Capítulo 48

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Olhei a hora no meu relógio pela milésima vez e passei a mão no rosto. Patricia deveria ter chegado ao galpão há cerca de trinta minutos. Claro que eu já lhe liguei. Diversas vezes. Entretanto seu celular caía na caixa postal. O fato de ouvir sua voz na gravação não tranquilizava em nada o meu coração e se eu caminhasse mais um pouco diante daquele sofá, eu seria capaz de abrir um buraco e cair sobre meu carro. Olhei a hora na tela do meu celular e quase o derrubei quando a campainha ecoou. Larguei-o sobre o sofá e corri até a porta.

Meu coração perdeu algumas batidas quando encontrei Minha Garota aos prantos, soluçando, com um policial atrás dela. Desesperado, envolvi-a num abraço apertado, onde ela chorou mais. Afaguei seus cabelos.

— Meu Amor, o que houve? — Afastei-a para olhar o seu rosto.

— Ela reagiu a um assalto — disse o policial.

— O quê? — Meu tom foi tomado pela preocupação. — Onde você se meteu, Garota? — Abracei-a novamente.

— Ela disse que se perdeu — respondeu o homem.

— Você se machucou? Ele fez algo com você? — Voltei a afastá-la a fim de examiná-la.

Ela apenas balançou a cabeça, negando, o que me aliviou um pouco. Apertei-a ainda mais em meu peito e senti minha camiseta colar, ciente de que eram as lágrimas dela.

— Desculpe, mas, eu posso saber a idade dela? — perguntou o moreno, lembrando-me da sua existência.

Senti Patricia ficar tensa e ela se afastou, virando-se para o policial.

— Co-como? — Soluçou. — O que o senhor está insinuando? — Soltou de uma vez.

— Patricia, entra. — Pedi, colocando as mãos em seus ombros e tentando colocá-la para dentro.

— Claro que não. — Eu senti o ódio em sua voz. — O senhor está insinuando o quê? — Seu tom era seco. — Que o meu noivo é um pedófilo? Para a sua informação, eu tenho vinte anos. — E cruzou os braços.

— Documento, por favor. — Pediu.

E antes que minha noiva fosse presa por desacato à autoridade, eu me apressei a pegar da sua bolsa e entregar a ele.

— Queria ver se o ladrão tivesse levado. — Agora era de desafio.

— Ele teria sido preso — respondeu, analisando o documento.

Eu colocaria minha mão no fogo afirmando que Patricia ficou mais chocada que eu.

— Eu o processaria por constrangimento. — Rebateu, cruzando os braços, em desafio.

— Acho bom controlar a sua namorada, antes que eu a prenda. — Ele me olhou. — Esse documento é original?

— É muito atrevimento. — Seu tom soou estridente.

Eu a coloquei para dentro e a fiz sentar no sofá.

— Fique aqui, por favor. Não quero que passe essa noite na cadeia. — Patricia fechou a cara e eu voltei para junto do policial. — Desculpe. Ela acaba de reagir a um assalto. — Prendi os lábios numa linha rígida.

— Dessa vez passa, senhor...

— Jones. Paul Jones.

— Certo. — Ele me devolveu a carta de habilitação da Minha Garota. — Tenha mais cuidado com ela, senhor Jones.

— Eu terei. Obrigado.

Ele desceu as escadas e entrou na viatura. Eu fechei a porta e Patricia se jogou eu meus braços novamente, voltando a chorar. Abracei-a forte, beijando sua cabeça e suspendi seu corpo em seguida. Paty enroscou as pernas em torno de mim. Sentei com ela no sofá, sequei suas lágrimas e retirei sua bolsa, jaqueta e ela me abraçou.

Amiga da Minha IrmãOnde histórias criam vida. Descubra agora