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Aquira Garden.

Tempo atual...

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" Estamos livres, raio de Sol! " — Ele me disse isso através de um bilhete por cima de uma caixa de presente com laço na qual eu tinha e nunca usei, mas ele sim, achou uma utilidade maior colocando as mãos de meu pai como um presente. Vi as mãos que tanto odiava ali, bem em minha frente, inúteis e sem me oferecer riscos, não mais. Ele tinha razão, não brincou com o fato de que ninguém tocaria no que é seu. Era apenas isso que me restava dele na época, sem nome ou despedidas, mesmo com raiva de não poder dar um último abraço e me despedir, sabia que era o melhor na época. Ele não se despediu, talvez fosse melhor de fato. Ele me libertou, mas agora nossos fantasmas do passado nos assombram. Movo os dedos sobre minha pele, sentindo a pequena cicatriz cravada e mordo os lábios lendo a carta de intimação deixada em minha porta

" Intimação para prestar depoimento sobre a morte de Arthur Garden, destinada à Aquira Sunshine Garden ".

Droga.

Conversar com minha mãe foi estranho, fazia tempo e confesso admirar sua força para suportar o fardo de esperar a morte tranquilamente, mas sei que ela sabe de algo. Suspiro fundo.

— você terá que depor, amiga? — Sam questiona e eu assinto, parada frente à minha porta — mas você não sabe de nada, só dizer. Sei que não gostava dele, sinto muito — me abraça.

Mel apenas me olha, apreensiva também.

— está tudo bem, quem não deve, não teme, né?! — meu deboche é capitado apenas por Mel. Suspiro fundo destrancando a porta do meu apartamento, Arqueio a sobrancelha vendo Morgana e Rary, que estão sentados no sofá da sala abraçados, eles nos olham e se afastam imediatamente. Cerro os olhos, mas apenas bufo olhando para o chão, pensando em apenas levar tudo para dentro, são muitas sacolas.

— uiii, senti o clima — Sam grita arrastando as minhas sacolas — pelo menos não estavam fudendo, imagina que visão do inferno — Mel me olha e dá uma risadinha. Que vergonha, ela quase me viu hoje.

— cala boca, Summer — Morgana rebate rindo. Eles vêm em nossa direção ajudando com as sacolas.

— no meu quarto, por favor! — peço para meu irmão que as pega de minha mão e me dá um beijo na bochecha, em cumprimento.

— essa eu não conheço, quem é? Caramba, ela me lembra alguém...— Morgana questiona.

— disse a mesma coisa — Sam.

— Melanie, mas pode me chamar de Mel — diz timidamente.

— ela é quenga igual a nós — Sam diz e dou risada concordando.

— adorei, precisávamos de gente nova, não aguento mais essas duas, só a Liz que eu suporto — Morgana.

— vadia! — faço dedo do meio — inclusive, cadê ela? Já acabou o trabalho, ela está fazendo hora extra? — questiono.

— vou ligar para ela — Morgana.

— ligar para quem? — meu irmão questiona voltando para a sala, depois de deixar o resto das sacolas no quarto.

— Liz.

— ela está lá embaixo, acabei de ver pela janela, ela passou para buscar Flora,  provavelmente o motivo da demora — avisa e eu me alegro em ver minha filha.

— vem cá Mel, vamos assaltar a geladeira da Quira e falar mal dela pelas costas — Morgana agarra a mão da mesma, levando-a para cozinha.

Sento-me no sofá analisando a carta, suspiro fundo. Não quero ir depor, e se me fizerem perguntas que não sei responder? Dizem que mentira tem perna curta, se eu acabar falando algo errado pode ser prejudicial.

Silênt nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora