CAPÍTULO 41

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****Oi! Resolvi criar uma conta no insta para colocar algumas referências que utilizo/utilizei para diversos trechos da fic.

***E como tem bastante gente me chamando aqui, também quero utilizar lá como espaço para vocês fazerem as perguntas que quiserem sobre a fic.

**O insta é: autorakarynacoelho 

*Agora sim, boa leitura!

[POV Luiza Campos]

- A paciente é Gigi Fields, ela tem 10 anos de idade e uma hérnia incisional na cicatriz de uma colectomia realizada há 3 meses. - uma residente que me acompanhava leu o prontuário roboticamente. Seu nome era Carla, uma residente do primeiro ano.

A mãe no canto da sala parecia além de abalada ter chorado muito, embora olhasse para a filha fixamente, seu olhar era distante. Indecifrável. Isso de certa forma deixava a paciente ainda mais nervosa para a cirurgia.

- Oi, Gigi! Sou a doutora Campos, - a pequena de olhos verdes e cabelos ondulados se encolheu assustada. - Mas você eu deixo me chamar de Tia Lu, tá?

 
Olhar para Gigi era quase como ver uma mini Valentina, seus olhos verdes clarinhos como os dela e cabelos castanhos ondulados como os meus fazia parecer até que Gigi era nossa filha. Pensar em ter filhos nunca foi uma possibilidade tão real quanto é agora. Eu quero viver tudo isso ao lado de Valentina.

- A cirurgia está marcada para.. - doutora Carla voltou a falar.

- Espera. - a interrompi olhando em seus olhos em seguida. - Só um minuto, Gigi.

- Oi doutora?

- Doutora Carla, você não está lidando com um adulto, tenha um pouco mais de sensibilidade por favor. 

- Sim, senhora. Desculpe.

Voltei o olhar para Gigi.

- Posso ver onde dói?

A garotinha assentiu balançando a cabeça desarmando sua posição de defesa e relaxando o corpo sobre a cama.

- O que acha de me ajudar a te examinar? - levantei o avental de Gigi até pouco abaixo de seu peito e já era possível ver a hérnia, um volume anormal em sua cicatriz se assemelhando muito a um caroço.

- Vai doer? - Gigi perguntou segurando minha mão.

-Nadinha, prometo. Você está tomando remédios para não doer. - apoiei a mão em sua cicatriz e coloquei a mão de Gigi bem ao lado da minha. - Sentiu essa bolinha? É ela que vou tirar daqui. Assim você vai parar de sentir dor.

- Obrigada, Tia Lu.. - Gigi saltou no meu pescoço me abraçando repentinamente. - Eu quero voltar a brincar logo.

Por mais que nesses casos seja muito importante manter a distância emocional dos pacientes, não me custava nada corresponder ao abraço de uma criança assustada que não compreende o quanto está em risco. Ainda mais vendo que sua mãe sequer tinha condições emocionais para apoiar a própria filha.

- E você vai! - me afastei de Gigi e sorri para ela. - Doutora Carla, solicite uma ultrassonografia e todos os exames de rotina para seguirmos com a cirurgia.

- Ok, doutora Campos.

- Até logo, Gigi! - acenei me retirando do quarto.


- Doutora Campos! Luiza! - alguém me chamava com urgência. Nadine.

- Nadine? O que houve? Está se sentindo bem? - ela estava visivelmente muito preocupada.

- A doutora Albuquerque. Ela.. - comecei a seguir em direção a sala de Valentina.

- Ela o quê? - Nadine me acompanhava a passos apressados.

- Ela viu alguma coisa na sala da presidência, aconteceu alguma coisa lá e ela voltou muito estranha pra sua sala. - Nadine retomava o fôlego enquanto estávamos no elevador.

- Onde ela está agora?

- No quarto de descanso, ela não me responde.

- Ok, não deixe ninguém nos incomodar, por favor. - assim que as portas do elevador se abriram no andar onde Valentina estava, corri até sua sala.

A porta estava aberta, mas a de seu quarto de descanso não. Bati na porta pedindo permissão para entrar. Sem resposta.

- Amor? - chamei Valentina e nada de ela responder. - Eu vou entrar.

Segurei na maçaneta e fiz o movimento de abrir a porta, por sorte, não estava trancada. Procurei por Valentina no quarto e ela não estava. Ouvi o barulho do chuveiro ligado e segui para o banheiro.

Ela estava em pé, com as roupas que estava quando chegamos aqui, com a cabeça embaixo do chuveiro olhando pro chão, sem reação.

 
- Meu bem.. o que houve? - olhei ao redor e vi um papel do hospital em cima da privada. O peguei nas mãos, parecia ser uma simples ata de reunião do conselho.

A ata era da reunião em que o presidente Benson foi destituído, não havia nada de mais na ata, só os tópicos abordados na reunião em si. Desci os olhos até as assinaturas dos integrantes do conselho e li um a um, até chegar na assinatura e identificação da presidente Beggs. Ao lado de sua rubrica, havia um campo com o nome de Giovanna Luschesi, embaixo dele seu cargo "Presidente do Conselho - CEO do Grupo Médico Luschesi".

Giovanna...Mas será A Giovanna?

- Sim, é A Giovanna, minha ex. - Valentina respondeu como se tivesse escutado meu pensamento.

Puta merda. Agora tudo fazia sentido, Valentina simplesmente estava em pânico e não era para menos visto tudo que ela mulher fez pra ela.

- Princesa, - falei tirando meu tênis, jaleco e o uniforme cirúrgico, ficando somente de roupas íntimas. - vou entrar aí com você e irei te abraçar. Se minha aproximação te incomodar é só falar que me afasto tá?

Lentamente me aproximei de Valentina esperando ela reagir a tentativa de contato, sua reação foi neutra então agora, também de baixo do chuveiro, a abracei repousando seu rosto em meu peito.

 Assim que sentiu o contato de nossos corpos, Valentina envolveu minha cintura com força e parece que abaixou a barreira que havia levantado para conter todas as suas emoções. Ela chorava de forma intensa, a ponto de soluçar.

Era horrível sentir tanta angústia, sofrimento e principalmente desespero vindo da mulher que amo. Ela não merecia passar por tudo que passou, aliás, ninguém merece um "amor" que machuca e faz sofrer.

Ficamos nessa mesma posição por pelo menos mais vinte minutos quando o choro de Valentina finalmente começou a diminuir.

- O que acha de sairmos daqui pra você trocar essas roupas por umas mais secas? - sussurrei antes de beijar brevemente sua testa.

Valentina não disse nada, apenas balançou a cabeça de forma positiva. Fechei o registro do chuveiro e tirei sua roupa ali mesmo, dentro do box. Segurei em suas mãos e após envolvê-la na toalha a conduzi para o quarto. Por sorte sempre deixamos dois uniformes cirúrgicos reserva, algumas roupas e peças íntimas aqui no hospital para eventuais emergências. E essa é definitivamente uma.

Após ajudar Valentina a se vestir e me vestir também, a puxei para deitar na cama ao meu lado para que pudesse descansar. Ela assim o fez, deitando no meu peito e  passando o braço ao redor de minha cintura na mesma hora.

- Ela é simplesmente a dona desse hospital, Lu... - Valentina falou depois de um tempo.

- É, meu bem. Eu vi e sinto muito que isso esteja acontecendo. O que você quer fazer a respeito disso? - acariciei o braço de Valentina.

- Eu sei que não quero ter que vê-la pessoalmente. Eu sei que parece exagero a forma que falo dela, mas acredite, não é.

- Eu nunca duvidei de você, amor. Aliás, quem sou eu pra julgar sua dor e o que você sentiu e está sentindo? - senti Valentina me apertar mais enquanto eu falava.

- Estou com medo do que estou sentindo e das lembranças que isso me trouxe.


Predestinadas - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora