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Compras? O que iremos comprar?

Irei apenas seguir Mel, ela sabe. Eu nunca realmente parei para fazer compras feita às patricinhas de filmes adolescentes, sejamos realistas, sou pobre. Sempre comprei só o básico.

— vem cá, Quira — me chama e eu a sigo até seu quarto, é muito bonito, às paredes pintadas de rosa bebê e branco formando um lindo degradê;  um  lustre cristalino cai do teto em uma cascata, cama de casal enorme, penteadeira com espelho grande e repleto de maquiagens; um sofá extenso, espreguiçadeira embaixo da janela, tapete de pelinhos e ursos de pelúcia em uma estante.

— coleção? — questiono e ela senta-se frente a penteadeira camarim.

— sim, eu peguei um para todas às vezes que fui para Disney, era um sonho meu e nunca pude cumprir, até eu conhecer o Hayden, ele me levou em tudo que eu queria e me ensinou o que é liberdade.

Que fofo.

— e como foi depois daquilo para você Mel? — ela pensa limpando o rosto e preparando a pele para a maquiagem. Me sento em sua cama olhando-a.

— sendo sincera, foi muito rápido a parte que nos conhecemos até a morte do meu pai, eu estava empolgada em ver meu irmão e era completamente inocente, eu só percebi o quanto eu poderia me arrepender também no carro, enquanto o esperava — presto atenção — eu fiquei com Às a noite toda afundada no medo, ansiosa pela volta de Hayden, cada minuto era como trinta anos. Claramente eu comecei a duvidar, sempre fui sozinha, ele não, pensei que ele poderia facilmente não me querer por já ter Summer e ir embora, não tinha garantias de que ele voltaria.

— achou que ele te abandonaria, depois do crime? — ela concorda.

— sim, eu temi há cada segundo que se eu continuasse lá e a polícia descobrisse, ele poderia jogar a culpa apenas para mim e se safar, todos fariam isso, mas Hayden não. Ele me disse que se até o sol nascer ele não tivesse voltado, era para fugirmos e encontrar Kai, ele me ajudaria sem questionar. O dia estava amanhecendo e cada vez mais meu peito se apertava, eu tava tendo certeza que aquela hora ele já estava preso e sendo julgado. Amanheceu por completo, o dia estava raiando e as pessoas começaram a sair de suas casas, vi que já era há hora e tive que sair chorando por deixá-lo, dei dois passos antes de ser puxada para trás e ouvir: vai aonde sem sua outra metade, em? — ela sorri largamente presa em lembranças.

— E então daí para frente foram flores — suponho devido há eles terem uma boa convivência aparentemente.

— hum hum — balança a cabeça em negação — mesmo comigo Hayden é fechado às vezes, principalmente no começo, ele cuida de mim, mas era um pouco receoso e eu fiquei paranóica. Eu sempre me encontrava pensando " E se ele for ruim, igual nosso pai e quiser se aproveitar de mim uma hora? " — diz frustrada com a possibilidade — mas ele conversou comigo, prometeu nunca me tocar intimamente, nem me olhar de outra forma. Ele nunca descumpriu isso. Com o tempo eu fui me abrindo com ele e ele do jeito dele fez o mesmo comigo, tem coisas que eu não sei até hoje sobre ele, mesmo assim confio.

— que legal — ela assente.

— foi engraçado ele ter que aprender a lidar com outras duas pessoas, eu sempre fui muito animada mesmo que triste, Às chorava demais, éramos o terror do Hayden. Porquê ele adora paz, principalmente na época que ele tava na faculdade e estudava 24 horas — dá risada — mesmo assim ele fez questão de me ajudar com Às, achei que ele só ficaria de boa e esqueceria, mas não, disse que se era meu filho era dele também, eu não seria mãe solo e jamais desamparada. Ele nunca me deixava acordar à noite, sempre dizia que cuidar do neném à noite era obrigação do pai, porque a mãe cuidava o dia todo, tava cansada e não nos faltava nada nunca! Inclusive é verdade o cansaço, se um dia vocês tiverem filhos, vai ver, ele será um ótimo pai — pisca e eu coro. Observo a mesma clicar em um botão e simplesmente abrir o espelho revelando diversas perucas de todas as cores e tamanhos.

Silênt nigthOnde histórias criam vida. Descubra agora