CAPÍTULO 42

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[POV Valentina Albuquerque]

[Lembrança ON]

- Você acha mesmo que eu queria ter que fazer isso? - Giovanna forçava a maçaneta da porta do banheiro. - ABRE!

- Se não queria fazer isso então para! Me deixa em paz! - gritei sentada dentro do box cobrindo os ouvidos para abafar o som dos tapas e pontapés que ela dava na porta.

O momento de tomar banho e me cuidar era o único em que eu podia ter um pouco de privacidade, por isso eu levava o celular para o banheiro comigo e ficava trancada lá dentro enquanto arrumava meu cabelo, limpava minha pele, algumas das poucas coisas que ainda fazia por mim mesma e não em prol dela.

Giovanna ficou irritada dessa vez por eu ter demorado mais tempo do que ELA julgava necessário para arrumar MEU cabelo.

- Não vou te deixar em paz! - ela deu outro chute na porta. - Com quem você tá conversando pra demorar tanto nesse banheiro, Valentina?

- Com ninguém, NINGUÉM!

- Abre essa droga de porta! - a segunda vez que ela acertou a porta com um chute, conseguiu fazer o batente ceder.

Novamente, o monstro desgovernado e raivoso chamado Giovanna Luschesi estava vindo em minha direção e não pararia até me machucar outra vez. Apenas fechei os olhos e me encolhi.

[Lembrança OFF]


- Meu bem? - a voz suave de Luiza me fez despertar. - Amor, tá tudo bem?

- Oi amor. - respirei fundo. - Vamos?

Quinze dias haviam se passado desde que descobri que Giovanna está à frente de todo esse esquema de fraude no hospital em que hoje sou chefe, e há cinco dias que descobri que ela virá aqui para uma reunião com a presidente e todo o setor administrativo e de marketing do hospital.

É inevitável pensar que minha promoção para o cargo de chefe da cirurgia não foi mérito meu, mas sim que tenha sido uma forma de Giovanna me manter por perto. Na verdade, por algum tempo questionei praticamente tudo a minha volta, até meu relacionamento com Luiza.

- Princesa, quer mesmo participar dessa reunião? - eu ainda estava em minha sala, mais precisamente na sala de descanso me preparando para a reunião trimestral, a primeira da qual a CEO da empresa que comprou o hospital participaria. - Você tem a opção de não participar.

- Eu sei, amor. Posso ter a opção de não participar, mas preciso e quero estar lá. Precisarei enfrentá-la em algum momento, que seja do meu jeito e no meu momento. - expliquei me aproximando de Luiza.

Nos primeiros três ou quatro dias em que soube de Giovanna fiquei muito mal, abalada e me distanciei por certo tempo da realidade. Meu primeiro reflexo foi me afastar de Luiza, não me sentia digna de um amor tão intenso e incrível como o dela.

[Lembrança ON]

(14 dias atrás)

- Meu bem, eu entendo que esteja chateada e que o que aconteceu tenha te afetado, mas você está... - Luiza tentou falar, mas a interrompi.

- Não, Luiza. - olhei em seus olhos. - Estou cansada de todo mundo achar que me entende. Você sequer passou por isso pra entender!

- Valentina, não é justo você falar dessa forma comigo. - a voz de Luiza saiu mais grave que de costume devido a seriedade com que falou.

- Você tem razão. Você merece mais, então por que não vai embora? - falei mais alto enquanto sentia as lágrimas rolarem por minhas bochechas.

Predestinadas - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora