada também se não dar um tempo com a doação de sangue, amor – Duda tentava a todo custo me fazer parar de coletar sangue, eu podia coletar 10 frascos dentro do período de 12 horas, já havia coletado 15 em 6 horas desde o momento em que soube do acidente.
Já é por volta de 2h da madrugada, minha irmã e Luiza estão em cirurgia há 5 horas, não sei o que aconteceu e muito menos como, só sei que ninguém me fala absolutamente nada e algo me diz que estão escondendo a gravidade da situação.
- Senhora Albuquerque? - o cirurgião geral que veio operar Valentina entrou na sala de espera privada no andar VIP.
- Ela está viva? - olhei no fundo dos olhos dele tentando buscar alguma resposta.
- Olha.. - o homem hesitou.
- É uma resposta de SIM ou NÃO! - levantei bruscamente ficando frente a frente do cirurgião, o encurralando na parede.
- Samantha! - Duda me puxou pelo braço me fazendo recuar. - Desculpa, Dr. Jorge.
- Sem problema. - ele me encarou. - Sim, ela está com vida, mas em coma induzido. Os danos foram severos, a barra de ferro acertou seu baço deixando-o totalmente destruído.
Respirei aliviada ao saber que minha irmã estava viva, mas o que me preocupa agora são as sequelas que isso vai deixar.
- Causou danos à coluna dela? - questionei.
- Só teremos certeza quando ela acordar, mas havia uma compressão no nervo ciático dela que poderia ter causado paralisia total caso não tivesse sido solucionada a tempo. Ela está no quarto, agora é questão de tempo e paciência.
- Obrigada por cuidar dela. Desculpe por ter estourado com você.
- Se fosse minha família eu não estaria diferente, eu entendo. Estou acompanhando o caso de Valentina de perto, qualquer coisa é só chamar.
Do pouco que sabemos, parte é que Luiza está pior que Valentina, o carro pegou o lado do carro em que ela estava, o motorista da picape morreu na hora. Faz horas que não temos notícias.
- Boa noite, algum familiar da doutora Luiza Campos? - uma enfermeira desconhecida de cabelos vermelho quase cor de fogo, questionou em voz alta.
- Eu sou irmã dela – Duda mentiu sobre o grau de parentesco com a amiga e posso com certeza entender o porquê.
- Certo, sou a enfermeira Joy. A senhorita Campos, está em coma induzido, está bem debilitada. Sua veia cava...
- Oi você é a Joy? - uma mulher entrou na sala sem sequer bater na porta como se tivesse liberdade pra isso. - Por favor...me disseram que você tem notícias da nossa filha!
- Droga, droga, droga! - Duda sussurrava baixinho enquanto se escondia atrás de mim segurando minha mão com força.
- Qual o nome de vocês?
- Mônica e Júlio Campos, somos os pais de Luiza. - um homem alto e de cabelos grisalhos chegou logo atrás da mulher também alta e de cabelos presos em rabo de cavalo.
- O que ela faz aqui? Chame a segurança, Eduarda não tem autorização pra chegar perto dela! - ela falava como dona do lugar, e aos berros.
- Acho que você precisa se colocar no seu lugar e abaixar seu tom. - me aproximei dela e a olhei nos olhos.
- Senhores, por favor, acalmem-se. Luiza precisa da família dela agora, com licença senhoritas Samantha e Eduarda - Joy abriu a porta para que saíssemos
- Amor, vem. A gente dá um jeito de saber dela - Duda me puxava enquanto tentava não deixar as lágrimas correrem por seu rosto.
Saímos da sala de espera ás pressas rumo a algum lugar onde eu pudesse acalmar Duda que estava tendo uma crise de choro.
- Amor, por favor, se acalma. Por que ver eles te deixou desse jeito? - estávamos no terraço do hospital.
- Você não os conhece como eu, na realidade não os conhece como Luiza conhece.
[POV Eduarda Álvares]
Os pais de Luiza eram o pior tipo de pessoas preconceituosas que eu já vi, esse tipo de discurso é bem ultrapassado, mas para eles, homossexualidade, bissexualidade e afins eram a coisa mais abominável do planeta.
Eles não só pensavam assim como também criaram campanhas em diversas igrejas e depois em cidades inteiras para aplicarem a versão deles de "Cura Gay" usando claro, a bíblia como base para tal.
Enquanto eles iam apenas pregar e falar um monte de asneiras em locais públicos, era um absurdo, mas ainda assim mais aceitável do que se seguiu.
Mônica e Júlio começaram a usar desse movimento religioso para literalmente e no pior sentido possível caçar pessoas do meio LGBTQIAP+, e principalmente aquelas que possuíam influencia na sociedade de alguma forma como empresários, políticos locais e de outros países, donos de hospitais, influenciadores grandes, qualquer pessoa capaz de mudar ativa e positivamente o meio e a sociedade como um todo. Para tal, eles não mediam esforços, cometendo sequestros, assassinatos e claro, roubando o dinheiro dessas pessoas.
- E como que Luiza sobreviveu a eles? - Samantha me olhava incrédula.
- Ela nunca expôs como se sentia em relação a sua sexualidade, só fazia isso comigo. Além do mais eles literalmente deixavam ela trancada em casa desde criança. Como ela saiu de casa não cabe a mim contar, mas o que você precisa saber é que com certeza eles estão por trás de tudo o que aconteceu com minha amiga - a emoção implodiu como lava saída de um vulcão em erupção. - Não posso perder a Lu, amor
Samantha me envolveu em seus braços e com o rosto escondido em seu ombro dei vazão a toda angústia e desespero que me atormentavam. Eu não posso perder minha irmã de coração.
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Predestinadas - Valu
FanfictionLuiza e Valentina são cirurgiãs de um dos hospitais mais renomados dos Estados Unidos, ambas são bem sucedidas e parecem ter o próprio futuro garantido, mas as relações complicadas em que se envolveram nunca permitiram que fossem realmente felizes. ...