6 MESES DE GRAVIDEZ
[POV Luiza Campos Albuquerque]
- Amor, onde vou arrumar morangos orgânicos a essa hora? - mais um pouco e eu choraria de desespero. - Não serve o do mercado?
- Não, Lu. O do mercado é cheio de agrotóxicos, não vai fazer bem pro carinha. - decidimos descobrir o sexo do bebê só no parto, mas sua intuição dizia que é um menino.
- Mas a embalagem diz que é orgânico, princesa. - estávamos sentadas na cama, Valentina encostada na cabeceira e eu aos seus pés com um deles em meu colo fazendo massagem em seus tornozelos inchados.
- Luiza, não precisa ir, eu mesma vou buscar. - ela se moveu para frente se preparando para levantar. Nas últimas semanas temos experimentado mudanças de humor muito bruscas, tem sido bem complicado lidar com essas oscilações.
- Acha mesmo que vai dirigir com esse barrigão aí e tendo contrações de treinamento? - respirei fundo e me dei por vencida. - Eu já volto, qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, você me liga.
Levantei e procurei por um short jeans na gaveta da cômoda, vesti um sutiã qualquer e uma regata.
- Ei... - sua voz saiu manhosa.
- Oi? - olhei em seus olhos antes de sair do quarto.
- Me desculpa, não fica com raiva de mim... - seus olhos já estavam marejados.
- Amor, está tudo bem, só vou o mais rápido possível porque já são quase 22h e eles vão fechar. - tentar ser compreensiva raramente tem funcionado nos últimos dias.
- Você tá com raiva de mim, você me odeia. - o choro transbordou por seus olhos.
- Meu bem, é claro que não te odeio. - suspirei e me sentei ao seu lado. - Eu te amo e amo nosso pequeno, só está difícil...
- Vou melhorar e ter menos desejos, prometo tá?
- Não é o tipo de coisa que pode prometer, está tudo bem ter desejos, vontades e oscilações de humor, mas é tão constante que torna difícil pra caramba a conversa. Sinto falta da minha mulher..
- Não faço de propósito, não quero te magoar ou machucar, eu ainda sou sua mulher, meu bem. - ela já não me encarava mais. Falei demais.
- Claro que é, me expressei mal. Desculpa. - parei de tentar conter as lágrimas. Valentina pareceu perceber.
- Você precisa poder se expressar, linda. Vou tentar melhorar - ela se levantou com certa dificuldade, a barriga já tinha tamanho suficiente para pesar demais e limitar seus movimentos. - Não chora, vai ficar tudo bem
Seus braços me envolveram em um abraço desajeitado e ali fiquei em silêncio por alguns segundos. De repente senti um cutucão na barriga.
- Ele chutou? - olhei em seus olhos sorrindo como nunca. Ainda não havia percebido os chutes dele, sempre cessavam quando eu me aproximava.
- Oi carinha! Obrigada por cuidar da gente e participar do abraço - Valentina sorria mesmo com as bochechas ainda molhadas com as lágrimas.
- Eu amo vocês mais que qualquer outra coisa - suspirei e senti meu coração se acalmar enfim.
- Nós te amamos muito, Lu - seus dedos de repente estavam entrelaçados em meu cabelo. Sua língua veio de encontro à minha e aos poucos ela iniciou um beijo calmo como dificilmente tem acontecido desde o seu 4° mês de gravidez.
[POV Valentina Campos Albuquerque]
Após concluir o beijo apoiei a cabeça no peito de Luiza. Eu consigo entender como ela se sente, mas ao mesmo tempo é como se minha cabeça fosse uma batedeira e todos os pensamentos, sentimentos e emoções se misturassem dentro dela de forma desordenada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Predestinadas - Valu
FanfictionLuiza e Valentina são cirurgiãs de um dos hospitais mais renomados dos Estados Unidos, ambas são bem sucedidas e parecem ter o próprio futuro garantido, mas as relações complicadas em que se envolveram nunca permitiram que fossem realmente felizes. ...