Dou um passo para trás atordoada, sentindo meus lábios até inchados com o beijo quente e que com certeza não deveria ter acontecido. Coro diante seu olhar, me espraguejando por isso, aperto as mãos em punhos e fecho os olhos contendo a raiva.— você não deveria ter feito...— ele me interrompe com outro beijo, arregalo os olhos empurrando seu peito — Hayden, você não...— me cala novamente, paro de falar irritada.
— diz, o que eu não posso? — beija meu pescoço com seu sorrisinho sínico.
— eu quero socar você! — digo me afastando e sentando-me, cruzo os braços em revolta, e ele senta-se também — já disse que não rola mais nada, então pare com isso!
— você retribui e depois vem brigar? Que sacanagem raio de Sol, você está brava, mas não dá para negar que ama meus beijos — arquei a sobrancelha olhando para a cidade de cima.
— O seus? Não, da na mesma com qualquer outro, inclusive seu amigo me beijou — digo o que provavelmente ele já sabe — será que Spenser também quer? Aí já fecho o trio.
— que baixa! — dou de ombros — gostou do beijo dele?
— É, talvez — digo, de fato ele beija bem, mas não deu para uma avaliação muito profunda, eu o empurrei rápido demais — inclusive ele beijou sua irmã, o que acha disso? — ele relaxa sob o assento — uuh, você já sabia claramente, por que eles brigam tanto?
— Kaiky é meu amigo desde que me entendo por gente, assim como Spenser, me lembro de nós com dois anos de idade, animados com a notícia de que minha irmã viria para casa, mal sabíamos o que significava, só achávamos que seria tipo mais uma amiga para brincar — escuto com atenção — mas quando Sam chegou eu me encantei, meu bebê, aqueles olhinhos azuis é uma gracinha, mas com Kai foi diferente.
— diferente como? — questiono curiosa.
— ele literalmente paralisou quando pegou ela no colo, com apenas três dias de vida. O seu instinto protetor começou primeiro até mesmo do que o meu, quis pegá-la no colo novamente, ficar com minha irmã, mas ele não deixou, nem mesmo meu pai, disse que quem a tirasse dele morreria. Poderia ser apenas uma criança dizendo, mas ao decorrer do tempo seu olhar foi mudando e a proteção aumentando, como um cão pronto para atacar a qualquer momento — ele sorri de canto — não foi só por mim que meu tio nunca tocou nela, Kai conseguia impor o medo que nunca consegui colocar nele, sabia que a maior cobrança se fizesse não era minha, sim dele e acredite, Kaiky é muito mais do que um bad boy e drogado, ele é bem...cruel, quando quer.
Caramba...isso é um choque.
— como ela nunca reparou isso?
— ela não se lembra. Kai sempre foi seu favorito, quando chegávamos da escola ela corria para os seus braços, não os meus, amava vê-lo jogar e enquanto crescia mal respirava toda vez que ele entrava no cômodo. Porém, ele sabia que era fodido demais mentalmente para ela, as merdas que ele faz não podem envolvê-la.
— mas ele não tem nenhum problema — ele dá um olhar sem humor, desvia seus olhos para o amigo do outro lado, abraçando sua irmã e suspira — o que houve?
— sabe por que ele é o que eu mais me identifico, Quira? — nego entretida no sorriso do garoto louro e que acaricia os cabelos de Sam — ele não é como Spenser que apenas imagina a dor, Kaiky sabe como ela é, a nossa foi sexual, a dele foi física e psicológica, ele também teve seu inferno particular. Só me tornei médico por ele, odiava vê-lo machucado e não saber ajudar, sempre uma marca diferente, ele dizia que caia, mas adivinha Quira, eu também caia muito na infância — a sua angústia é transparente.
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Silênt nigth
Mistério / SuspenseAquira Garden não planejava viver sua vida como um eterno segredo, mas foi inevitável. Aquela noite tudo mudou bruscamente, não somente sua vida diária, mas seu ponto de vista também. Se existir mesmo anjo da guarda com certeza é ele, mas suas armad...