Cento e três

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Aurora 🏳️‍🌈

Hoje era festa do dono das perguntas mais bizarras do orfanato sim ele mesmo Geanzinho.

Passamos o dia fazendo as coisas com as crianças e agora estávamos decorando do jeito que ele queria.

— Me passa a tesoura por favor. — murmuro baixo.

Bruna: Falou comigo ? — ela falou comigo depois de um tempo sem se falarmos.

— Uhum, a tesoura.

Ela colocou a tesoura na minha mão, se afastando pro outro lado da sala.

Estava tudo estranho sem nos falarmos.

Balanço a cabeça negando e corto os desenhos do Naruto pra por na parede.

Ela tinha feito as mechas tinha cortado as pontas do cabelo e tava linda pra caralho.

Bruna: Ai merda — vi ela murmurar baixinho sacodindo a mão.

— Que foi? — levanto rápido indo pro lado dela.

Bruna: Cortei meu dedo mas tá tudo bem Aurora — ela tinha comentado que tinha agonia de sangue.

Respiro fundo, enrolando pano no dedo dela.

Os olhos dela encheu de lágrima e ela estava olhando pra cima.

Bruna: Ai que droga tá doendo — ela sussurrou.

— Respira, fica calma. — assopro o dedo dela.

Bruna: Eu sinto sua falta — ela falou baixinho.

Engulo em seco, respirando fundo várias vezes.

— Vai… v-ai passar. — enrolo o dedo dela de volta, mordendo o lábio com força.

Bruna: Você não sente falta da gente Aurora? — ela olhou pra mim depois de um tempão — Eu estou dando seu espaço mas eu sinto desculpa.

— Eu sinto Bruna, só que está sendo melhor assim… não faz ser difícil, por favor. — olho pra minha mão segurando a dela, soltando devagar.

Bruna: Não parece que você sente — ela falou olhando nos meus olhos pegando minha mão de novo.

— Eu sinto mais, tá bom… assim. — tento soltar a mão dela.

Bruna: Aurora você me evita, não olha pra mim, isso me machuca — ela falou baixo — E não tá bom pra ninguém.

— O que você quer Bruna? — olho nos olhos dela.

Bruna: Você — ela falou me olhando — Perto de mim de novo...

Sabe aquela frases “ O que te dão com uma mão, tiram com a outra? “

Foi exatamente isso que aconteceu agora, que eu sorri grande e no restante da frase sobrou um enorme carranca.

— Não da Bruna. — passo a mão no pescoço.

Ela engoliu seco abaixando a cabeça.

Bruna: Eu vou me afastar de você pra sempre Aurora, e isso vai me ferir — ela abaixou a cabeça.

— eu prometo tentar ser sua amiga, pode ser?

Bruna: Não se afasta de mim, eu sinto sua falta e eu gosto de você perto de mim mesmo chata — ela sorriu pra mim.

— Tá. — sorrio fraco.

Bruna: Me dá um abraço ? — ela alisou minha mão.

Abraço ela rápido, tentando me soltar mais rápido ainda.

Bruna: Para sua chata me abraça direito — ela deitou a cabeça no meu ombro.

Passo as mãos nas costas dela, agoniada pra soltar logo mais ela não deixava.

Ela deu um beijo no meu ombro me soltando.

Bruna: Não vou te forçar a ficar me abraçando, já notei que você não quer — ela sorrio sem graça, me soltando ajeitando o cabelo cheiroso dela.

— vou voltar, a cortar. — pego os desenhos, cortando nervosa.

Ela ficou no canto da sala com o dedo enrolado mas toda hora me olhando, o que me fazia querer perguntar, continuei cortando as coisas olhando ela .

— O que foi Bruna? — a olho agoniada. — O que você quer perguntar?

Bruna: Só queria dizer que você tá linda — isso me pegou um pouco por que só eu elogiava a Tamires.

— Ah….obrigado Bruna, você está linda também. — murmuro com vergonha.

Bruna: Ainda quer fazer a mecha comigo ? — ela veio pra perto de mim.

Eu estava deixando uma distância considerável dela, já que ela chegava perto e meu coração acelerava parecia que ele ia parar….

— Eu quero sim. — falo baixo, cortando os desenhos ainda.

Bruna: Deixa eu vê — ela veio perto de mim — Na frente? ou no meio do cabelo?

— Na parte toda de trás, embaixo e duas na frente. — olho pra ela.

Bruna: Jura? Seu pai vai te matar não vai? — ela passou a mão no meu cabelo me encarando.

— Eu converso com ele depois. — o toque dela me arrepiava.

Bruna: Vai ficar linda — ela colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — Não precisa ficar tímida...

— Eu não estou. — passo a mão no cabelo.

Ela desceu o olhar na minha boca desviando muito rápido.

Bruna: Então você terminou? — ela deu um passo pra trás.

— E-eu? Terminei o que? — sinto meu coração acelerar e minhas mãos suarem.

Bruna: De cortar os desenhos, a gente precisa se arrumar — ela sorriu pra mim.

— os desenhos. — sorrio sem graça.

Bruna: Vamos preciso lavar esse dedo — ela me olhou.

— Pode ir eu termino. — Começo a colar na parede, respirando fundo. 

Estou me sentindo sufocada.

Herança do Crime - Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora