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Hayden Grayford.

São 22:40, o relógio está parado em hora exata. Posso ouvir os passos, os degraus rangir com seu peso sobre eles, está começando tudo de novo. " Hayden...vem cá filho", sua voz ecoa no corredor, meu corpo se arrepia, a dor já começou, isso dói, eu não quero, de novo não...me tira daqui. Morto, ele está morto " não, eu não estou. Eu voltei para pegar o que é meu! ".

- Não, saia. Sai daqui! - meu grito se prende a garganta me sufocando, eu não consigo gritar, eu não posso gritar, Summer está no quarto ao lado. Olho para o canto do quarto e meus olhos se prendem na figura loura sentada, esperando a porta se abrir, me olhando de forma contente. Seu show irá começar. Um sorriso nojento se prende ao seu rosto e eu cerro os punhos, o ódio, a vergonha corre em minhas veias, mas o silêncio continua.

A cama se afunda, eu sinto sua presença, sua pele roçar a minha, me encolho desesperado. Não, isso é um pesadelo, acorda Hayden...seu toque me atinge, tão vivido como nunca.

Não, não pode ser... Me solta, me solta. Para está doendo, para. Me tira daqui, amor me tira daqui. Me soltaaa.

*****

- Me tira daqui, me tira por favor...me solta, eu não quero - ouço sussurros, esfrego os olhos vendo a cama vazia, franzo o nariz olhando ao redor, não vejo nada, o escuro do quarto não colabora, mas não consigo acha-lo.

- Hayden? - observo o escuro e desço meus olhos ouvindo-o fungar, desesperado, aflito, encolhido contra a parede ao lado da cama. Aí meu Deus. Rolo para perto do mesmo - Hayden, sou eu! - falo em tom manso, acariciando seus cabelos, mas minha mão é segurada firmemente e ele me olha. Fixo meus olhos nos seus, enxergando apenas o vazio, igual na outra noite.

Ele ainda está dormindo, sonâmbulo.

- sai, me solta. Por favor! - implora.

- shiii, sou eu. Consegue me ouvir? - seus olhos param em mim sem se mexer, como se lá no fundo começasse a me ouvir, sentindo minha presença. Ele não está agressivo, como na última vez. Ele vira a cabeça, me solta e abraça os joelhos tremendo, tremendo muito.

- amor, me tira daqui...ele está aqui - sua voz sai como em um sussurro. Ele está chamando por alguém? - Quira! - ouço meu nome em outro sussurro.

- Hayden, acorda meu bem - sacudi seu corpo com cuidado para não assustá-lo ainda mais, mas ele apenas fica em silêncio, como se deixasse tudo acontecer enquanto sofre calado, seu corpo treme. Suspiro. Ok, calma - Hayden, sabe de uma coisa, eu também tinha pesadelos, sabia? Todas as noites, como um lupim infernal, assim como você está agora...mas eu lembrava de você - as lágrimas escorrem por meu rosto, sabendo que não posso fazer nada por ele, ele fez por mim e não posso retribuir - eu pensava em você, no quanto foi maravilhoso dormir com você naquela noite, foi tudo tão puro e sem maldade. Eu focava em sua voz, no seu cheiro, no jeito que eu me lembrava de você. Foca na minha voz meu amor, você consegue me ouvir! Hayden sai daí, vem para cama, meu amor! - chamo por ele. Sua respiração descompassada cessa um instante - Hayden, volta para cama, amor! - chamo acariciando seus cabelos, ele pisca uma vez, depois de segundos pisca de novo acordando. Seus olhos atordoados vem para mim, sem entender o que está havendo, como se apenas dormisse. Ele vira o olhar para o chão pensativo com o que sonhou, aperta as mãos em punhos - acordou, gatinho?! - acaricio seu rosto secando as lágrimas.

Ele me olha fixamente, sorri para ele acariciando seus cabelos.

- vem cá, vem! - chamo e ele olha para a cama confuso com o porquê de estar no chão. Ele cerra o maxilar me olhando de forma fofa, com os olhinhos brilhantes, rolo para a direção opostas, dando seu espaço novamente. Vejo-o se erguer e subir na cama novamente, ele me olha como se quisesse algo, exita por um momento, olho-o calma, mostrando o quão tranquila estou com isso. Confesso achar muito fofo e se ele não sofresse por isso, amaria ver ele tão frágil e fofo mais vezes, parece um neném, diferente do homem decidido e forte de sempre, sinto que essa parte dele é só minha. Ele me analisa e suspira, puxando-me para perto, me dando um beijo, rodeando minha cintura.

Silênt nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora