CAPÍTULO 77

1.8K 212 102
                                    

6 MESES DE GRAVIDEZ

[POV Luiza Campos Albuquerque]

- Amor, onde vou arrumar morangos orgânicos a essa hora? - mais um pouco e eu choraria de desespero. - Não serve o do mercado?

- Não, Lu. O do mercado é cheio de agrotóxicos, não vai fazer bem pro carinha. - decidimos descobrir o sexo do bebê só no parto, mas sua intuição dizia que é um menino.

- Mas a embalagem diz que é orgânico, princesa. - estávamos sentadas na cama, Valentina encostada na cabeceira e eu aos seus pés com um deles em meu colo fazendo massagem em seus tornozelos inchados.

- Luiza, não precisa ir, eu mesma vou buscar. - ela se moveu para frente se preparando para levantar. Nas últimas semanas temos experimentado mudanças de humor muito bruscas, tem sido bem complicado lidar com essas oscilações.

- Acha mesmo que vai dirigir com esse barrigão aí e tendo contrações de treinamento? - respirei fundo e me dei por vencida. - Eu já volto, qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, você me liga.

Levantei e procurei por um short jeans na gaveta da cômoda, vesti um sutiã qualquer e uma regata.

- Ei... - sua voz saiu manhosa.

- Oi? - olhei em seus olhos antes de sair do quarto.

- Me desculpa, não fica com raiva de mim... - seus olhos já estavam marejados.

- Amor, está tudo bem, só vou o mais rápido possível porque já são quase 22h e eles vão fechar.  - tentar ser compreensiva raramente tem funcionado nos últimos dias.

- Você tá com raiva de mim, você me odeia. - o choro transbordou por seus olhos.

- Meu bem, é claro que não te odeio. - suspirei e me sentei ao seu lado. - Eu te amo e amo nosso pequeno, só está difícil...

- Vou melhorar e ter menos desejos, prometo tá?

- Não é o tipo de coisa que pode prometer, está tudo bem ter desejos, vontades e oscilações de humor, mas é tão constante que torna difícil pra caramba a conversa. Sinto falta da minha mulher..

- Não faço de propósito, não quero te magoar ou machucar, eu ainda sou sua mulher, meu bem. - ela já não me encarava mais. Falei demais.

- Claro que é, me expressei mal. Desculpa. - parei de tentar conter as lágrimas. Valentina pareceu perceber.

- Você precisa poder se expressar, linda. Vou tentar melhorar - ela se levantou com certa dificuldade, a barriga já tinha tamanho suficiente para pesar demais e limitar seus movimentos. - Não chora, vai ficar tudo bem

Seus braços me envolveram em um abraço desajeitado e ali fiquei em silêncio por alguns segundos. De repente senti um cutucão na barriga.

- Ele chutou? - olhei em seus olhos sorrindo como nunca. Ainda não havia percebido os chutes dele, sempre cessavam quando eu me aproximava.

- Oi carinha! Obrigada por cuidar da gente e participar do abraço - Valentina sorria mesmo com as bochechas ainda molhadas com as lágrimas.

- Eu amo vocês mais que qualquer outra coisa - suspirei e senti meu coração se acalmar enfim.

- Nós te amamos muito, Lu - seus dedos de repente estavam entrelaçados em meu cabelo. Sua língua veio de encontro à minha e aos poucos ela iniciou um beijo calmo como dificilmente tem acontecido desde o seu 4° mês de gravidez.

[POV Valentina Campos Albuquerque]

Após concluir o beijo apoiei a cabeça no peito de Luiza. Eu consigo entender como ela se sente, mas ao mesmo tempo é como se minha cabeça fosse uma batedeira e todos os pensamentos, sentimentos e emoções se misturassem dentro dela de forma desordenada.

Predestinadas - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora