Capítulo 74

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Talvez o tempo estivesse ao nosso favor. Ou eu estava adorando pensar assim. Os meses passavam numa rapidez surpreendente, o que era uma grande maravilha, pois em breve Patricia e eu estaríamos nos casando e passando duas semanas longe da mãe dela. Blake não havia facilitado nada em nossas vidas, decidida a transformá-las num verdadeiro inferno. Coisa que ela fazia sem muito esforço. Talvez ela fosse uma enviada do demônio, porque nunca vi pior. Se bem que eu acho que o demônio deve estar aprendendo com ela.

Mesmo há poucas semanas do nosso casamento, Patricia continuava morando no apartamento com Dakota, que voltara de viagem; ela fora trabalhar exatamente na Inglaterra, um mês depois de Dexter ter ido e parece que rolou algo por lá. Eu só não tinha certeza. Até porque, o que cada um deles fazia da sua vida, era problema única e exclusivamente deles.

Patricia e Joanne estavam, quase sempre, cuidando de uns ajustes. Eu apenas não tinha ideia do que era. Havia saído algumas noites com meus padrinhos: Donny e Theo, marido da amiga da Patricia. Claro que tivemos encontro de casais em certos fins de semana e foi muito divertido.

Eu já havia provado meu smoking mais vezes do que gostaria, e isso só me deixava mais ansioso. Estava contando os dias como um criminoso que anseia em ter a sua liberdade. Porém, no meu caso, era para, finalmente, ter a Minha Garota para o resto da minha vida.

Os momentos que tivemos juntos, somente eu e ela, foram incríveis. Vimos alguns filmes de romance e eu tentei não dormir, jogamos vídeo game no modo cooperativo, mas ela era quem comandava, fomos a alguns eventos de jogos, onde ela detonou com a cara de muito marmanjo que se achava o rei do Xbox ou do PS4, a alguns shows e, definitivamente, eu estava, a cada dia que se passava, mais apaixonado por ela.

Era uma sexta-feira e estávamos vendo Orphan Black na Netflix. Era fim da terceira temporada e Patricia estava praticamente para morrer de ansiedade. Eu tinha que admitir que o trabalho da Tatiana Maslany era impressionante. A mulher chegou a interpretar 11 personagens totalmente diferentes. Essa eu aplaudia de pé.

Quando, enfim, acabou, Patricia soltou um muxoxo.

— Podemos ver a quarta? — Ela se afastou somente o suficiente para me olhar por sobre o ombro.

— Eu estou com a vista cansada, Baby. — Afaguei o seu braço. — Desculpe.

— Pudera. Estava trabalhando.

— Paty, vamos passar duas semanas no Brasil. Eu não posso deixar trabalho acumulado.

— E precisa trabalhar três horas depois do expediente e fins de semana?

— Desde que ninguém da empresa me procure durante nossa lua de mel, sem sombra de dúvidas. — Beijei sua testa.

E ela solta outro muxoxo, mal humorada.

— Tudo bem. — Patricia se afasta ainda mais, indo para o outro lado do sofá.

— Veja sem mim. — Levantei e me espreguicei, fazendo uns ossos estalarem.

— Não tem graça.

Segui em direção ao quarto, onde fui ao banheiro e lavei o meu rosto. Levantei a tampa e o acento da privada e Patricia entrou; eu não tinha privacidade para certas coisas, mas nem me importava.

— Você não tem vergonha de estar aqui dentro enquanto eu mijo? — Apelei para a palavra feia, porém, ela pareceu não se importar.

— O que vamos fazer agora?

Dei de ombros, desci o acento e a tampa e dei descarga.

— Não temos muito o que fazer às sextas-feiras. — Lavei as mãos.

Amiga da Minha IrmãOnde histórias criam vida. Descubra agora