Capítulo 24

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— Eu me sinto culpada por isso — disse Patricia.

— Ora, Minha Garota, não pense assim.

Ela não falou nada. Apenas focou seus olhos na estrada, enquanto íamos para casa. Eu tinha acabado de tirar os pontos da sobrancelha, depois de dez dias. Contei a verdade ao meu pai. Que tinha bebido todas e inventei de lavar o carro com Don. Ele riu da minha cara, enquanto mamãe, morreu de preocupação e perguntou que tipo de namorada eu tinha, que não se deu ao trabalho de me levar ao hospital. Quanto a isso, ela me viu com Patricia, quando estávamos saindo; fomos direto do trabalho para lá.

Eu estava cansado de manter isso oculto dos meus pais. Eles viam que eu estava feliz demais e eu tinha certeza de que não se importariam com o fato de termos sete anos de diferença. Vi minha sobrancelha pelo espelho retrovisor e lá estava a cicatriz. Suspirei e liguei o som, a fim de quebrar o clima tenso entre nós dois. Entretanto, nenhum de nós estava atento a isso.

Claro que Patricia se culpava. Ela me assustou, mas a questão é que eu tinha feito a merda de encher o chão de espuma querendo lavar o carro. Eu admito que eu tinha passado dos limites. Não sei onde estava com a cabeça quando pensei em jogar sinuca apostando vinho.

Paty abriu a porta da garagem, entrou com o carro e estacionou. Ela saiu, como se estivesse sozinha. Deixei-a ir e então saí do carro. Suspirei e sentei na escada. O que eu poderia fazer com relação à isso? Passei um tempo ali, pensando.

Entrei e encontrei Paty arrumando a bolsa. Ela já havia tomado banho. Tentei não me desesperar com isso e me aproximei dela.

— Aonde vai?

— Vou ao supermercado e já volto. — Ela me deu um beijinho. — Eu te amo.

— Eu te amo.

Paty pegou a bolsa. Estava de calça jeans e regata. Ela acenou e saiu. Aproveitei e fui ao banheiro, tomar uma ducha. Estava cansado, com fome e louco para dormir.

Me vesti e a campainha ecoou. Saí do quarto e fui atender.

— Mãe, pai! — disse, surpreso ao abrir a porta e os encontrar. — O que fazem aqui?

— Soubemos que sua namorada estaria por aqui — disse mamãe, entrando. — Queremos conhecê-la. — Ela beijou minha bochecha e sentou no sofá.

— Por que não me avisaram que estavam vindo? — indaguei, fechando a porta. — Eu vou preparar o jantar.

— Vou com você, querido. — Ela levantou e me seguiu até a cozinha.

Meu pai apenas observava o galpão, analisando a estrutura, disso eu estava ciente. Seus cabelos grisalhos estavam bem penteados. Era estranho encontrá-lo apenas de polo e bermuda jeans, quando eu estava acostumado a vê-lo sempre de terno e gravata. As marcas da idade estavam visíveis, mas ainda assim, meu pai não deixava de arrancar suspiros de garotas com a idade de Patricia, idade de serem suas filhas.

— Quem disse a vocês que minha namorada estaria aqui? — perguntei, pegando o pacote de espaguete.

— Joanne. Ela e Donny vêm jantar conosco. — Mamãe lavava as mãos. — Eu realmente gostei dessa construção. — Admitiu, finalmente.

Quando mamãe soube que eu ia morar num galpão, ela surtou, dizendo que eu deveria morar num apartamento, pois nenhuma mulher ia querer morar num lugar assim. Era bom saber que eu a havia surpreendido.

Acabou que mamãe fez o espaguete e eu cuidei do molho à bolonhesa. Papai apenas falava de trabalho comigo, enquanto secava a garrafa de vinho. Suspirei. Eu tinha que contar a eles.

Amiga da Minha IrmãOnde histórias criam vida. Descubra agora