CAPÍTULO 25

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[POV Valentina Albuquerque]

São exatamente 10h da manhã e meu turno acabou de começar.

Se Luiza não tivesse me contado sobre as coisas que estão acontecendo aqui eu dificilmente descobriria, tudo parece exatamente como sempre foi.

- Bom dia, doutora Albuquerque. - uma residente que não conhecia me cumprimentou.

- Bom dia.. - franzi a testa. Todos estavam me encarando, desde residentes a outros atendentes.

Lá se foi a promessa de ser normal. Será que tem alguma coisa na minha cara?

Mesmo com toda a estranhisse das pessoas desse hospital, eu estava sendo solicitada em um leito da emergência e não poderia me dar o luxo de perder tempo precioso da vida de alguém investigando isso agora.

- Albuquerque! - Igor me abordou no corredor do P.S.

- Oi Igor. - sorri brevemente para ele que evidentemente estava me seguindo. - Tá tudo bem?

- Está tudo ótimo! Você não olhou a revista, né?

- Não, por quê? - sempre tive o costume de acompanhar a revista de medicina pela amanhã, mas especialmente hoje, não o fiz, já que estava na casa de Luiza.

- Ah, por nada. Você só é a capa da The Lancet! - Igor vibrava e sorria me abraçando e exibindo a edição da revista que mencionou.

- Jura? Posso ver? - agora com a revista em mãos, finalmente parei para analisar a capa.

Foi publicada minha análise sobre as implicações da cirurgia de correção de escoliose torácica congênita de 50 graus em um paciente de 13 anos, a que fiz no Hopkins há alguns dias.

Era sempre uma surpresa quando algo sobre meu trabalho era visto e divulgado principalmente para toda a comunidade médica, já tive a honra de ser publicada algumas vezes nas duas maiores revistas de medicina dos Estados Unidos, a The Lancet e a American Science.

- Você é uma celebridade!

- Não é para tanto, Igor. - sorri e devolvi a revista para ele.

- Ah não? - Igor apontou para a janela com vista para a frente do hospital e era possível ver alguns jornalistas se aglomerando na porta, sendo impedidos pelos seguranças do hospital.

- Na verdade, é sim. - ri com Igor enquanto me aproximava da emergência. Desviei o olhar para o leito onde fui chamada. - Onde está o paciente?

Uma auxiliar de enfermagem estava esperando no leito.

- Levaram ele para a sala de cirurgia. A doutora Albuquerque pediu para você encontrar com ela lá.

- Como assim? - Igor ainda não conhecia minha irmã.

- Minha irmã. - limpei a garganta. - Preciso ir, depois te explico!

Segui o mais rápido possível para o centro cirúrgico, Samantha ainda não pode executar cirurgias de alta complexidade por causa de seu acidente.

Nem dez minutos depois já havia feito a assepsia das mãos e estava na sala de cirurgia.

- Me atualize, doutora Albuquerque. - falei com Samantha, minha irmã enquanto uma assistente amarrava meu avental.

- Homem de 35 anos, trauma resultante de acidente automobilístico, tem múltiplas fraturas na costela e esterno. - Samantha parou o que estava fazendo para me olhar.

- Onde precisa de mim?

- Tem uma lesão grave na aorta dele, preciso reparar, mas essas costelas estão atrapalhando o caminho, você as repara, eu salvo o coração dele.

Predestinadas - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora