Cento e sessenta um

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Ariel | Sereia

Os últimos 4 meses foram difíceis, incertezas, medos, traumas, dificuldades e um vazio enorme, todos esses sentimentos viviam dentro de mim, e a ausência do Gustavo era triste.

Desses 4 meses não teve um dia que não fui vê-lo, inclusive a bolsa da Ariela estourou do ladinho dele, e foi assim que ela nasceu no hospital, bem diferente do irmão.

O Gael me afastou do cargo dizendo que eu não estava bem mentalmente para comandar nada, e pela primeira vez eu concordei, o morro precisava de mim mas antes dele, meus filhos eles precisavam mais de mim, aliás eles só tinham a mim.

Se eu falar que não sinto falta, estaria mentindo. Mas tem prioridades e sempre será eles, agora entendo perfeitamente o meu pai, entendo o porque ele sempre nos coloca acima do morro.

O morro da pra recuperar, mas a família, a família não.

O primeiro mês passei na casa dos meus pais, e eu sabia que não era incômodo mas eu precisava ter minha vida, e foi tão confuso, chorar eu chorei por diversas vezes, ser sensível eu me permitir ser, por mais que eu tivesse apoio porque a Analu veio ficar comigo alguns dias, Aurora e Bruna, e até a Alice, eu não tinha ele e isso doía demais.

Receber a ligação foi a coisa mais incrível que pode ter acontecido, eu simplesmente custei a acreditar e vim correndo.

Ele estava igual antes nem parecia tudo que tinha acontecido, porém um tanto mais magro, ele não conseguiu falar mas a médica disse que foi pelo tempo que ele ficou entubado e que ele precisaria de fisioterapia, tudo estava bem nele porém ele precisaria da fisioterapia pelo tempo que ficou internado e acamado.

Meu coração só se acalmaria quando ele estivesse em casa, voltei pra casa feliz pois tinha deixado a Ariela com a Analu e o Hariel estava na escolinha com o Lohan.

Abro a porta, sentindo o cheirinho de bebê exalando em casa, suspirando aliviada pela primeira vez.

— Tem uma neném cheirosa aqui — falei colocando a chave no aparador do lado do sofá — Nalu?

Analu: Oi, estou aqui. — ela colocou a cabeça para fora da porta da cozinha. — Com a mini companhia dormindo.

— Prima era só pra cuidar dela, eu ia dar um jeito na casa quando chegasse — fui para a cozinha vendo a mini cópia do Gustavo dormindo no carrinho.

Analu: Eu não estava fazendo nada. — ela deu os ombros, desligando a panela.

— Ele acordou prima, ele falou que ama — falei suspirando de alívio.

Analu: Como ele está? — ela sorriu, vindo me abraçar. — Te falei, Ariel. — o sorriso dela foi gigante pra mim.

— Bem debilitado ainda né, mas tá falando bem bem fraquinho, saiu dos aparelhos já, aí Nalu que medo — falei abraçando ela.

Analu: Agora vai ser só vitória. — ela sorriu pra mim, me abraçando com força. — Logo ele estará em casa e vocês estarão igual cão e gato.

— Eu não vejo a hora de acordar com ele naquele grude insuportável dele, ele reclamando da minha bagunça — suspiro pensando é acho que eu sou doida por ele.

Analu: Logo mais estarão assim mesmo. — ela riu.

— Ouvi por cima daquelas puta falando, que ele terá que fazer muita fisioterapia — falei olhando a Ariela dormindo tranquila.

Analu: Pelo tempo que ele ficou parado... — ela me olhou. — Mas o importante é que vai voltar prima.

— Vou ter que ligar para senhora sua mãe — falei rindo — vou deixar mulher perto dele não.

Ela da risada, me olhando.

Analu: e quem que vai querer ele? — faz cara de riso, erguendo a sobrancelha.

— Minha mãe já falou que teve umas enfermeiras que deram em cima do meu pai e não lembra a piranha que deu em cima do Gustavo não, dando o telefone pra ele quando a gente terminou? — ela falou rindo.

Analu: Suspeito. — ela fez careta. — Bem feinho ele.

— Analu me poupa, você namora o tripa seca do Gael, tudo bem não tão seca mas seca vai — falei rindo.

Analu: Já reparou no tamanho dele? — ela gargalhou. — Ele quase não passa na porta.

— Agora com a cabeça mais fresca, você tá noiva? — olhei para a mão dela.

Analu: estou casada. — ela sorriu, me mostrando a mão.

— CASADA? tipo casada mesmo? Como assim Analu Perrini — falei empurrando o carrinho para a sala.

Analu: Casei no cartório. — ela sorriu, vindo atrás de mim.

— E não contou pra ninguém? — falei surpresa.

Analu: Mal tivemos tempo prima. — ela sorriu. — Estamos viajando a trabalho que mal falei com a família.

— Ana você casou, meu Deus, a Liz e o Dante já sabem? — falei curiosa.

Ela negou, sorrindo sem graça.

Analu: Ainda não contei.

— Seu pai vai pirar já sabe né? O primeiro amor da vida dele — sorri pra ela.

Analu: Vai. — ela suspirou.

— Tá feliz com o fuinha do Gael? Ele é diferente de todos nós prima — olhei pra ela.

Analu: Estou, até demais. — ela sorriu. — diferente como!?

— Ele não é parecido com nenhum de nós, mas na verdade ele é a junção de todos nós, entende? Ele é príncipe, todo educadinho e chefe — falo rindo.

Analu: Ficou difícil resistir a ele. — ela riu. — uma mistura de tudo.

— Logo você que tinha o boy que quisesse, mas se apaixonou pelo primo que não é primo, que loucura, ô família que ama ficar com parente, não sendo parente — dou risada.

Analu: Na verdade eu não sou da família. — ela riu. — Mas tá tudo entre família e não tem erro. — gargalha.

— Você foi a primeira neta do senhor Caos, vai falar isso pra ele — falei rindo.

Analu: Ainda não to maluca. — ela negou, fazendo careta.

— Ainda bem que sabe, meu pai vai se aposentar e isso me gera sentimentos confusos — falei pegando a Ariela.

Analu: De que? — ela me olhou.

— A hierarquia dos morros do meu pai, vai ficar pra mim? ou pro Bernardo? será que eu tô pronta? — falei olhando.

Analu: Já perguntou pra ele?— ela me olhou.

— Meu pai sabe o melhor, sempre soube prima, então o que ele decidir é o melhor né — sorri.

Analu: então acalma o coração boba.

O papo com a Analu era bom me fazia espairecer um pouco diante de toda situação que eu estava vivendo, e eu queria ele em casa.

Herança do Crime - Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora