CAPÍTULO 69

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[POV Luiza Campos Albuquerque]

A cortina que impedia a luz de passar pela grande janela do quarto em que estamos internadas foi aberta bruscamente. A única pessoa que sabe que detesto isso e faria justamente pra me provocar é minha irmã de coração. Duda.

- E ela fala que sentiu minha falta... - minha voz saiu mais rouca que de costume e quase inaudível.

- Bom dia, amiga. Que voz é essa? Se não soubesse que estava dopada até agora diria que você e Valentina fizeram a festa essa noite

- Eduarda! - olhei fixamente nos olhos dela que em seguida voltou o olhar para a cama ao lado da minha, onde Valentina dormia com a cabeça inclinada para o lado oposto do que estávamos.

- Ela nem ouviu!

- Ouvi sim, - Valentina sussurrou ainda de olhos fechados enquanto virava a cabeça em nossa direção. - bom dia, Duda.

- Opa... é... Desculpa? - Duda trazia consigo a bandeja com material para troca de curativos.

- Pra quê pedir desculpa se vai fazer de novo né? Já me conformei - Valentina respondeu em tom divertido e se levantou da cama com dificuldade. Felizmente não deu mais que dois passos para alcançar minha cama.

- Bom dia, senhora Campos Albuquerque - após esboçar um sorriso que fez até minha alma sorrir, Valentina se inclinou o máximo que pode, segurou minhas mãos e as beijou com calma, sem desviar os olhos dos meus.

- Bom dia, esposa maravilhosa - suspirei ao sentir seu cheiro, seu calor, seu toque...nessas camas era impossível ficarmos juntas, abraçadas ou termos momentos mais íntimos. Não falo do sexo em si, mas sim das vezes em que ficávamos horas deitadas de frente uma pra outra conversando sobre tudo e sobre nada. - Que saudade...

Segurei as mãos de Valentina e retribuí o beijo que ela havia dado.

- Ai, chega desse doce todo, minha glicemia vai subir - Duda nos interrompeu. - Samantha está em cirurgia, mas combinamos que eu viria aqui porque precisamos saber qual será o próximo passo de vocês e para trocar seu curativo, Valentina

- Próximo passo? - Valentina ainda não havia despertado totalmente.

- Sim, amor. Estamos muito expostas aqui, então comentei com a Samantha sobre terminarmos nossa recuperação em casa.

- Acho uma excelente ideia, mas precisamos de...

- planejamento e pessoas de confiança. - completei a fala de Valentina.

- Como elas são sincronizadas.

- Isso, amor. Obrigada. - Valentina limpou a garganta. - Bom, não quero que ninguém além de você e minha irmã saibam, por enquanto. Como voltaram os últimos exames da Lu?

- Estão com a Samantha, ela faz questão de fazer a visita e informar sobre o quadro. - Valentina parecia inquieta e incomodada de pé.

- Amor, como está seu ferimento? Posso ver a cicatrização? - olhei em seus olhos e pude ver hesitação em seu olhar.

- Não tem nada demais, a cicatrização está conforme o esperado... só sinto um incomodo, mas não é nada

- Duda, pode nos dar licença, por favor? Eu troco o curativo. - olhei para Duda e sem muito esforço ela me entendeu.

- Certeza? - assenti com a cabeça. - Quando tiverem uma resposta é só me chamar- Duda já falava atravessando o quarto em direção à saída.

- Amor, o que foi? - me sentei na cama e puxei Valentina em minha direção. - Você parece incomodada

Predestinadas - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora