CAPÍTULO 70

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[POV Luiza Campos Albuquerque]

- Vou te passar o quadro clínico da minha irmã porque sei que se depender dela, ela não vai contar tudo que deveria. - Samantha aproveitou que Valentina foi tomar banho e veio falar comigo sozinha.

- Certo, pode falar.

- O vergalhão quase transpassou o abdômen dela, no caminho atingiu o baço que ficou dilacerado e precisou ser removido. - ela fez uma pausa como quem checasse como eu estava antes de continuar. - Em cirurgia também quase a perdemos, um cirurgião externo veio fazer o procedimento
então não sei como estava o ferimento antes, nessa cirurgia o coração dela parou duas vezes. Fora a compressão do nervo que poderia ter paralisado suas pernas.

- E ela enfrentou meus pais? Como?

- Quando ela acordou, a primeira coisa que fez foi perguntar de você. Quando soube que estava em risco, ela levantou e foi até lá pra te tirar do perigo.

- Como ela conseguiu levantar com um ferimento dessa magnitude?

- Ela aplicou adrenalina em si mesma, deu força suficiente pra ela bater de frente com eles e jogarem na cara que é sua esposa. Assim que eles foram removidos pela segurança, os pontos arrebentaram e ela apagou.

- E houve alguma complicação depois disso?

- Não, só refizemos o curativo depois de dar os pontos novamente.

- E você acredita que há mais algum ponto que exija atenção na recuperação dela?

- Luiza, acredito que o maior processo de recuperação que vão precisar passar é o psicológico. Vocês vão precisar ressignificar muitas coisas para voltarem a viver a vida de vocês normalmente.

- Concordo. Tenho certeza que será um processo complicado, cheio de desafios. - olhei para Samantha. - Obrigada por cuidar dela e por ter cuidado de mim.

- Vocês são o casal mais resiliente e unido que já vi, com certeza darão conta. - ela olhou na direção do meu curativo. - Posso?

- Pode sim - me deitei na cama. Em seguida Samantha tirou o curativo e passou a examinar o ferimento minusciosamente.

- Sua cicatrização está muito boa, acredito que possam ir para casa hoje, vou assinar a sua alta e incentivar o outro médico, o que operou Valentina, a fazer o mesmo.

- Obrigada, Samantha.

Ainda era o começo de um longo sábado, o dia em que se tudo der certo iremos para casa. Desde que Valentina teve aquele quadro de inflamação, passaram-se 3 dias.

Uma coisa é certa, chega de hospital pra gente por um bom tempo, além disso, vamos precisar de espaço para nos recuperarmos.

Valentina entrou no quarto vestindo uma calça de linho e camisa social branca de seda, a favorita dela.

- Por nada, vou refazer o curativo. - assenti positivamente ao aviso de minha médica.

- Pode deixar, sorella. Eu faço - Valentina se aproximou da cama em que eu estava me encarando.

- Como pode ser tão linda? - suspirei com aquele monumento se aproximando cada vez mais de mim sem desviar o olhar.

- Eca! Aqui, pode fazer o curativo dela. - Samantha entregou o antisséptico para Valentina e se afastou. - Luiza, você está liberada. Tina, vou tentar conseguir a sua alta.

- Eca? Você e sua namorada não fazem isso né?

- Não, - ela foi se afastando até chegar na porta. - já volto.

Predestinadas - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora