capítulo 1 - igual a mim

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Caminho pelos corredores silenciosos e escuros, iluminados apenas por um freche de luz que vinha da cozinha

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Caminho pelos corredores silenciosos e escuros, iluminados apenas por um freche de luz que vinha da cozinha. Estou sozinha, enfim. Não acho isso uma coisa negativa, adoro o silêncio e tudo o que ele me trás, segundos antes de ser devastado, dominado pelas vozes que me atormenta, elas não param.
Dou mais alguns passos para dentro do ambiente iluminado, que erradia segurança, mesmo que eu saiba que os monstros não atacam só no escuro. A luz atinge meus olhos com mais força e eu suspiro, sentindo a brisa da enorme janela entrar pelo ambiente. Não sei o que fizera aberta, não costumo deixá-la assim, mas de qualquer forma, sigo em sua direção, puxando sua dobradura em um baque surdo, um pequeno rangido se forma em seguida. Com certeza precisa passar óleo, lubrificar seus eixos enferrujados.
Dou meia volta olhando a pequena cozinha por inteiro, ainda prefiro a de lá de casa. Vou até a geladeira, apanho uma maçã em temperatura gélida, do jeito que gosto, dou um mordida e inclino a cabeça para o lado, admirando a escuridão através da janela de vidro maciço que abara de ser fechada. Gosto da noite, mas fora do meu quarto, lá sempre é invadido por um monstro aproveitador.

São 23:30, mamãe ligou há uma hora para conferir se estava tudo bem, ficamos conversando por uma hora seguida, não que eu quisesse. Minha mãe tem um dom imensurável de tirar o que resta da minha paciência, achei que com a pequena viagem de três dias deles eu teria paz, e como sempre, me enganei. Ela ligou para me dizer que eu tenho que jantar, que eu preciso ser organizada, que eu trato minha doença como se não fosse nada, que estou ficando uma criança muito mau humorada e etc. Lógico que não discuti, apenas ouvi, enquanto ela se descarregava, sempre é assim, discutir é inútil. Meu pai quem a interrompeu, disse que já estava na hora de eu dormir, que eles me amavam e que está com saudades. Claro que está.
Suspiro pesadamente, sentindo meu ar faltar, preciso pagar uma brisa fresca. Apago a luz da cozinha, ascendo o flash do meu celular e caminho pela escuridão, até o lado de fora da pequena residência. Estou aqui temporariamente, me mudo para uma nova cidade assim que eles chegarem, ou seja, amanhã à noite. Encostou a porta da cozinha, passando pela janela, porém do lado de fora agora, segue até a grande rede de pano reforçado e se deita.
Adoro essa rede, mas confesso que tudo é escuro, e macabro. Há tochas falsas, que são acendidas por lâmpadas, em vez de fogo, mamãe acha arriscado, no fim eu concordo.
Puxo uma grande lufada de ar, admirando as estrelas, ao mesmo tempo atenta a pequena porta dos fundos que interliga o lote vazio ao lado, servindo como uma pequena passagem, mas que só se abre pelo lado de dentro.

Fito o trinco em minha direção, verificando o mesmo trancado. Mas não sei se ficará assim por um grande tempo, minha curiosidade está atiçada com um barulho discreto que ouvira lá de fora. Passos, ofegos desesperados, coisas arrastando. Quem é? O que faz aqui há essas horas?
As perguntas rondam minha mente e o medo se instala, mas por algum motivo, eu não fujo, não corro e me escondo como minha mãe me instruiu desde que me lembro, suas ordens eram claras, martelam em minha mente.

" em qualquer situação de possível perigo, corra para o lugar seguro mais próximo, se tranque, ligue para a polícia, para mim ou seu pai, e então, aguarde o socorro em silêncio"

Silênt nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora