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Passei o dia todo fugindo de Spenser, igual capeta corre da cruz, mas o destino não coopera comigo, no final, caímos no mesmo quarto. Ele me provocou durante o dia e fazia questão de ser a minha sombra. Sempre tinha uma fuga, mas agora, a porta se fechou e ele se vira para mim, cruzando os braços e um sorriso diabólico surge em seus lábios.

— Elizabeth Mendons ou devo dizer Grayford? — cerro o maxilar — uau, você é mais doce com eles do que foi comigo, qual o preconceito? — diz se aproximando.

— nenhum! — digo baixo. Ele para em minha frente e toca meu cabelo, deslizando os dedos em uma mecha e olha em meus olhos.

— você combina mais com o ruivo! — diz e eu pisco duas vezes, tento dar um passo para trás, mas ele segura minha cintura, me colando contra seu corpo. Paro as duas mãos em seu peito — você cresceu muito bem — diz contra meu pescoço e me dá um beijo, minhas pupilas tremulam e eu perco o foco por um segundo, mas o recupero em um instante. Subo a mão por seu pescoço e aperto, fazendo doer — Ai ai solta, sua louca! — diz e eu aperto.

— você continua galinha! — ele se solta e se afasta massageando o pescoço.

— e você continua agressiva e grossa comigo — diz e um sorriso sutil brota em seus lábios — eu adoro isso, senti até sua falta — investe.

— sério? Não ligo — minto e ele se joga na cama, me olhando.

— disso eu duvido, Liz — me dá um olhar galante e eu arrepio. Eu também duvido — enfim princesa, vi no celular de Hayden uma vez o nome Zil, Liz invertido é meio clichê, não? Agora que sei seu nome, ficou óbvio — implica.

— que tal eu inverter sua cara? — retruco.

— geralmente eu é quem bato, mas mulher agressiva deve ser um luxo.

— você bate em mulher? — finjo que não entendi sua clara malícia e ele me olha fixamente.

— jesus, enfim...— pensa no que ia falar — seu plano, já começou né?

— sim, e você vai entrar nele — arqueia a sobrancelha.

— vem me contar aqui pertinho, então — abre os braços e faço dedo do meio — aff, vem cá mocreia, tá fugindo de mim o dia todo. Eu não mordo não... só se você quiser! — diz e eu olho passivamente.

Reviro os olhos e me deito com ele, seus braços me rodeiam e eu coro. Spenser afunda o rosto em meu pescoço e me abraça.

— pode falar, minha ruivinha! — diz tranquilo.

— Eu...eu...— não consigo formar uma frase sequer, devido sua proximidade, suspiro fundo e endureço. Zil, seja somente Zil com ele Elizabeth — Aquira não tem culpa, mas está jogando também, não quero machucá-la.

— ainda dá tempo de voltar atrás meu amor, ninguém saberá que é você, e Hayden será um ótimo irmão se você contar a verdade e dar uma chance — minha raiva borbulha e ele me mantém no lugar.

— você está aqui para me julgar ou não? — ele suspira, me dando um pequeno beijo, no pescoço.

— não, não estou, meu amor.

— que bom, preciso da sua ajuda para uma coisa só — digo e ele me ouve com atenção — finja amar Quira, e seja meus olhos em campo.

— como assim, fingir amar a Quira? — pergunta.

— fácil, vai lá e dá um buquê de flores, fala que ela não merece ele e blá blá blá. Somente para não levantar suspeitas, a respeito de eu não querer machucá-la e que ela o largue, seremos o alibe um do outro também.

Silênt nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora