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Uma semana depois

Entro na grande reta, sinto o vento pressionar meu corpo para trás e acelero mais um pouco sentindo a velocidade eletrizar meu corpo. Olho para o lado vendo a beira do grande mar azul, onde tudo parece não ter fim...o vento do carro passando colado à mim me faz voltar ao foco e piso na embreagem.

Inclino meu corpo para frente, relaxando meus músculos e inclinando a moto, tanto que quase posso sentir o chão roçar meus tornozelos na curva íngrime. Aciono o controle da casa, ultrapassando os portões da grande mansão. Estaciono retirando o capacete e caminho rumo à porta da frente, cruzo o corredor completamente iluminado pelas clarabóias, os rodapés de cerâmicas brancas refletem a claridade e os espirais que enfeitam as paredes colidem com o charme das lamparinas.

— Hayden? — ouço a voz de meu pai e paro à frente de seu escritório, olho para dentro da sala grande, vendo-o focado em seus papéis através da fresta da porta, sem nem sequer me olhar — venha aqui, estava à sua espera! — cerro os olhos e entro, fecho a porta sentando-me sem fazer questão de postura alguma.

— o quê fiz dessa vez, pai? — questiono já prevendo a bronca, meu pai nunca foi de chamar apenas para bater um papo.

Seu olhar sobe para mim e me analisa.

— você me parece cansado! — reviro os olhos.

— me chamou só para isto? — ele nega.

— não acho que sua irmã não tenha falado, mas Allan está a solta, sem nenhuma supervisão, pode querer vir atrás de você, sabe como é seu irmão.

— sei, o quê têm ele? — ele suspira. Nada bom vem daí.

— Allan está mais desequilibrado do que nunca filho, nunca entendi qual era o problema dele. Porém estava sob controle, mas depois da briga de vocês ele, não é o mesmo. Você e Quira podem estar correndo riscos, não elimine o fato de que ele cometeria um atentado contra sua vida, ou a dela.

— eu nunca eliminei, vocês quem diziam ser só uma fase — debocho — quer que eu faça o quê? Quem não deu as palmadas quando precisou, foi você.

— Não use seu deboche comigo, Hayden! — olho-o com insignificância — Quira, cuide dela — bufo com falso humor.

— pelo jeito você está desinformado mesmo, já que ela não aparece nem para dizer se está viva há um mês, não sei se tem muito o que eu fazer.

— não importa, quando ela aparecer faça o que sempre faz — diz com ironia sútil em provocação — atormente ela e não deixe ninguém se aproximar. Não deixe suas briguinhas de casal arruinar sua reputação, se acontecer alguma coisa e arruinar o nome da família, será culpa de vocês — diz sério — e vá tomar um banho e dormir, você está acabado. Esses plantões ainda te matam! — Arqueio a sobrancelha.

— dispensado? — debocho e ele movimenta a mão em dispensa. Me levanto saindo sem paciência.

— Hayden? — paro na porta — te amo filho, papai tem e sempre teve orgulho de você! — abaixo meu olhar e fecho a porta.

Quando souber que não sou eu seu filho de verdade, ainda pensará assim, pai?

Caminho pelo corredor direto para o quarto de minha irmã, bato na porta e espero sua resposta, mas nada vem. Encosto minha cabeça no batente da porta sem paciência alguma para demora, bato novamente quase derrubando sua porta.

— pode entrar! — ouço o grito de Morgana vindo provavelmente do closet. Abro a porta vendo Liz sair e sorri para mim timidamente.

— oi Hayden, bom dia! — aceno com a cabeça em oi.

Silênt nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora