CAPÍTULO 40

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[POV Valentina Albuquerque]

Depois de entrarmos de mãos dadas no hospital, seguimos direto para o RH onde assinamos um termo de responsabilidade que afirmava que estávamos cientes do código de ética do hospital quanto a proibição de tratamento não profissional durante o expediente.

Luiza deveria comunicar a sua chefe direta sobre o relacionamento, ou seja, a mim. Já eu devo falar com a presidente do hospital, Elizabeth Beggs.

Mas eram apenas formalidades, nossa relação no trabalho seria exatamente a mesma e tão profissional quanto a de antes.

Chegando em minha sala, Nadine me olhava sorridente.

- Bom dia, doutora Albuquerque!

- Oi Nadine, bom dia. Tudo bem?

- Meus parabéns, você e a doutora Luiza são muito queridas por mim, fico feliz em ver vocês juntas.

- Nossa, as notícias voam. - sorri sem graça. - Obrigada!

- Disponha. Vou te encaminhar sua agenda de hoje. - Nadine retomou sua expressão séria.

- Certo.

Segui para minha sala e foi tudo tranquilo, pelo menos nos primeiros 40 minutos porque depois disso foi trabalho atrás de trabalho.

Cerca de uma hora depois, chamei Nadine para trabalhar comigo em minha sala para que tivessemos privacidade para vasculhar os prontuários dos pacientes recém operados atrás de mais fraudes por parte do conselho.

- Doutora, tudo bem se eu for almoçar? - Nadine me perguntou quando o alarme de seu celular a avisava que já era 13h.

- Claro, inclusive, pode estender seu almoço, vou precisar ir buscar algo para comer, provavelmente vou demorar.

-Combinado. - Nadine se retirou deixando a porta aberta atrás de si.

Meu celular começou a vibrar continuamente em cima da mesa de vidro do escritório. Minha mãe.

"Oi mãe?"

"Oi filha, como você está? No trabalho?" - sua voz estava mais aguda que o normal. Quer alguma coisa.

"Estou bem, mãe. Bastante trabalho por aqui." - respirei fundo repensando no motivo da ligação. "Papai já está bem instalado por aí?"

"Claro, filha. Ele já está recebendo os devidos cuidados, quanto a isso não se preocupe."

"Então qual o motivo de me ligar?"

"Eu quero conversar com você sobre a repartição da fortuna de seu pai, minha filha." - o que eu disse?

"Não tem o que conversar, mãe. Está decidido, o papai decidiu."

"Mas filha, você não tem capacidade de controlar tanto dinheiro assim. Você é imprudente, descuidada, uma criança... não acho que.."

"É sério que você me ligou pra me desrespeitar? Acho bom parar de duvidar da minha capacidade, caso insista em continuar sendo mesquinha e petulante, tratarei de te tirar da minha vida antes. Passar bem." - desliguei o celular antes que ela pudesse retrucar.

Joguei o celular na mesa e apoiei os cotovelos nela em seguida, escondendo o rosto entre minhas mãos. O tom arrogante de minha mãe sempre conseguia me tirar do sério, mesmo que prometesse a mim mesma que não deixaria isso acontecer. Nenhuma fala que viesse da boca dela era pura ou sem segundas intenções.

Batidas leves na porta me assustaram. Só falta ela ter tido a cara de pau de vir até aqui. Fechei a cara e cruzei os braços sentada em minha cadeira.

Predestinadas - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora