CAPÍTULO 17

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[POV Valentina Albuquerque]

- Doutora Albuquerque, sua irmã está te esperando para discutir o plano de cirurgia reconstrutiva.

- Obrigada, Audrey. - me direcionei para o quarto de minha irmã.

Só me restava trabalhar desde o que aconteceu em casa hoje pela manhã. Depois daquilo sequer vi Luiza pelo hospital, tentei mandar mensagem uma vez, não tendo respostas deixei claro que daria seu espaço se era assim que ela desejava.

Chegando no quarto, minha irmã estava sentada encarando o tablet ao lado do cirurgião plástico que iria operá-la junto comigo.

- Boa tarde.

- Oi Tina. - minha irmã me olhou nos olhos e imediatamente perguntou o que tinha acontecido com um gesto com a cabeça.

- Estamos aqui discutindo a melhor abordagem para iniciar a reconstrução.

- Certo.

Discutimos a partir dali a cirurgia e por mais que tenha tentado dissuadir Samantha ela fez questão que seja eu a operar sua mão. Sem pressão.

Após 1 hora de muita discussão decidimos finalmente o passo a passo e o cirurgião plástico especialista em mãos, Jeffrey, se retirou da sala.

- O que aconteceu? - Samantha me perguntou.

- Não aconteceu nada, por quê?

- Não me ofenda. Te conheço o suficiente pra saber que algo aconteceu. - Sam me media dos pés a cabeça. - Tem a ver com aquela médica gata que me salvou não é?

- Samantha!

- Que é, eu sei que tô certa. - já pediu ela em namoro?

- Claro que não. - me dei por vencida. - Ainda não.

E seguimos pela próxima meia hora falando sobre como eu conheci Luiza e do que sinto por ela.

Agora seguindo para o refeitório afim de almoçar antes das próximas cirurgias, a pergunta que mais me torturava era:

O que fiz de errado? Preciso falar com ela!

Fui interrompida pelo celular vibrando em cima da mesa enquanto esperava meu prato.

- Alô?

- Oi Albuquerque! Como vai?

- Senhor Danvers? - Danvers era o chefe da cirurgia do John Hopkins. - Como posso ajudá-lo?

- Temos um caso de escoliose de 50 graus, o paciente tem apenas 13 anos e seu pulmão está comprometido, a cirurgia é a única opção.

- E o senhor precisa de mim no Hopkins. - completei.

- Exatamente. Você é especialista em cirurgias de correção de escoliose desse grau de dificuldade. Precisa ser você.

- Certo, vou conversar com a minha chefe agora e pedir liberação. Preciso comprar as passagens, será que dará tempo?

- Estou mandando o nosso helicóptero pro seu hospital agora mesmo.

- Certo, até logo.

Preciso avisar Luiza.

Comi o mais rápido que pude e me dirigi até sua sala.

- Campos está aqui? - perguntei para sua secretária.

- Sim. Ela está com o presidente.

- Obrigado pela compreensão doutora Campos, ela voltará logo.

- Por nada! É o que esperamos.

- Olha só, falando nela. - o presidente do hospital saiu da sala de Luiza. - Não demore a voltar, doutora Albuquerque.

- Farei o possível para voltar logo, senhor. - sorri sem muita vontade.

- Oi, é.. você precisa, você quer me dizer algo? - seu tom era acelerado, ansioso.

- Sim.

- Por favor, entre.

Seguindo seu comando entrei no escritório da chefe da cirurgia, que fechou a porta imediatamente.

- Valentina, me perdoe por mais cedo. Eu posso explicar porque agi daquela forma... Só é difícil falar disso.

- Luiza, - me aproximei o bastante para tocar seus dois ombros olhando-a nos olhos. - você não tem a menor obrigação de me explicar nada sobre uma decisão que tomou sobre SEU corpo. A não ser que eu tenha te machucado ou deixado desconfortável e isso te afastou.

- Não, eu queria. Eu quero.

- Espera, eu conheço essa fala. - brinquei fazendo-a sorrir e me desmanchar por completo.

- É sério.

- Eu também quero muito, mas não tenho a menor pressa. Porque quando acontecer, será o melhor momento de nossas vidas. - segurei suas mãos e as levei até meus lábios, selando-os nelas.

- Você vai ficar muito tempo por lá?

- Minha intenção é ir, fazer a cirurgia o quanto antes, realizar a consulta pós operatória e vir pra casa. - a encarei. - Volto logo, prometo.

Quando olhei a minha volta, Luiza tinha fechado todas as cortinas da sala e enquanto a acompanhava com o olhar trancava a porta de sua sala.

- Por favor, volta logo.

Senti apenas o impacto do seu corpo se chocando contra o meu e seus braços me puxando para si.

A envolvi então pela cintura tentando mostrar que ela era a pessoa mais importante pra mim e que faria de tudo para voltar para ela logo.

O que tenho com Luiza é o tipo de relacionamento que durante muito tempo tentei evitar. Sei que as coisas entre nós fluíram muito rápido e que para alguns isso seria um choque, mas quando se trata de um amor, existem prazos?

Eu a queria e ela queria a mim, cada centímetro de nossos corpos colados naquele abraço deixavam isso escancarado.

- Antes que dê minha falta, estarei aqui, amor. - a última palavra saiu mais devagar de propósito.

O telefone de seu escritório tocou nos assustando. Apesar de ter se assustado também, Campos me olhava nos olhos aparentemente surpresa pela forma que a chamei.

- Oi, Nadine? - ela atendeu o telefone no viva voz.

- Senhora, o helicóptero acaba de pousar em nosso heliporto.

- Obrigada, Nadine. Avise que a senhorita Albuquerque já está indo.

- Sim senhora! - Luiza colocou o telefone de mesa no gancho.

Campos se aproximou e agora com menos tempo do que gostaríamos, ela iniciou um beijo segurando meu rosto entre suas mãos. Nossos lábios se acariciavam devagar no começo, mas o ato ganhava certa intensidade com o aumento da velocidade.

- Eu preciso ir. - falei entre um selinho e outro enquanto finalizava o beijo.

- Precisa. - Luiza pareceu reunir forças para falar assim como eu tinha acabado de fazer.

- Nos falamos por mensagem?

- Com certeza, meu bem. - sorri com a ideia de ser o bem precioso de alguém, ainda mais de Luiza. É isso que esse apelido carinhoso significa para mim.

- Até logo. - após dar um beijo em sua testa me retirei da sala e depois de pegar algumas coisas no meu armário segui para o heliporto.

Essa viagem inesperada ao Hopkins não é tão simples quanto parece. O motivo que me fez sair de lá continua lá. O ponto é que fiz um juramento e vou cumpri-lo não me importando com quem tentar me impedir de fazer isso.


Predestinadas - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora