Oitenta e seis

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Maratona Autora ama vocês 3/5

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Bruna 🧸

A pior coisa é ser abandonada pelos pais, mas até que não foi tão ruim já que fui encontrada pelo dono aqui do orfanato e diferente dos outros, aqui fui realmente acolhida.

Já faz 16 anos que estou aqui, e o seu Lucca e a dona Pietra sempre cuidaram de mim, tanto que hoje eu trabalho aqui, faz 1 ano que eles me contrataram como jovem aprendiz daqui e todo o meu salário eu compro livros pra estudar e conseguir passar no vestibular de medicina veterinária.

Eu poderia falar que odeio tudo que eu tenho, odeio ter sido abandonada, odeio morar aqui, odeio tudo! Mas não, eu gosto, gosto de estar rodeada das crianças, de me sentir em família, eu gosto de ler pra eles, sou muito grata por tudo que eu tenho, eu poderia estar na rua agora ou até mesmo morta.

Tinha prendido meu cabelo vestido o uniforme e estava indo tomar café pra começar mais um dia, passei na frente do quarto da filha dele e estava tudo escuro.

Já fazia uma semana que ela estava aqui e a cada dia mais insuportável, sério.

Ela era extremamente mal educada comigo e eu não respondia por que eu não era dessa forma, não tive pais mas tive anjos que me educaram bastante.

Estava tomando café tranquila e vi ela aparecer com cara de sono mas totalmente fechada.

A olho pegar café, fazendo cara feia se sentando na mesa sem falar nada, hoje ela iria ler para as crianças.

Bocejei vendo ela me encarar feio, ela trocou umas 3 palavras comigo somente, descobri o nome dela só no domingo, que ela foi preencher a saída.

Aurora: Que foi? — ela falou grossa.

— Bom dia Aurora — tomei meu café com leite — Não falei nada.

Aurora: Está me olhando com essa cara. — ela tomou o café, com cara de raiva. — O que eu vou fazer com esses pirralhos idiotas? Vocês não tem nada, não tem uma televisão vivem de que

— Eu bocejei apenas Aurora eu em — neguei — Nós temos tudo mas temos regras e temos horários, as crianças tem computador e tem 20 celulares na brinquedoteca mas eles usam com horário, e tv também, você precisa conhecer mais o orfanato que achará as coisas — falei encarando ela — Você irá ler para as crianças hoje...

Aurora: Eles estudam pra que? Se não sabem ler? — ela rio em deboche. — Já sabe quando meu pai vai me tirar daqui? Não aguento mais isso.

— Eles são cegos Aurora por isso eles não lêem, para de ser assim as crianças não tem culpa das suas dores, essas crianças se tornaram cegas e ninguém quer adotar elas por que elas tem — fiz aspas — defeitos, mas elas são puro amor, e eu não sei, licença.

Aurora: E o que eu tenho haver com isso? — ela murmurou quando eu estava saindo.

Respirei fundo voltando pra mesa que ela estava.

— Você não tem haver com nada sabe por que? Você teve amor de sobra do seus pais, você teve carinho, você teve lar, você teve tudo e eles tiveram abuso eles tiveram agressão, quem deveria amar feriu eles, e hoje eles não confiam em ninguém, e precisam de afeto numa simples leitura pra fazer eles esquecer do pai abusando ou da mãe batendo, então realmente você não tem nada haver com isso, você é uma mimada que não consegue ver o outro, o mundo não é como você vê é muito diferente — bati na mesa brava.

Aurora: Quer que eu tenha pena ou dó? — ela levantou, jogando a caneca na pia.

— Que você tenha noção apenas, sua imatura infantil sem noção, você não merece os pais que você tem, você não merece o amor que eles te dão, sabe aquela menininha ali? — apontei pra Aninha na cadeira — Ela foi abusada pelo pai, a mãe queimou ela e jogou da escada e olha o sorriso dela, e você só por que não teve um celular um tênis, tá fazendo birra, acorda pra vida e lave seu copo por que ninguém é seu empregado. — falei indo pra sala de leitura por que ela não iria vir aposto.

Passou uns dez minutos ela veio batendo o pé, com o livro da princesa Aurora, sentando na cadeira no meio da sala, as crianças ficavam sentadas em volta nos pufs.

Eu estava com um ranço dessa menina tão gigante, eu não aceitava grosseria com as crianças, me maltratasse mas eles não.

— Bom dia bom dia bom dia — eles responderam de volta "bom diaaaaaa tia Bru" — Hoje a tia Bru não vai ler, e sim a tia Aurora, todo mundo em silêncio bonitinho por que ela é — falei baixo — brava.

Lulu: Não podi fala txia?

Olhei pra ela vendo ela de cara fechada e que iria deixar ela falar sozinha, então respondi.

— Não pode lulu, só ouvir bonitinho tá bom? — sorri pra ela.

Gabriel: E o Lohan tia? Não vem mais? Biel gosta do neném.

Sentei do lado dele alisando seu rosto, ele era primo de não sei quantos graus do Lohan.

— Lohan tem uma casinha agora, e se a gente rezar bem forte logo mais vocês também tá bom? Mas eu peço pro tio Lucca trazer ele aqui — sorri pra ele.

Aurora: Vou ler a bela adormecida. — ela falou pela primeira vez. — Poderia sair, Bruna?

Balanço a cabeça fazendo que sim.

— Escutem bem bonitinho a história da tia Aurora tá bom? Beijo até mais tarde — levantei do chão, agradecendo por não ter que ficar naquele ambiente com essa menina tão amarga.

Saio da sala, fazendo tudo que eu tinha pra fazer, descer os mais velhos para aula, ver se a tia já tinha preparado o almoço e agora estava indo chamar os pequenos para comerem.

Paro na porta, ouvindo várias risadas lá de dentro.

Lulu: Mais tia aurora eu quelo um pincipe quelia nome de picesa igual o seu.

Aurora: Príncipes são bobocas, princesas são mais legais e mais fortes, não influenciando vocês claro que não, mais você não precisa de homem, você pode ser forte por si só.

Pedrinho: Mais eu sou príncipe tia.

Aurora: não generalizando, vocês são príncipes mais tem outros que estão mais pra feras. — ela riu.

Ela sabia sorrir e não ser grossa, provavelmente iríamos ter um dilúvio, bati na porta colocando a cabeça.

— Licença tia Aurora — falei sorrindo para as crianças — Alguém quer comer aqui ou a fome de vocês ficou no castelo?

Gean: Só mais um pouquinho titia bru. — ele juntou as mãozinhas.

— Tudo bem pra você Aurora? — olhei pra ela.

Ela concordou com a cabeça, voltando a ler.

Gean: Pera aí tia Rora, você gosta de princesas? — ele colocou a mão no queixo pensativo.

Cruzei os braços na porta vendo ela olhar pra ele, sim ele era o que mais fazia pergunta cabeluda.

Aurora: É… eu gosto de princesas. — ela segurou o riso. — Igual você.

Me fazendo rir silencioso, olho pro corredor ficando séria em seguida.

— Bora comer ? — chamei a atenção deles.

Gean: Volto com mais perguntas tia Rora. — ele fez cara de sapeca, saindo correndo.

— Sem correr Gean, bora turminha, tio Luan está esperando vocês bora bora bora bora — vi eles saindo, alguns beijando ela.

Lulu: Txia leva no colo. — ela fez bico pra aurora, que pegou ela, saindo da sala.

Fiquei arrumando a sala já que almoço quem dava era o Luan e a Luana, irmãos que também trabalhavam aqui.

Herança do Crime - Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora