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Hayden Grayford.

Sinto o olhar frequente de Quira em mim, me observando e se lamentando pela merda que fez. Eu realmente estou irritado com ela, melhor dizendo, chateado. A coisa que eu mais odeio é hipocrisia e ela é frequentemente hipócrita. Injusto me cobrar honestidade, quando nem si mesma sabe ser honesta com os outros.

Zil viu a maior vergonha de toda minha vida, eu não queria que ninguém me visse daquela forma, eu disse isso à ela, mesmo assim me ignorou e decidiu sozinha o que devia fazer, desobedecendo minha ordem e mentindo na minha cara. Afinal, estou sendo tão injusto em ficar bravo?

Eu cansei de correr atrás, sempre lutando por desculpas e fazê-la entender o meu jeito. Eu não devo explicar meus pensamentos, para uma pessoa que não explica os dela. Mesmo com tudo isso, não serei hipócrita, sei que já menti e a magoei muitas vezes, não é como se eu culpasse somente ela, mas se ela me quiser, vai ter que lutar por isso.

— Tá pensando demais, desistiu foi? — Kai pergunta, se sentando na mureta ao meu lado. Ele balança as cervejas em sua mão, estendendo uma para mim e um cigarro. Pego ambos, levando a garrafa até a boca — o que houve?

— nada que seja da sua conta! — dou uma tragada, ele me dá uma olhada e um sorrisinho de canto.

Isso me irrita.

— você sempre foi assim, sabia? — inicia, distraio meu olhar para mostrar que eu não estou nem aí para seu papo. Fixo meus olhos em Liz e Spenser abrindo presentes, ela sorri feito criança para todos. Morgana mexendo no celular concentrada, cerro os olhos e miro em Quira, conversando com Mel e Rary — você sempre fugiu de uma conversa, quando é você quem está chateado. O que me intriga, o que de tão ruim a Srta Aquira Garden pode ter feito, para que não olhasse na cara dela à noite toda?

Reviro os olhos. Me recuso a responder e entrar em seu joguinho.

— sinceramente, não sei o que ela lhe fez, mas...acho que se arrepende. Se for ignorar esse fato, lembre-se, uma mulher consegue ser pior que um homem provocando, ela só ainda não descobriu — olha em direção a Quira e meus olhos automaticamente vão junto — Você pode escolher entre, foder ela com raiva, ou como forma de perdoar, mas só não consegue dizer que acabou.

Cerro o maxilar olhando-a seriamente. Ouço sua risada sútil, o vejo dar um gole na cerveja e uno as sobrancelhas.

— Você só sabe dar conselhos bosta? — me olha em diversão.

— não, eu escolho ser mais divertido. Sou um noiado, não psicólogo — o olho em humor — um noiado que te faz sorrir, dá um sorrisinho para mim vai...— tromba nossos ombros me sacudindo. Nego e ele me olha em falsa revolta — cadê meu sorriso, HayHay? — me chama pelo apelido cafona que ganhei. Seguro a risada, ouvindo a sua de fumante — fodasse, vou ter que apelar — rodeia os braços em meu pescoço, enchendo meu rosto de beijos. Tento sair, mas ele me prende — era saudades disso, meu gatão?

— deixa de ser viado Kaiky, sai fora — ele ri, se prendendo à mim.

— viado não, menina legal, de peito, bunda e pau. Sou bonita, sou boneca, só não tenho perereca — diz e eu não resisto, caindo na gargalhada.

— aff, te odeio — me solta rindo. Dou um gole em minha cerveja e ele faz careta.

— odeia nada. Aliás, te vi no treino hoje — arquei a sobrancelha — você voltou a jogar sério, milagres acontecem. Vai estar focado igual hoje, no campeonato?

Silênt nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora