CAPÍTULO 31

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[POV Luiza Campos]

- Podemos ir pra sua sala? - precisava de ar e um pouco de silêncio para não ter uma crise de ansiedade por conta do que aconteceu.

- Com certeza, meu amor - Valentina disse me soltando e agora caminhando ao meu lado pelo corredor.

- Como você tá? - respirei fundo ao chegarmos no andar de sua sala.

- Dentro do possível, bem. - ela me encarou por alguns segundos. - Mas aquilo foi gatilho pra alguma lembrança ruim pra você, não foi?

- Sim, foi. Mas isso não vem ao caso nesse momento. - limpei a garganta. - Me desculpa por ter travado lá no quarto.

- Não tem que pedir desculpa. Não é só porque foi difícil pra mim que não pode ter sido pra você, uma dor não anula a outra. - Valentina acariciou minha cintura enquanto chegávamos em  sua sala.

- Doutora Campos, Doutora Albuquerque, está tudo bem? - Nadine parecia preocupada, afinal, Valentina parecia um pimentão de tão vermelha e eu não estava tão diferente.

- Vai ficar, Nadine. Vai ficar. - respondi seguindo para o escritório logo atrás de Valentina.

- Não deixe ninguém nos incomodar, por favor. - Valentina pediu para Nadine.

- Pode deixar.

(Dê play na música Best Part de Daniel Caesar feat. H.E.R.)

Entrando no quarto de descanso da sala de chefe da cirurgia me virei para Valentina assim que ela fechou a porta atrás de si.

- Meu bem, ele te machucou de novo? - me aproximei dela tocando em seus ombros e deslizando a mão por seus braços. 

- Ele me empurrou, só bati as costas, tá doendo, mas acho que não foi nada de mais. - Valentina tirava seu jaleco e o pendurava atrás da porta.

- Posso examinar? -tirei o meu jaleco e o pendurei junto com o seu.

- Pode, amor. - Valentina tirou seu avental cirúrgico ficando apenas de tênis, calça e sutiã, expondo sua barriga maravilhosamente definida. Assim que tirou a camisa, ela virou de costas pra mim.  - É próximo à lombar.

Conduzi Valentina até perto da cama, e mantendo-a em pé, me sentei lentamente distribuindo beijos por suas costas até alcançar a cama, ficando à altura de sua cintura que era onde ela apontava como sendo o local da dor. Senti a pele de Valentina se arrepiar sobe minhas mãos que deslizavam devagar de sua barriga até suas costas.

- Meu bem, tem um pequeno hematoma aqui, mas não parece ser mais que isso. Se você descansar um pouco logo melhora. - beijei levemente a região avermelhada na pele de Valentina.

- Como não ficar bem com você cuidando de mim dessa forma? - Valentina pareceu esboçar um sorriso.

- Pois é, dizem que o beijo do seu amor verdadeiro é capaz de curar qualquer coisa. - me levantei lentamente acariciando o contorno das clavículas de Valentina e beijando suas várias pintinhas nos ombros. - Vai ficar tudo bem, princesa.

- Então é por isso que seu beijo fez tudo parar de doer? - Valentina virou de frente pra mim, me olhando bem no fundo dos olhos.

- Me diz você, já sei que sou sua mulher. - acariciei seu rosto com as costas de uma das mãos. - Também sou seu amor verdadeiro?

- Que pergunta. - Valentina segurou em minha nuca e aproximou seus lábios do meu ouvido. - Ainda não tá na cara que eu te amo?

Meu coração faltava saltar pra fora do peito, instantaneamente senti minhas bochechas queimarem. De todas as milhares de perguntas que eu poderia ter na vida, a resposta daquela eu sabia que tinha a resposta certa.

- Eu amo você, meu bem. - encostei minha testa na de Valentina sem desviar o olhar do seu. - Bastante. QUEM FALA EU AMO VOCÊ BASTANTE, LUIZA?

- Bastante? - Valentina sorria enquanto aproximava sua boca da minha.

Apenas confirmei com a cabeça antes de nossos corpos finalmente se chocarem. Seus lábios pareciam acariciar os meus de tão leve que era o atrito entre eles. Sua língua pedia permissão para invadir minha boca e eu não demorei sequer um milésimo de segundo para concedê-la.

As mãos de Valentina acariciavam minha barriga por baixo da camisa ameaçando tirá-la  qualquer momento, intensificando a sensação de borboletas na barriga que já se fazia presente desde o começo. Em resposta, passei os braços ao redor de seu pescoço dando espaço para que ela intensificasse o beijo. E ela assim fez.

Me segurando pela cintura, Valentina me conduziu até a cama, caindo por cima de mim. Nossas respirações se intensificaram, deixando bem claro qual seria o próximo passo, mas eu tinha uma outra preocupação agora.

- Amor, -toquei levemente os ombros de Valentina interrompendo o beijo.

- Oi? - Valentina me olhou no mesmo instante. - Tudo bem?

- Sim, meu bem. - me sentei na cama. - Só quero conversar com você sobre o que houve.

- Certo. - Valentina mudou seu semblante no mesmo instante. - Eu não acho que temos muito o que conversar sobre isso.

- Na verdade temos, meu bem. - virei o rosto de Valentina fazendo com que olhasse em meus olhos. - Precisa me contar como está se sentindo.

- Ah amor, eu cansei, sabe? Fico vivendo sempre à margem das escolhas que minha família faz, inclusive do meu pai. - Valentina pegou sua camiseta e passou a vesti-la novamente. - Não consigo mais lidar com esses surtos e o Alzheimer está progredindo muito mais rápido do que o esperado.

- E o que pretende fazer?

- Vou interditar meu pai e encontrar um lugar onde ele possa ter a ajuda que ele precisa. Ninguém da família gosta de tocar nesse assunto, mas se ninguém toma uma decisão eu vou tomar. - Valentina deixou seu corpo cair sobre a cama.

- Tem certeza de que é isso que quer fazer? - debrucei sobre Valentina e passei a acariciar seu rosto.

- Essa situação foi tão longe, amor. Eu quase te perdi, já deixei ele me machucar mais de uma vez e simplesmente não posso mais. - ela respirou fundo. - Então sim, tenho certeza.

- Então você tem meu apoio. - sorri dando um longo selinho em Valentina. - Estou muito orgulhosa de você por ter se escolhido e sinto muito que tenha que ser assim.

- Obrigada, meu amor. - Valentina me olhou nos olhos. - Precisa ser assim.


Predestinadas - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora