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Dez dias depois.

— Hayden? — chamo, colocando minha bolsa em cima da cama. Me sinto cansada, depois de 15 dias no hospital, finalmente tivemos alta. Já não aguentava mais ficar olhando para as paredes, mesmo com Hayden no mesmo cômodo, mal conversávamos.

Nem sequer tocamos mais no assunto de nosso filho, a notícia que recebemos de meu ultrassom foi o último golpe perfeito. Havia sinal de duas gestação, eu realmente estava grávida de gêmeos.

— oi? — aparece no quarto, com As no colo, mesmo que doa pegá-lo já ele ainda não se recuperou, mas nem sequer demonstra.

— Posso retirar a cinta já? — questiono erguendo a blusa, vendo pelo espelho a cinta que me foi colocada ainda na sala de cirurgia, já está tão fixa em meu corpo que estou começando a achar que é minha pele.

— eu te ajudo a tirar! — assinto. Me aproximo, dando um beijo em As e olho para Hayden, esperando um também, mas não ganho.

— tia Quira, por que você está dodói? — sorri desviando meus olhos de Hayden, para o pequeno garoto. Ele abre os bracinhos pedindo o meu colo, o abraço para pegá-lo, mas Hayden impede.

— Asafe, tia Quira está...

— deixe! — ele me olha fixamente em dúvida e o solta, seguro ele firme, As rodeia as pernas em minha cintura, causando uma enorme dor. Dou dois paços até a cama, me sentando com ele em meu colo, evitando o risco de cair com ele — tentaram me machucar meu amor, mas o papai, tio Spenser e a tia Liz me protegeram.

— tipo super-heróis? — sorri acariciando seus cabelos.

— tipo super-heróis! — ele olha para o pai com os olhinhos brilhantes e um sorriso bobo.

— quando crescer, quero ser corajoso e inteligente como o papai, legal igual você e cuidadoso igual a mamãe — diz determinado.

— você só tem cinco anos, não se preocupe em ser igual a nós, meu amor! — ele assente.

— É, mas eu queria ser bom em alguma coisa. Já sei, e se eu for bom cuidando dos outros igual o papai, um médico? — olho para Hayden deitado na cama, apoiado no braço, nos olhando tranquilo — ou bom irmão, não quero ser um bom namorado, mulheres dão trabalho, sem ofensa — dou risada.

— acha a mamãe complicada? — Mel pergunta, entrando no quarto.

— um pouco, mas isso é bom mamãe. Por exemplo, se você fosse a coisa mais fácil do mundo, não seria interessante — franzimos as sobrancelhas, ele realmente tem razão — mesmo assim, não quero namorada, mas queria uma irmã. Me dá uma irmã ou irmão? Não tenho preferência de qual dos dois, nem qual das duas, o pai seria o mesmo e a mãe boa de qualquer forma. Seria legal, me dá mais um irmão mamãe ou tia Quira?

Olha para ele com um sorriso bobo, ele é uma criança tão inteligente...mas eu não consegui lhe dar irmãos.

— Asafe, não...

— tudo bem, Mel! — Hayden adverte em que tudo bem, mas pede o menino, o entrego e ele faz Asafe o olhar — filho, não tem como sua mamãe lhe dar um irmão comigo — ele faz biquinho.

— por que não? — pergunta, abraçando o pai — porque você não é meu pai bichologico? — Mel me abraça em consolo — você pode dar um bebê a ela, não pode? Prefere tia Quira? — Hayden para um instante, parecendo cair num precipício da dúvida. Ele não quer desvalorizar a sua mãe para o pequeno garoto, mas também não pode dizer que vai fazer um filho com ela.

— olha As, eu amo sua mãe, mas o que ela é minha?

— irmã?! — Hayden assente.

— filhos nós fazemos com parceiras não consanguíneas, tipo tia Quira, ela é minha parceira para essas coisas. Sua mãe, ela minha parceira para coisas de irmãos, o meu amor por ela é do tamanho do mundo, mas de uma forma especial. Por isso você não é meu filho de sangue, mas é de onde?

Silênt nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora