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Terminamos o banho, pegamos um roupão limpo e o vestimos antes de se jogar na cama e ali ficar por um tempo, mexendo no celular. Eu estou esperando uma resposta, ou pelo menos algo que alivie essa ansiedade que habita em mim. Está difícil encarar Hayden depois do que fiz, eu sei que se ele descobrir, vai ficar com raiva, eu ficaria.

Não vou deixá-lo saber.

Não tem como Zil fazer igual fizemos e pegar o vídeo, foi visualização única, mas isso não esconde o fato de que agora já está sabendo. Eu tenho realmente a dúvida de se ela já sabia, mas prefere acreditar que não, ou passa pano para isso, mas há uma certeza, a certeza de que pelo menos um deles sabe e mesmo assim não faz nada, para convencer sua parceira a parar com isso. Qual o motivo de tanta insensibilidade? Deve odiá-lo  muito, ou apenas ser cruel.

E você Zil, quão cruel você é? Ou melhor, quem você é?

•••

Sinto meu pescoço ser beijado, me despertando de meu sono com paciência.
Abro meus olhos atordoada, Hayden deita a cabeça sobre minha barriga, me olhando tranquilo, acaricio seus cabelos, fechando os olhos novamente com preguiça.

— você realmente tem sono pesado, estou tentando lhe acordar há dez minutos — diz calmo, eu sorri de canto esticando os braços — comprei sua insulina, amor.

— hum rum...— concordo ainda raciocinando lento — a neve?

— está sol lá fora! — arqueio a sobrancelha — não está sentindo nada?

— tava com tanto sono, que acho que não... só sede, pega água para mim?

— então você está, sede é um sintoma! — me dá um selinho, antes de se levantar e ir pegar uma garrafinha no frigobar.

— que horas são?

— 16:34 ia te chamar para o almoço, mas não rolou — o olho, vendo-o apenas de calça e o peitoral nú. Ele me traz a garrafa, senta-se ao meu lado com o glicosímetro, coloca a fitinha, pega a lanceta e para a mão, encaro sua mão em processamento. Dou um gole em minha água, encarando sua mão, sem entender, é para pegar? Hayden dá uma risada sútil, pegando minha mão, virando e furando meu dedo, pressionando o sangue na fita.

Dou risada, entendendo só então.

— 45! — sussurra para sí mesmo, calculando o quanto vou precisar, pegando a seringa. Ele enche, ergue minha blusa e aplica — ainda arde muito? — curiosidade em seu tom, nego.

— acostumei — assente.

— e eu achava chato ter asma — brinca.

— ainda não entendo como você joga basquete — ele inclina a cabeça em " sei lá, também" — inclusive, o seu campeonato está chegando! — ele sorri de canto, parecendo animado — hum... tá animado agora, é?

— sempre gostei de competir e o que estava me distraindo, já resolvi — sinto a indireta.

— você vai quando? — ele pensa um pouco a data.

— " Nós " vamos daqui uma semana — Franzo o nariz, mas me lembro que fizemos um acordo de que eu iria o acompanhar.

— ok — digo — vamos voltar? — aponto para a janela, seus olhos deslizam para lá e ele assente.

Silênt nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora