Capítulo 27

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— E aí, como foi lá em Nova Iorque? — perguntou Joanne, assim que nos encontramos e ainda no aeroporto.

— Uma bosta — disse Patricia, sem rodeios.

Jo me olhou e eu dei de ombros. Ia deixar que Paty falasse o que ela quisesse. Eu estava com muito sono. Só dormira duas horas e passei a viagem inteira tentando descansar, mas foi impossível. Pelo menos para mim. Caminhei em silêncio, enquanto Paty e Jo conversavam.

— Ei, mané. — Don me abraçou.

— Diz aí, otário.

Ele ri. Colocamos nossas mochilas no porta-malas e entramos no carro; fui ao lado do Don.

— E aí, o que tem a dizer de Nova Iorque? — perguntou ele.

— Não aja como se eu nunca tivesse ido lá. — Revirei os olhos.

— Você já foi? — perguntou Paty.

— Já. Na época da universidade... — Dei de ombros. — Fui visitar uns amigos...

— Ah.

Eu fechei os olhos, aproveitando que estava de óculos escuros. O sol estava se pondo e as meninas voltaram a conversar. Eu sentia Don me olhar, apesar de estar prestando atenção na estrada. Revirei os olhos e os abri e retirei os óculos.

Eu vi os ombros do Don sacodirem, enquanto ele ria.

— Jo, qual é o problema do Don? — Virei para olhá-la.

— Vai dar atenção a esse mané — resmungou.

Don parou diante do galpão. Saí do carro de imediato e abri a porta para Paty. Ela sorriu para mim e me deu um beijinho. Peguei nossas mochilas no porta-malas, subimos a escada; abri a porta e encontrei meus pais sentados no sofá. Bem previsível. Indiquei que Paty entrasse e fui logo atrás, sendo seguido pela minha irmã e Don. Sentei no sofá, ao lado deles, largando as mochilas aos meus pés.

— E então, como foi? — perguntou Christie, eufórica e esperançosa, enquanto Paty se acomodava em meu colo.

Como entraram aqui? Simples. Joanne. Sem dúvidas ela tirou uma cópia das chaves da Minha Garota.

— Pior momento da minha vida — disse ela.

— O que houve, querida? — Sua expressão mudou bruscamente.

— Eles não são mais da minha família.

— Calma, Paty. — Afaguei o seu braço.

— Você os ouviu, Paul. — Ela me olhou.

— Quer nos dizer o que houve? — Insistiu mamãe. — Tivemos uma noite tão boa na sexta-feira...

— Quem me dera que ela nunca tivesse terminado. Não sei de onde tirei a ideia de que ia ser bom.

Paty começou a contar o que aconteceu apenas no apartamento dos tios, que na verdade, era dela agora.

— Amanhã estarei entrando com contato com um advogado — falei, quando ela terminou.

— É bom. Porque não adianta chegar lá com ordem de despejo e acabar sendo um documento falso ou sem valor algum — disse papai. — Faremos o possível por você, querida.

— Obrigada, Kevin. Vocês têm sido mais da minha família do que os de sangue.

— Você é da nossa família, querida, antes mesmo de começar a namorar o Paul e sabe disso. — Mamãe segurou sua mão.

— Obrigada, Chris. — Paty sorriu para ela.

— Bem, acho melhor irmos — disse papai. — Paul parece cansado.

Amiga da Minha IrmãOnde histórias criam vida. Descubra agora