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Ligo o flash e a localização para Liz, se eu precisar ligar para ela. Ele não me parece tão confiável agora, não o suficiente para me chamar para a porra do meio do mato.

Calma Aquira, é ele, seu demônio da guarda, não vai lhe fazer mal.

Passo por várias pessoas se pegando nos cantos das árvores, escuto gemidos, ofegos e palavras obscenas por todos os cantos, aquilo revira meu estômago.

Sigo pelo GPS a localização exata do filho da puta. Ele não pode desistir, não agora, não depois de tudo que fiz.

Me afasto rumo ao centro da floresta atenta a qualquer barulho, mas a cada passo, menos tem. A música está se tornando mais baixa e o silêncio da floresta me dá arrepios. Jogo meu flash ao alto vendo as estruturas secas e cascos vazios das árvores, algumas sem folhas, apenas rangendo com o soprar do vento...

— aí caralho... — levo a mão no peito fitando meu pé que esmaga um galho seco. Quase morri com o barulho. Suspiro fundo me aproximando cada vez mais do destino...— ouço outro barulho de galho quebrando, mas agora de trás de mim. Paraliso. Mas antes que eu me vire ou processo a ideia, sou pega pelo pescoço e arrastada até ficar contra uma árvore. Tento gritar, mas a mão grande tampa minha boca, meu celular cai no chão, me debato sendo prensada contra a árvore por um corpo enorme e forte. Encaro os olhos azuis mal iluminados pela escuridão, ou por estarem tão frios. Meu celular caira no chão e faz uma meia luz.

— você só pode estar me zuando sua desgraçada, eu mato você e te enterro junto! Acha que vai me ameaçar, mas devo dizer que não sou solidário com traíras, piorou com putas gananciosas. O que quer? Dinheiro, agora que sabe quem eu sou? É isso né — rosna e eu o olho sem entender. Antes que eu precisasse morder sua mão para ele tirar de minha boca, ele retira me deixando falar, seu olhar é pura raiva.

— você está louco? seu doente — suspira sem paciência apertando ainda mais meu pescoço — você quem me mandou mensagem, como sabe que estou aqui? — pergunto sem ar tentando tirar sua mão, mas nem mexe.

Seu olhar altera para confusão. O que está havendo?

— você me mandou mensagem falando que quer se entregar, para de brincadeira, está me machucando...seu doente babaca — ele afrouxa a mão e eu puxo o ar fortemente.

— como assim, está tentando me fazer de idiota? — pergunta ainda com raiva — a mensagem, cadê? — pergunta e eu empurro seu peito para que se afaste, não adianta nada, ele nem se move.

— meu celular caiu, preciso pegar — esbravejo e ele cerra os olhos, então dá um passo para trás. Ele é muito alto, parece uma das árvores. Me abaixo fazendo que a impressão de que ele está crescendo aumente — você me mandou uma mensagem, tenho certeza — pego o celular.

— não, você mandou — acusa e Franzo o nariz — oh, merda — Ele olha em todas as direções — se não fomos nós, foi alguém — entrego meu celular para ele com a mensagem aberta, sentindo um frio percorrer minha espinha. Ele lê e cerra o maxilar.

— recebi isso, só você saberia do lago hoje — nos olhamos e nossa ficha cai — tinha mais alguém lá.

— é tinha, e a probabilidade de ter mais alguém aqui é grande! — taca o flash em todas as direções, mas não dá para ver ninguém — porra, isso não é nada bom.

— o que você recebeu? — questiono.

— uma mensagem dizendo " curta e admire enquanto há tempo, será a última coisa que fará antes de ir prezo. Vou contar para a polícia, mas primeiro quero um acordo. Um que não propus no lago, me encontre na floresta " — nego com a cabeça assustada, definitivamente não fui eu —  você estava com o celular na mão e saiu para cá em seguida. Impossível não ter sido, em minha cabeça.

Silênt nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora