CAPÍTULO 24

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[POV Valentina Albuquerque]

Levantar sem fazer barulho era uma missão quase impossível para mim, sim quase, porque dormindo era o único momento em que não era uma banda de uma mulher só por onde passava e estava.

Com toda precisão e calma do mundo, levantei e me vesti devagar vez ou outra fingindo de estátua quando Luiza se mexia na cama.

Por sorte, perto de sua casa tem uma padaria que faz os pretzels e pães folhados mais famosos de Nova Iorque, pensando nisso queria muito surpreender a pessoa mais importante na minha vida nos últimos tempos.

Lá fora chovia fraco, mas o que castigava era o vento forte e o frio que fazia. Corri para dentro de meu carro e segui até a padaria que pelo que havia visto abria ás 6h.

Optei por comprar alguns pães, pretzels, café e suco, retornando para a casa de Luiza o mais rápido possível para organizar tudo e acordá-la.

Felizmente cheguei em sua casa antes das 7h que era quando seu celular iria despertar.

Na cozinha, procurei pela bandeja de café, montei tudo com o maior cuidado e subi em direção ao quarto.

Não derruba, não derruba. Não é possível que uma cirurgiã seja tão desastrada fora da sala de cirurgia.

- Amor? - sussurrei baixinho ao entrar no quarto e colocar a bandeja na mesa de cabeceira. Luiza se mexeu, mas não fez nem menção de acordar.

Me sentei ao seu lado na beirada da cama e antes de tentar acordá-la novamente, a observei enquanto dormia.

Isso é bem bizarro. Ficar encarando desse jeito, credo.

Os traços de Luiza são de uma delicadeza absurda ao mesmo tempo que são fortes, seus olhos, o contorno de seus lábios marcados, o formato de seu rosto, tudo é tão harmônico que se me dissessem que ela na verdade é uma deusa vivendo entre os humanos, eu não duvidaria.

Acariciando seu rosto lentamente com as costas das mãos senti quase que involuntariamente um sorriso se formar em meus lábios. Eu com certeza poderia acordar ao seu lado todos os dias.

- Meu amor... - me inclinei para beijar sua testa. - Acorda pra tomar café da manhã.

Comecei a lentamente encher seu rosto de vários beijos e aos poucos Luiza foi acordando.

- Como disse antes: posso me acostumar com isso. - Luiza comentava enquanto se espreguiçava.

- Eu não pretendo ir a lugar algum. Bom dia, minha linda. - sorri olhando-a nos olhos.

- Bom dia, meu bem. - Luiza se sentou na cama para receber a bandeja de café da manhã. - O que temos aqui? Pretzels de chocolate?

- Sim! Imaginei que fosse gostar. - sorri me levantando.

- Eu amei! Você é maravilhosa. - Luiza sorriu para mim. - Obrigada, foi um gesto muito fofo da sua parte.

- É o mínimo que posso fazer pela pessoa mais importante da minha vida nos últimos meses.

- Viu? É impossível não se apaixonar por você. - Luiza acariciou brevemente meu queixo antes de começar a comer.

Enquanto Luiza tomava seu café eu me preparava para ir trabalhar, era hora de voltar ao Presbyterian e para minha agenda de cirurgias.

- Você fica tão linda com esse visual casual chique. - Luiza comentou.

- Obrigada, amor. - sorri sem graça. - Amo seus looks de trabalho, sempre tão sofisticada.

- Eu vivia tendo reuniões com o conselho, o que exigia esse tipo de vestimenta, agora posso me vestir de forma mais confortável. - Mas obrigada, meu bem.

Agora já vestida com uma calça social preta, sapato social e camisa de linho branca, eu estava pronta para ir para o trabalho. Luiza se levantou e caminhou em minha direção.

- Promete pra mim que vai viver seus dias no hospital normalmente? - de frente para mim ela buscou meu olhar. - Não quero que se prejudique por minha causa.

- Prometo que vou fazer o possível, amor. - respondi já esperando pela decepção de Campos. - Não sei se consigo simplesmente fingir que está tudo bem vendo tanta gente ser enganada e submetida a procedimentos desnecessários.

- Eu sei que consegue, - envolvi Luiza em meus braços enquanto ela me respondia. - afinal, precisamos manter nossos empregos se quisermos realmente desmascarar esse novo conselho.

- Ok, já me convenceu. Tentarei agir normalmente. - beijei sua bochecha. - Meu amor, preciso ir

- Confesso que adoraria passar o dia com você - a expressão no rosto de Luiza era idêntica a de um cãozinho abandonado.

- Eu também... - Luiza vestia seu roupão para me levar até a porta enquanto descíamos as escadas. - Você vai voltar pra cá depois do seu compromisso de agora cedo?

- Acredito que sim, minha ideia é ficar em casa mesmo, chego por volta de umas 11h da manhã. - Luiza sorriu me ajudando a colocar o blazer antes de sair.

- Entendi, meu amor. Obrigada - peguei minha mala e bolsa de trabalho no sofá antes de me dirigir até a porta da frente. - Prometo que vou te ligar e mandar mensagens o dia todo, tá?

Me aproximei de Luiza o suficiente para que nossos lábios se tocassem dando início a um beijo calmo e que já expressava a saudade que sentiríamos uma da outra.

Coloquei minhas coisas no chão para envolvê-la pela cintura devagar, tendo aquela sensação de borboletas no estômago que era comum quando eu estava com ela. Após alguns segundos encerramos o beijo com a mesma calma que o iniciamos.

- Tome muito cuidado, meu bem. Qualquer coisa me mande mensagem que irei até você. - Luiza sorriu e beijou minha testa.

- Até logo, amor.

- Até logo.

Confesso que estava apreensiva para saber qual seria a postura da presidente do hospital comigo. Apesar de ter prometido não reagir a nenhum ataque do conselho, sei que vai ser bem difícil cumprir tal promessa vendo inocentes sofrerem.

Agora no carro, dirigindo pela cidade e devidamente pronta, era hora de iniciar meu dia e ver o o futuro me reserva.



Predestinadas - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora